Manuscrito
Senhora
Senhora Rivail
Na senhora Boudet
No Château du Loir
Sarthe
[Carimbo de saída] Paris, 16 SETEMBRO 44 (60)
[Carimbo de chegada] Château du Loir, 17 SETEMBRO 1844, (71)
Paris, 16 de setembro de 1844.
Minha cara Amélie, recebi a tempo tua carta, que me informou sobre tua boa chegada; se não te respondi mais cedo é porque não havia nada de novo a dizer. Hoje mesmo escrevo para te contar algumas notícias, mas nada de [reais] novidades: tudo está em uma calma plácida. O assunto <Biscarel> está no mesmo ponto; o do meu tio ainda espera um financiador; tenho, portanto, algumas esperanças de encontrar alguma solução, e esta semana espero conseguir o dinheiro emprestado ontem como garantia oferecida pelo senhor <M> [ileg.]. Quanto ao estabelecimento, tampouco nada de novo, ainda não há [ileg.] novos alunos para a <volta às aulas>. Eu tampouco ainda tive notícias da senhorita Mérine. Recebi a visita do senhor Dutrou, que foi muito amável e cujo mau humor desapareceu completamente. Madame Honeix também veio para [ileg.] ela foi muito graciosa e me informou que quer que a sua filha fique numa pensão não em Charrone, mas numa casa nos Champs Elysées. Ela assim decidiu porque a filha está grávida e deve levar uma babá para o local; e como elas estão morando muito próximas, decidiram ficar desse lado, ademais tendo o médico aconselhando-as no interesse da saúde da criança.
Como me foram levantadas dúvidas sobre as disposições nos <Mallot>, estive lá no sábado. Mas não foi nada; eles foram muito educados comigo e ainda são perfeitamente dedicados.
Disseram-me, em sigilo, que a senhora Joubert deixa Charonne no dia primeiro de outubro; ela vai se estabelecer sozinha em uma casa em Saint-Ouen, o que não deixará de desferir um infeliz golpe na senhora <Jibuy>. Como não tem diploma, ela procura um emprestado, até que sua filha seja recebida. Consequentemente, foram feitas propostas a este respeito à senhora <Ouradou>, que de bom grado aproveitou essa oportunidade para acrescentar algumas pequenas coisas, e nisso ela ganhou, pois sua intenção não era sair de casa; ela estava apenas procurando tirar o máximo proveito de seu diploma por alguma remuneração; parece que esse comércio é muito mais frequente do que se pensa. Como ela me consultou sobre isso e me disse que ficaria feliz em ganhar 10 ou 15 francos por mês, considerei suas pretensões muito modestas; acreditei que deveria me abrir com ela com relação a nós, principalmente porque não acredito que ela seja capaz de abusar de sua posição e de querer ditar lei; de resto, condições bem cimentadas seriam feitas a esse respeito. Quanto a seu marido, isso não apresenta nenhum inconveniente; ele pode, no momento, fazer o que quiser, mas, uma vez que assine, não poderá ir contra o que foi combinado. Quanto a ela, ficou encantada com a minha proposta e não hesitou em lhe dar a preferência; seja por esse motivo ou por outras considerações, ela deu uma resposta negativa à senhora Joubert, que desejava uma [resposta] muito rápida, tendo outra pessoa em vista. Portanto, como não concordei com ela em nada, temos que esperar seu retorno para discutir o assunto. Disse-lhe, além disso, que foi essa a ocasião que me fez falar com ele sobre o assunto, que tua intenção era de passar no teu exame e que tu poderias fazê-lo perfeitamente; e que acreditava que esse excesso de trabalho, junto com as outras numerosas <ocupações> da casa, não te cansavam muito, embora certo <para obter> <uma> [ileg.] da autoridade, mais tempo do que o normalmente concedido. Em suma, a ela eu apresentei a coisa de um modo que a fez compreender perfeitamente que ela não era necessária e que, ao dar-lhe a preferência, isso era um favor que lhe poderia ser feito.
Devo acrescentar que, nesse caso, ela não manteve contato com a senhora Joubert, que não a conhece. A proposta lhe foi feita pela <bela> irmã da senhora <Chalumet>, a quem ela dá aulas e que por acaso conhece a senhora Joubert.
