Manuscrito

Carta de Julien-Louis Boudet para Amélie Gabrielle Boudet [18/08/1844]

Senhora Rivail

Rua Mauconseil, 18

Paris

[Carimbo de partida] CHÂTEAU-DU-LOIR (71) 19 DE AGOSTO DE 1844

[Carimbo de chegada] PARIS (60) 20 DE AGOSTO DE 44

Domingo, 18 de agosto de 1844.

A tua penúltima carta, minha querida Amélie, chegou bem no momento em que enviei a minha. A tua última me foi entregue exatamente no dia seguinte ao da chegada da senhora Vallot, que veio alguns dias depois para me dar notícias tuas, as quais eram boas, pois ela havia te encontrado, bem como o teu marido, em perfeita saúde. Apenas a pobre Louise estava com problemas de saúde, mas já vinha melhorando; espero que isto tenha continuado e que tu não estejas mais preocupada.

Como disseste que irias ver a iluminação, tua mãe ficou muito preocupada, e tive dificuldade em convencê-la de que és muito prudente para te envolver com os curiosos que foram vítimas do infeliz acontecimento. A senhora Vallot, para nos tranquilizar, disse-nos que tu havias lhe enviado o frasco de xarope de laranjeira no dia seguinte.

A senhora Parvis continua com seu remédio de óleo de bacalhau; ela toma uma colher de manhã e outra à noite e acredita que está melhor. Esse remédio é muito ruim de tomar, principalmente quando não está muito fresco, e ela é obrigada a encomendá-lo de <massi>. Ela só neutralizou o gosto ruim mastigando casca de limão; parece que o efeito é muito longo. O senhor Courcy recomenda que ela o continue tomando até o final do ano.

Como vós, tivemos um tempo péssimo: muito frio de manhã e de noite e sempre chuvoso; desde ontem ele parece estar melhorando, mas a colheita de grãos está sendo feita com dificuldade.

Tu não vais encontrar mais damascos, dos quais nem comemos um inteiro; os frutos de um dos nossos pessegueiros já foram comidos, /2/ mas ainda me resta um que está bem carregado, que não está maduro e que desejo possa esperar por ti. As flores estão desaparecendo, mas as dálias estão em plena floração e muito bonitas. Tu chegarás tão tardiamente que temo que não encontres mais nada; não ouso contar os dias deste ano; será preciso esperar pacientemente o anúncio de tua partida, e provavelmente a tua primeira não me será anunciada; <em qualquer evento>, aproveito aqui uma nota das minhas pequenas tarefas para que não tenhas pressa em fazê-las. Imagino que tu tenhas te livrado do transtorno da festa, mas eis a distribuição dos prêmios que te dará outros; tu vais precisar vir aqui para te tranquilizar conosco.

Não sei se recebeste uma carta anunciando a morte do senhor <Deloizé>, que foi quase súbita na casa do senhor Bretonneau, em Tours, de onde o corpo foi levado a Épeigné, onde sua mãe, que estava muito doente, morreu no dia seguinte. Eles foram enterrados ao mesmo tempo.

As senhoras Savonnières e Stephanie vieram nos ver há oito ou dez dias. Disseram-nos que só ficaram quatro dias em Paris; foram te ver na rua Taranne, mas lá não lhes deram o teu endereço. Elas pensaram que o conseguiriam com a senhora Musset, mas não a encontraram em casa. Elas expressam gentilezas a teu respeito e esperam que tu vás visitá-las.

Também recebemos a senhora Belgarde, há alguns dias, para o jantar; ela é outra que fala muito de ti.

Gostaria de fazer o pagamento ao senhor Desportes pelo atraso de uma anuidade que ainda recebo por ele; não sei se lhe devo oito ou dez anos. Não consigo encontrar nem recibo nem confirmação de recebimento, mas gostaria que fosse pago, por isso te deixei o que recebeste por nós.

Eu ia te pedir pavios para a lamparina, mas ainda tenho uma caixa inteira deles; ficará para depois. O que não posso colocar de volta é um tubo de vidro ou de candeeiro; há mais de três meses venho ajustando-o com papel. Acho que /3/ os dois últimos eram muito pequenos por baixo, por isso o calor os derreteu. Dou-te, em minha anotação, a circunferência da abertura inferior e superior; parece que os de cristal racham mais facilmente com o calor do que os de vidro.

Adeus, minha querida amiga, te abraço; cumprimentos e estima para todos.

Teu pai

B.

]Aos poucos, minha querida amiga, poderemos enfim abraçar-te, mas acho longo esse tempo, especialmente desde o infortúnio que aconteceu em Paris. Não ter recebido nenhuma notícia, nem mesmo da saúde da pequena, fez-me acreditar que estavam todos bem de saúde.

Estou muito bem no momento.

Nota: esqueci 4 gramas de açafrão.

Uma dúzia de fios pretos médios.

Uma dúzia de novelos de algodão branco médios.

Uma caixa de pavios com reflexos, ou seja, com [ileg.].

Rua de Richelieu, nº 4.

Abraço-vos a todos. Tua mãe.

