Manuscrito

Carta de Julien-Louis Boudet para Amélie Gabrielle Boudet [17/07/1844]

Senhora Rivail

Rua Mauconseil, 18

Paris

[Carimbo de partida] CHÂTEAU-DU-LOIR (71) 18 JUL 1844

[Carimbo de chegada] PARIS (60) 19 JUL 44

Quarta-feira, 17 de julho de 1844.

Tu és muito feliz, minha querida Amélie, por ter uma vida tão movimentada em que o tempo passa sem que percebas; é um prazer que há muito tempo não sinto e que provavelmente nunca mais terei. Sempre creio que ele é por demais demorado, principalmente quando penso no momento em que poderei ver-te de novo; é quando chego lá e penso que o pouco tempo que podes nos dar passa muito rapidamente.

Há quinze dias, o tempo tem estado feio, quase sempre chuvoso; mal posso ir ao jardim, a única distração que posso ter agora, já que não consigo andar sem sentir fortes dores nos rins e dificuldades para respirar.

O casal Lelong parece ter a intenção de ver-te, porque nos pediram nossas comissões à véspera de sua partida.

O casal Martel voltou há mais de 15 dias; eles se informaram bem das tuas novidades e me pediram para te enviar seus melhores agradecimentos e cumprimentos; durante sua estadia com sua filha, <a senhora escreveu à senhora> <Parvys> para incentivá-la a fazer um remédio cujos efeitos foram surpreendentes. O senhor <Gourry> atendeu, entre outros, um indivíduo afetado no peito e desesperado, a quem administrou óleo de fígado de bacalhau, que o restabeleceu totalmente. Um médico em Bordeaux, que trata dessa doença em particular, faz diariamente curas notáveis por esse meio, o que me fez pensar na senhora Musset, a quem /2/ tu deverias persuadir a usar esse remédio, que é, aparentemente, muito desagradável para se tomar, e com o qual é preciso constância, às vezes três meses ou mais. A senhora <Parvi> já está se sentindo melhor e tosse bem menos.

Não te falei das nossas produções porque elas serão pífias, sem vinho, sem maçãs, sem nozes e sem pêssegos nas vinhas; só as províncias produzirão um pouco. Não seremos mais felizes com nossos campos, quando muito se eu puder ver neles uma dúzia de cachos e parreiras; teremos algumas ameixas e um pessegueiro, que dará alguns frutos se o tempo não estiver sempre adverso. Ainda teremos amêndoas e talvez nozes em Montabon, aonde não posso mais ir, por isso tu não terás problemas em nos ajudar a comê-las. Há bastantes damascos, especialmente naquele perto do galinheiro, mas receio que não esperem a sua chegada; colhi dois esta manhã e estão começando a amarelar, mas é o que eu poderia ter-te oferecido de melhor; quanto ao leite bom,​ podemos dar-te de presente.

A senhora Gastin não cuida muito de sua saúde; parece que tu, assim como Louise, passaste um bom dia em sua casa. Soube que o jardim dela era muito bonito, e ainda me arrependo por não ter ido conhecê-lo.

De fato, notamos que a escrita de Louise estava se perdendo muito, mas ela logo voltará; o progresso que ela está fazendo em todos os exercícios é muito mais substancial. Ficarei muito feliz em vê-la novamente.

Assim que tu te livrares dos aborrecimentos da primeira comunhão, terás outros com a distribuição dos prêmios, que serão ainda mais numerosos; será provavelmente /3/ no próximo mês, o que deve manter Louise ocupada.

Fico contente porque tu continuas bem; desejo que tu a apoies e que venhas até nós com tua boa saúde do ano passado; lamento que não ocorra o mesmo com teu marido.

Não ouvi falar da casa vermelha. A senhorita Stéphanie nos dissera o que marcamos no seu retorno. Ela teve de ir esperá-los em Tours para ir com eles à casa de Caroline.

Adeus, minha boa amiga, beijo-te esperando poder fazê-lo de maneira mais satisfatória; cumprimentos a teu marido e a teu tio; ao caro <Cotton Breuil>, a quem agradeço pelas boas lembranças e a quem desejo a completa recuperação de seus problemas oculares.

Teu pai.

B

<Na minha primeira>, eu te darei uma pequena comissão.

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Madame Rivail

18 Rue Mauconseil

À Paris

[Cachet départ] CHÂTEAU-DU-LOIR (71) 18 JUIL 1844

[Cachet arrivée] PARIS (60) 19 JUIL 44

Mercredi 17 juillet 1844.