Essas senhoras vinham com muita regularidade fazer o serviço, que, de resto, não era muito útil, visto que não havia alunos. No entanto, insisti para que elas estivessem lá quando da minha ausência, para atender as pessoas que pudessem aparecer.
Eu estou muito contente com a Julienne; a sua comida não é tão ruim, e ela até tem nisso algumas ideias, e eu não acreditava que fosse capaz. Todos os ladrilhos foram limpos e todas as salas de aula, muito bem lavadas.
Quanto à minha saúde, não posso me queixar. Estou perfeitamente bem, salvo uma pequena fluxão, que não me faz sofrer. Meu tio também está muito bem. Eu creio que esse desconforto surgiu quando senti, no quarto de dormir, uma forte fumigação para percevejos: o cheiro me trouxe tanto sangue na cabeça que logo senti a fluxão. <Nesse dia>, não querendo mais me deitar nesse quarto, deitei-me na cama da Louise.
O espaço me obriga a terminar a carta; não tenho, aliás, mais nada a te dizer: prevendo que tua presença não será indispensável para o início do ciclo letivo, não vejo nenhum inconveniente que tu prolongues um pouco mais a tua estadia e que tenhas um repouso mais <longo> de que tanto necessitas.
Quanto à Louise, imagino que ela se comporta corretamente; peço a ela para dar meus cumprimentos às suas <galinhas>, a quem abraço de todo meu coração, assim como a ela.
Todos aqui só me pedem para te dizer coisas boas, o que me dispensa de ter que enumerá-las.
Adeus, minha cara Amélie, não se esqueça de mim junto aos seus bons pais e creia-me, o teu todo afetuoso
H.L.D.R.




Madame
Madame Rivail chez M. Boudet, prope
à Château du Loir
Sarthe
[Cachet départ] Paris 16 SEPT 44 (60)
[Cachet arrivée] Château du Loir, 17 SEPT 1844, (71)
Paris le 16 7br de 1844.
Ma chère Amélie j’ai reçu en temps utile ta lettre qui m’a appris ton arrivée à bon port ; si je ne t’ai pas répondu plus tôt c’est que je n’avais rien de nouveau à te mander ; aujourd’hui même je t’écris pour te donner de mes nouvelles, mais non pour t’apprendre du nouveau ; tout est dans un calme plat. L’affaire <Biscarel> est toujours au même point ; celle de mon oncle attend le bailleur de fonds ; <j’ai pourtant> quelque espoir d’avoir une solution <et la> semaine pour de l’argent <prêté hier> la garantie offerte par <M[illis.] D[illis.]> [illis.] <Quant> à l’établissement rien de <nouveau> non plus ; il ne <l’a> pas encore <pris> [illis.] de nouvelles élèves pour <la rentrée.> Je n’ai pas encore non plus [illis.] de M.elle Mérine. J’ai eu la visite de <M.> Dutrou qui a été fort aimable et <dont> la mauvaise humeur a tout à fait disparu. M.e Honeix est aussi venue pour [illis.] elle a été très gracieuse et m’a <annoncé> qu’elle <met> sa fille en pension non pas à Charronne, mais dans une maison aux Champs Elysées. Elle s’y est décidée parce qu’elle est enceinte et qu’elle doit prendre une nourrice sur lieux ; et comme ils sont très étroitement logés, ils se sont décidés à prendre ce parti, le médecin le leur ayant en outre conseillé dans l’intérêt de la santé de l’enfant.
Comme on m’avait manifesté des doutes sur les dispositions des <Mallot> j’y suis entré samedi; mais il n’en était rien; ils m’ont fait force politesses et sont toujours parfaitement dévoués.