Meu coração.[

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Madame Rivail

18 Rue Mauconseil

À Paris

[Cachet départ] CHÂTEAU-DU-LOIR (71) 19 AOÛT 1844

[Cachet arrivée] PARIS (60) 20 AOUT 44

Dimanche 18 Août 1844

Ton avant-dernière, ma chère Amélie, est arrivée juste au moment où je venais d’envoyer la mienne à la poste. Ta dernière m’a été bien exactement remise le lendemain de l’arrivée de Mme Vallot qui est venue quelques jours après me donner de tes nouvelles qui étaient bonnes, puisqu’elle t’avait trouvée ainsi que ton mari en parfait santé, il n’y avait que la pauvre Louise de mal portante mais qui déjà allait mieux ; j’espère que cela a continué et que tu est tirée d’inquiétude.

Comme tu disais que tu irais voir l’illumination cela donnait beaucoup d’inquiétude à ta mère, j’avais de la peine à lui persuader que tu es trop prudente pour t’être engagée dans les curieux qui ont été victimes du malheureux évènement. Mme Vallot pour nous rassurer, nous disait que tu lui avais envoyé le flacon de sirop d’oranger [d’oranges] le lendemain.

Mad. Parvis continue son remède d’huile de morue, elle le prend une cuillérée le matin et une le soir et croit s’en trouver mieux : ce remède est très mauvais à prendre surtout lorsqu’il n’est pas très frais, elle est obligée de le faire venir du <massi>. Elle n’a neutralisé ce mauvais goût qu’en mâchant de l’écorce de citron, il paraît que l’effet en est très long, M. Courcy lui recommande d’en prendre jusqu’à la fin de l’année.

Nous avons eu comme vous un bien mauvais temps, très froid matin et soir et toujours pluvieux ; depuis hier il paraît se remettre, la récolte des grains s’est faite avec difficulté.

Tu ne trouveras en effet plus d’abricots dont nous n’en avons pas pu manger un entier, un de nos pêchers est déjà mangé /2/ mais il m’en reste un qui est bien chargé, qui n’est pas avancé et que je désire qui puisse t’attendre : les fleurs disparaissent, mais les dahlias sont en pleine fleurs et assez beaux, tu viendras si tard que je crains que tu ne trouves plus rien : je ne m’avise pas cette année de compter les jours, il faut attendre patiemment l’annonce de ton départ et vraisemblablement ta première ne me l’annoncera pas ; à <tout évènement> je jouis ici une note de mes petites commissions pour que tu ne sois pas pressée pour les faire. J’imagine que tu est débarrassée du tourment de la fête et voilà la distribution des prix qui va t’en donner d’autres, tu auras bien besoin de venir te tranquilliser avec nous.

Je ne sais si tu aurais reçu une lettre de faire-part de la mort de M. <Deloizé> qui a été presque subite chez M. Bretonneau à Tours, d’où on l’a rapporté à Épeigné où sa mère était très malade et qui est morte le lendemain, ils ont été enterrés en même temps.

Mmes de Savonnières et Stéphanie sont venues nous voir il y a huit ou dix jours, elles nous ont dit n’être restées que quatre jours à Paris, elles ont été pour te voir rue Taranne où on ne leur a pas donné ton adresse. Elles y croyaient l’avoir chez Mme Musset qu’elles n’ont pas trouvée chez elle. Elles te disent les choses les plus aimables et espèrent bien que tu iras les voir.

Nous avons eu aussi ces jours-ci Mme Belgarde à Diner, elle te dit aussi beaucoup de choses.

J’aurais bien voulu faire payer à M. Desportes les arrérages d’une rente que je reçois toujours pour lui, je ne sais pas si je lui en dois huit ou dix années. Je ne peux trouver ni quittance ni accusé de réception, je voudrais pourtant que cela fût payé, c’est pour cela que je te laissais ce que tu as reçu pour nous.

Je comptais te demander des mèches pour la lampe, mais j’en ai encore une boite tout entière, ce sera pour plus tard. Ce que je ne puis pas remettre c’est un verre ou cheminée de lampe ; voilà plus de trois mois que je le fais aller en le collant avec du papier. Je crois que /3/ les deux derniers étaient trop petits d’en bas, ce qui a fait que la chaleur les a fait fondre. Je te donne sur ma note le rond de l’ouverture du bas et celle du haut ; il me semble que ceux en cristal se fendent plus facilement par la chaleur que ceux en verre.

Adieu ma chère amie je t’embrasse, compliments et amitiés pour tous.

Ton père

B.

]Petit à petit ma chère amie nous arriverons à pouvoir enfin t’embrasser, que je trouve le temps long, surtout depuis le malheur qui est arrivé à Paris, n’avoir reçu aucune nouvelle ni même de la santé de la petite cela m’a fait croire que vous étiez tous en bonne santé.

Je me porte assez bien dans ce moment-ci.

Note oublié 4 grammes de safran.

Une douzaine de <fils> noir moyen

Une douzaine de peloton de coton blanc moyen

Une boîte de mèches à reflets c’est-à-dire avec <ferbant>

Rue de Richelieu n° 4

Je vous embrasse tous. Ta mère.

Mon cœur.[

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