Tu est bien heureuse, ma chère Amélie, d’avoir une vie tellement occupée que le temps se passe sans que tu t’en aperçoive ; c’est une jouissance qu’il y a longtemps que je n’ai ressentie et que je reverrai surement jamais, je le trouve toujours trop long, surtout lorsque je pense au moment où je pourrai te revoir encore une fois, c’est lorsque j’y suis arrivé que je trouve que le peu du temps que tu peux nous donner passe trop vite.

Depuis une quinzaine, il fait un bien vilain temps, presque toujours de la pluie, à peine peut-on aller dans le jardin, seul distraction que je puisse prendre maintenant, puisque je ne puis marcher sans des douleurs de reins assez fortes et des étouffements qui m’empêchent de respirer.

M. et Mde. Lelong paraissent avoir l’intention de te voir car ils nous avaient fait demander nos commissions la veille de leur départ.

Mad. et M. Martel sont de retour depuis plus de 15 jours ; ils se sont bien informés de tes nouvelles et m’ont chargé de te faire amitiés et compliments ; pendant leur séjour chez leur fille <Mad. a écrit à Mde.> <Parvys> pour l’engager à faire un remède dont ils ont vu des effets surprenants M. <Gourry> a traité entre autres un individu attaqué à la poitrine et désespéré auquel M. <Gourry> a administré de l’huile de foie de morue qui l’a entièrement rétabli. Un médecin de Bordeaux qui traite spécialement cette maladie fait journellement des cures étonnantes par ce moyen, ce qui m’a fait penser à Mme Musset à laquelle /2/ tu devrait bien persuader de faire usage de ce remède, qui est à ce qu’il parait fort mauvais à prendre et pour lequel il faut de la constance, quelques fois trois mois ou plus ; Mde. <Parvi> éprouve déjà un mieux sensible et tousse beaucoup moins.

Je ne t’ai pas parlé de nos productions parce qu’elles seront pitoyables, pas de vin, pas de pommes ni noix ni pêches dans les vignes ; il n’y a que les provins qui donneront un peu. Nous ne serons pas plus heureux dans nos cordons à peine si je peux y voir une douzaine de grappes et grapillons ; nous aurons un peu de prunes et un pêcher qui en donnera si le temps n’est pas toujours contraire. Nous aurons encore des amandes et peut-être des noix à Montabon où je ne peux plus aller, ainsi tu n’auras pas de peine à nous aider à les manger. Il y a pas mal d’abricots surtout dans celui près du poulailler, mais je crains bien qu’il ne t’attendent pas, j’en ai cueilli deux ce matin et ils commencent à jaunir, c’est pourtant ce que j’aurais pu t’offrir de meilleur : quant au bon <lait> on pourra t’en régaler.

Mme Gastin ne soigne pas assez sa santé, tu as passé à ce qu’il parait, ainsi que Louise, une bonne journée chez elle. Je conçois que son jardin était très beau, je regrette toujours de ne pouvoir plus l’aller voir.

Nous nous sommes en effet aperçus que l’écriture de Louise perdait beaucoup, mais cela reviendra promptement, les progrès qu’elle fait dans tous ses exercices sont bien plus essentiels, j’aurai bien du plaisir à la revoir.

À peine tu seras débarrassée de tes embarras de 1ère communion que tu vas avoir ceux de la distribution des prix qui seront encore bien plus multipliés ; ce sera vraisemblablement /3/ pour le mois prochain, cela doit bien occuper Louise.

Je vois avec plaisir que tu continues à te bien porter, je désire que tu la soutiennes et que tu nous viennes avec ta bonne santé de l’année dernière, je suis fâché qu’il n’en soit pas de même de ton mari.

Je n’ai pas entendu parler de la maison rouge, Mlle Stéphanie nous avait dit ce que nous a marqué sur son retour, elle a dû aller les attendre à Tours pour aller avec elles chez Caroline

Adieu, ma bonne amie, je t’embrasse en attendant que je puisse le faire d’une manière plus satisfaisante ; compliments à ton mari et à ton oncle ; à mon <Cotton Breuil> que je remercie de son bon souvenir et auquel je souhaite le rétablissement complet de ses maux d’yeux.

Ton père.

B

<Dans ma première> je te donnerai une petite commission.

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