On m’a confié sous le sceau du secret que M.e Joubert quitte Charonne au <1er> octobre ; elle va prendre une maison pour son compte à St Ouen, ce qui ne laissera pas de porter un coup fâcheux à M.e <Jibuy>. Comme elle n’a point de diplôme <elle> cherche <à> en emprunter un jusqu’à ce que sa fille soit reçue. En conséquence il a été fait à cet égard des propositions à Me <Ouradou> qui avait volontiers profiter de cette occasion pour ajouter quelques petites choses à ce qu’elle <gagna>, son intention n’étant nullement de quitter la maison; elle cherchait seulement à tirer parti de son diplôme moyennant quelque rétribution; il paraît que ce commerce est beaucoup plus fréquent qu’on ne le croit. Comme elle m’a consulté à cet égard et qu’elle m’a dit qu’elle serait contente d’en tirer 10 ou 15 fr par mois, j’ai trouvé ses prétentions fort modestes, j’ai cru devoir lui faire une ouverture pour ce qui nous concerne, d’autant mieux que je ne la crois pas capable d’abuser de sa position et de vouloir faire la loi; au reste on ferait à cet égard des conditions bien cimentées. Quant à son mari, cela ne présente aucun inconvénient; il est disposé en ce moment à faire tout ce qu’elle voudra, et une fois qu’il aura signé, il ne pourra aller contre ce qui aura été convenu. Quant à elle, elle a été charmée de ma proposition et n’hésita pas à lui donner la préférence; soit par ce motif soit par d’autres considérations elle a fait donner une réponse négative à M.e Joubert qui en désirait une très prompte ayant une autre personne en vue. Je ne suis pourtant convenu de rien avec elle ; devant attendre son retour pour en causer plus à fond. Je lui ai dit du reste que c’était l’occasion qui me faisait lui en parler ; que ton intention était de passer ton examen et que tu le pouvais parfaitement ; mais que je croyais que cet excès de travail joint aux autres <occupations> nombreuses de la maison ne te fatiguait trop, quoique certain <d’obtenir> <une> [illis.] de la part de l’autorité, plus longue que ce qu’on accorde ordinairement. En un mot je lui ai présenté la chose de manière [à] lui faire parfaitement sentir qu’on n’avait pas besoin d’elle et que c’était une faveur qu’on pourrait lui faire en lui donnant la préférence.
Je dois ajouter qu’elle n’a point été pour cette affaire en rapport avec M.e Joubert qui ne la connaît pas. La proposition lui en a été faite par la <belle> sœur de M.e <Chalumet> à laquelle elle donne des leçons et qui se trouve connaître M.e Joubert.
Ces dames sont venues très régulièrement faire leur service qui du reste n’a pas été très utile, attendu qu’il n’y a pas eu d’élèves ; cependant, j’ai tenu à ce qu’elles y fussent lorsque j’étais absent, pour répondre aux personnes qui pouvaient venir.
Je suis très content de Julienne ; sa cuisine n’est pas trop mauvaise, et elle a même quelques idées à cet égard dont je ne la croyais pas capable. Tous les carreaux ont été nettoyés et toutes les classes lavées à fond.
Quant à ma santé, je n’ai pas à m’en <plaindre> ; je me porte parfaitement sauf une petite fluxion qui du reste ne me fait pas souffrir. Mon oncle également va très bien. Je crois qu’elle m’est venue de ce qu’ayant fait dans la chambre à coucher une forte fumigation pour les punaises, l’odeur m’a tellement porté le sang à la tête que sur le moment j’ai senti la fluxion venir. Ne voulant pas ce <jour-là> coucher dans la chambre j’ai couché dans le lit de Louise.
L’espace me force à terminer ; je n’ai d’ailleurs rien autre à te mander sinon que ne prévoyant par ta présence indispensable pour la rentrée, je ne vois pas d’inconvénient à ce que tu prolonges un peu plus ton séjour et prenne un <plus> long repos dont tu as grand besoin.
Quant à Louise, je pense qu’elle <t’en> donne comme il faut ; je la prie de faire mes compliments à ses <poules> que j’embrasse de tout de tout cœur, ainsi qu’elle.
Tout le monde me charge de te dire bien des choses ce qui me dispense de t’en faire l’énumération.
Adieu ma chère Amélie, ne m’oublie pas auprès de tes <beaux> parents et crois moi ton bien affectionné
H.L.D.R.
[276] | 06/06/1844 | Carta de Julien-Louis Boudet para Amélie Boudet |
[270] | 17/07/1844 | Carta de Julien-Louis Boudet para Amélie Gabrielle Boudet |
[271] | 18/08/1844 | Carta de Julien-Louis Boudet para Amélie Gabrielle Boudet |
[119] | 27/09/1844 | Carta de Allan Kardec para Amélie Gabrielle Boudet |
[277] | 27/10/1844 | Carta de Julie-Louise Seigneat de Lacombe para Amélie Gabrielle Boudet |
[120] | 10/12/1844 | Carta de Julie-Louise Seigneat de Lacombe para Amélie Gabrielle Boudet |