Manuscrito
Médium: senhorita Chedeaux
15 de janeiro de 1864
O Sono
O sono é o reparador do corpo. Sono é o termo empregado para designar o momento em que o corpo cumpre seu trabalho de reparação fluídica.
Eu disse que o trabalho do espírito encarnado era duplo; ele tinha que fazer a matéria progredir e produzir, do mesmo modo que tinha de dominá-la nos efeitos muito violentos de suas paixões sobre o seu moral e, para isso, trabalhá-la e purificá-la.
O fato, porém, de que o espírito deve purificar sua matéria corporal não significa que ele deseje destruí-la; pelo contrário, ele deve zelar por sua conservação.
Por meio do trabalho diário da atividade corporal, os fluidos vitais libertam-se do corpo humano e se disseminam na atmosfera ao seu redor; o cansaço que vocês sentem vem da falta de força produzida por essa perda fluídica. O descanso noturno não é inércia, mas um trabalho puramente corporal durante o qual os fluidos conservados pelo corpo atraem fluidos similares e são completados por eles, pois é preciso equilíbrio para que o corpo esteja em bom estado de vida.
O espírito deve zelar por seu corpo e atrair para si os fluidos reparadores; feito esse trabalho, ele permite que o corpo os absorva e os distribua para os seus diferentes órgãos, a fim de desfrutar, então, de um momento de liberdade. Mas essa liberdade é restrita e depende sempre do estado corporal, como vocês compreenderão.
Ao formar seu corpo material, o espírito uniu a ele seus fluidos perispirituais, que são os agentes das sensações corporais e das sensações espirituais. Se o corpo sofre, o espírito o sente por meio da transmissão perispiritual, e como seu dever é zelar pela conservação de seu corpo, ele busca acalmá-lo, reunindo ao seu redor os elementos fluídicos cuja ausência o faz sofrer.
Como ele, porém, só pode agir em certa extensão atmosférica, já que seus fluidos perispirituais, estando unidos aos fluidos vitais, estão aprisionados e restritos dentro do limite aspiratório, ele não pode ir além dos recursos fluídicos que estão ao seu alcance, e é essa a razão pela qual o sofrimento corporal persiste, apesar dos esforços do espírito. É preciso, portanto, para /2/ acalmá-lo, ajuda externa; mas isso entra na questão da cura, que está fora de nosso tema.
Quando o corpo, com boa saúde e sob condições fluídicas favoráveis à sua vitalidade, permite ao espírito toda a liberdade, este aproveita para unir-se àqueles que ama, ou para vislumbrar suas ações passadas ou aquilo que o cerca.
Paro neste ponto e termino este capítulo para comentá-lo apenas quando tivermos esclarecido bem a função do perispírito.


Méd. Melle. Chedeaux
15 Janvier 1864
Le Sommeil
Le sommeil est le réparateur du corps. Sommeil est le terme employé pour désigner le moment où le corps accomplit son travail de réparation fluidique.
J’ai dit que le travail de l’esprit incarné était double ; qu’il devait faire progresser et produire la matière, de même qu’il devait la dominer dans les effets trop violents de ses passions sur son moral, et pour cela, le travailler, l’épurer.
Mais de ce que l’Esprit doit épurer sa matière corporelle, il ne s’en suit pas qu’il désire la détruire, tout au contraire, il doit veiller à sa conservation.
Par le fait du travail journalier, de l’activité corporelle, les fluides vitaux se dégagent du corps humain et se disséminent dans l’atmosphère qui vous environne ; la fatigue que vous éprouvez provient du manque de force produit par cette déperdition fluidique. Le repos de la nuit n’est pas une inertie mais un travail purement corporel pendant lequel les fluides conservés par le corps y attirent des fluides similaires et se complètent par eux, car il faut équilibrer pour que le corps soit en bon état de vie.
L’Esprit doit veiller sur son corps et attirer vers lui les fluides réparateurs ; ce travail accompli, il laisse le corps les absorber et les reporter dans ses différents organes, et <jouir> alors d’un moment de liberté ; mais cette liberté est restreinte et dépend toujours de l’état corporel ainsi que vous allez le comprendre.
L’Esprit en formant son corps matériel lui a uni ses fluides périspritaux qui sont les travailleurs des sensations corporelles, comme des sensations spirituelles. Si le corps souffre, l’Esprit le ressent par la transmission périspritale, et comme son devoir est de veiller à la conservation de son corps, il cherche à le calmer en réunissant autour de lui les éléments fluidiques dont l’absence le fait souffrir.
Mais comme il ne peut agir que sur une certaine étendue atmosphérique, puisque ses fluides périspritaux étant unis aux fluides vitaux sont prisonniers et restreints dans la limite aspiratoire, il ne peut aller au-delà des ressources fluidiques qui sont à sa portée, et voilà d’où vient que la souffrance corporelle persiste malgré les efforts de l’Esprit. Il faut alors pour /2/ la calmer l’aide <étranger> ; mais cela rentre dans la question des guérisons qui est en dehors de notre sujet.
Lorsque le corps, en bonne santé, se trouvant dans des conditions fluidiques convenables à sa vitalité, laisse à l’Esprit toute liberté, celui-ci en profite pour s’unir à ceux qu’il aime, ou pour jeter un coup d’oeil sur ses actions passées ou sur ce qui l’entoure.
Je m’arrête à ce point et je termine ce chapitre pour ne le répondre que lorsque nous aurons bien éclairci la fonction du périsprit.