Manuscrito
Paris, 13 de julho de 1867.
Senhorita,
Recebi a carta que a senhorita gentilmente me escreveu e estou muito feliz com as consolações que encontrou na doutrina espírita e por contá-la entre os seus adeptos sinceros e dedicados.
Lamento ter que lhe desiludir sobre o fato que me informa, mas, como a senhorita diz, sua fé está tão solidamente assentada para que ela não se sinta atingida por desapontamentos. Todos os médiuns a isso estão expostos; são as provações para o julgamento e a modéstia deles, a fim de que não tenham a presunção de se acreditar infalíveis; e que procurem se esclarecer: para tal os bons Espíritos sempre fornecem os meios. Com efeito, ao ser convidada a se dirigir diretamente a mim, a senhorita tem condições de conhecer a verdade. Se tivesse sido desencorajada por essa pequena mistificação, então os bons Espíritos julgariam suas convicções muito superficiais e a abandonariam.
Primeiramente, eu lhe direi, senhorita, que não sou prussiano. O nome Allan Kardec, é verdade, não é meu patronímico, mas é francês como eu. Depois, foi-me provado, por fatos autênticos, que seria supérfluo detalhar aqui, que eu não fui senhora [...] e que, consequentemente, não fui eu quem se comunicou consigo.
Quanto ao manuscrito do senhor seu pai, eu o recebi, mas, como lhe informei, não sabendo a língua italiana, pedi a um de nossos amigos para examiná-lo e me relatá-lo. As ocupações dele, unidas à extensão desse trabalho, ainda não lhe permitiram devolvê-lo a mim; ele me informou que o entregará daqui a alguns dias, e então me apressarei em dar minha opinião ao senhor seu pai.
Eu pedi a um de nossos bons médiuns que evocasse a senhora sua mãe, cuja comunicação transmito-lhe a seguir.


Paris 13 juillet 1867.
Mademoiselle,
J’ai reçu la lettre que vous avez bien voulu m’écrire et [je] suis très heureux des consolations que vous avez trouvées dans la doctrine spirite et de vous compter au nombre de ses adeptes sincères et dévoués.
J’ai le regret d’avoir à vous désabuser sur le fait que vous me signalez, mais, comme [vous] le dites, votre foi est assez solidement assise pour qu’elle n’éprouve aucune atteinte de ce désappointement. Tous les médiums y sont exposés, et ce sont des épreuves pour leur jugement et leur modestie, afin qu’ils n’aient pas la présomption de se croire infaillibles, et qu’ils cherchent à s’éclairer, ce dont les bons Esprits donnent toujours les moyens. En effet ayant été invitée à vous adresser directement à moi, vous êtes à même de connaître la vérité. Si vous étiez découragée par cette petite mystification, c’est alors que les bons Esprits jugeant vos convictions trop superficielles, vous délaisseraient.
Je vous dirai d’abord, Mademoiselle, que je ne suis pas prussien. <Le> nom d’Allan Kardec, il est vrai, n’est pas mon nom <patronymique>, mais il est français ainsi que moi. Secondement il m’est prouvé, par faits authentiques qu’il serait superflu de détailler ici, que je n’ai point été Madame [...] et que, par conséquent, ce n’est point moi qui me suis communiqué à vous.
Quant au manuscrit de M.r votre père, je l’ai reçu, mais, ainsi que je l’en ai informé, ne comprenant pas la langue italienne, j’ai prié un de nos amis de l’examiner et de m’en rendre compte. Ses occupations jointes à l’étendue de ce travail, ne lui a pas encore permis de me le rendre ; il m’a informé qu’il me le remettrait d’ici à quelques jours, et alors je m’empresserai d’en donner mon avis à M.r votre père.
J’ai prié un de nos bons médiums d’évoquer Mad. votre mère dont je vous transmets ci-après la communication.