Manuscrito

Comunicação [01/05/AAAA]

Senhora CostelA Sra. Honoré foi uma pintora que nasceu em Paris no dia 21 de novembro de 1821. Ela era neta de Guillaume Guillon-Lethière (1760-1832) pintor neoclássico francês. Honoré foi membro da Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas (SPEE) e uma médium de destaque. Ela teve uma participação significativa no movimento espírita francês como médium da SPEE entre os anos de 1860 a 1866. Adotou, junto com seu marido, um pseudônimo, ficando conhecidos como Sr. e Sra. Costel.  Em 1860, Allan Kardec começou a publicar dezenas de mensagens mediúnicas recebidas pela médium na Revista Espírita. Ao longo de cinco anos (1860-1865), foram publicadas 115 mensagens da médium, atribuída a diferentes espíritos. Ela faleceu no dia 05 de junho de 1902 em Fondettes (cidade próxima a Tours) aos 81 anos de idade. 
Sinopse biográfica
. Resposta do Espírito simpático - 1º de maio.

Não quis responder de imediato às objeções e críticas suscitadas pela minha comunicação; resisti à prece do meu médium, julgando que uma resposta repentina poderia, sem que eu quisesse, assumir um caráter ofensivo. Convém aos Espíritos dar o exemplo da moderação intelectual, assim como convém que seus esforços para instruir os homens não sejam confundidos com a postura cega do orgulho revoltado, não admitindo nem a discussão nem as concessões.

Escutei atentamente as palavras do seu presidente, e quero responder sobretudo às suas reflexões. Eu o farei com a ajuda dos Espíritos superiores. Retiro prontamente a suspeita de mistificação que surgiu entre alguns participantes.

Infelizmente, meu espírito ainda estremece com a lembrança da carne e palpita com o pressentimento do desconhecido que continuará meu ser. Meus irmãos, rezem por mim e não duvidem do zelo com que cumpro a humilde missão que me foi confiada.

Parece-me que a discussão girou em torno de um mal-entendido. A aniquilação do Espírito, ou morte espiritual, não representa sua destruição absoluta, assim como a morte do corpo não representa o fim do ser. O Espírito, ao crescer, quebra seu primeiro invólucro, mas conserva a sua qualidade individual, /2/ indestrutível como sua própria eternidade. O exemplo dado por nossas comunicações mediúnicas parecia-me oferecer uma semelhança bastante marcante que tornaria dispensáveis explicações, as quais erroneamente negligenciei.

Ao relatar o terror do desconhecido que paira sobre o mundo dos espíritos, eu deveria ter unido a ideia de renascimento à da morte espiritual. É importante notar, porém, que a repugnância e o medo inspirados pela desintegração do Espírito são ainda mais violentos do que os causados pela morte humana. Nas encarnações inferiores, distantes do centro divino, cada faculdade contém a dupla marca da fecundidade e da destruição; elas se renovam e se extinguem com as angústias do parto e do fim.

O vazio espiritual não é, portanto, uma palavra desprovida de sentido; ela exprime renovações desconhecidas na Terra e o laborioso trabalho do Espírito conduzido à gloriosa unidade, pressentida em todas as religiões e indicada pelo misterioso símbolo da trindade.

Detenho-me no limiar do infinito, oceano de amor onde se confundem, em uma união eterna, os princípios masculinos e femininos, incorruptíveis, gloriosos e sagrados pela individualidade, conservada intacta através das depurações sucessivas.

Como são imperfeitas essas explicações! Outros espíritos vão continuá-las, por intermédio dos médiuns inteligentes e simpáticos que tão bem vêm acolhendo o pensamento embrionário do recém-chegado.

Agradeço igualmente ao seu presidente, que concede à palavra evangélica a sua mais larga extensão e não apenas não esconde a luz sob o alqueire, mas também coloca em evidência os seus raios mais fracos.

Espírito simpático.

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Mme Costel. Réponse de l’Esprit sympathique - 1er mai.

Je n’ai pas voulu répondre sur le champ aux objections, et aux critiques soulevées par ma communication ; j’ai résisté à la prière de mon médium, jugeant qu’une réplique soudaine pouvait, à mon insu, revêtir un caractère offensif. Il convient aux Esprits de donner l’exemple de la modération intellectuelle, il convient aussi que leurs efforts pour instruire les hommes ne soient pas confondus avec l’aveugle parti pris de l’orgueil révolté, n’admettant ni la discussion, ni les concessions.

J’ai écouté attentivement les paroles de votre Président, et je veux surtout répondre à ses réflexions. Je le ferai, aidé par l’assistance des Esprits supérieurs. J’abandonne volontiers le soupçon de mystification qui s’est élevé chez quelques auditeurs.

Hélas ! mon esprit tressaille encore du souvenir de la chair et palpite dans le pressentiment de l’inconnu qui va continuer mon être. Mes frères, priez pour moi, et ne doutez pas du zèle avec lequel je remplis l’humble mission qui m’est confiée.

La discussion a roulé, ce me semble, sur un malentendu. L’anéantissement de l’esprit, ou mort spirituelle, n’exprime pas plus sa destruction absolue, que la mort du corps n’exprime la fin de l’être. L’Esprit, en grandissant, brise sa coquille première mais il conserve sa qualité individuelle, /2/ indestructible comme son éternité même. L’exemple donné par nos communications médianimiques me paraissait offrir une similitude assez frappante pour rendre inutiles des explications qu’à tort j’ai négligées. En dépeignant la terreur de l’inconnu qui plane sur le monde des Esprits, j’aurais dû joindre l’idée de renaissance à celle de la mort spirituelle. Seulement, il importe de constater que la répugnance et la crainte inspirées par la désagrégation de l’Esprit sont encore plus violentes que celles causées par le trépas humain. Dans les incarnations inférieures, celles éloignées du centre Divin, chaque faculté porte la double empreinte de la fécondité, et de la destruction ; elles se renouvellent et s’éteignent avec les angoisses de l’enfantement et de la fin.

La viduité spirituelle n’est donc pas un mot dépourvu de sens ; il exprime des renouvellements inconnus à la terre, et le laborieux travail de l’Esprit entraîné vers la glorieuse unité, pressentie dans toutes les religions, et indiquée par le mystérieux symbole de la trinité.

Je m’arrête au seuil de l’infini, océan d’amour où viennent se confondre dans une union éternelle les principes masculins, et féminins, incorruptibles et glorieux, sacrés par l’individualité conservée intacte à travers les épurations successives.

Combien sont imparfaites ces explications ! D’autres Esprits les continueront par l’intermédiaire des intelligents et sympathiques médiums qui ont si bien accueilli la pensée embryonnaire du nouveau venu.

Merci aussi à votre Président qui donne à la parole évangélique sa plus large extension, et non seulement ne cache pas la lumière sous le Boisseau, mais encore met en évidence ses plus faibles rayons.

Esprit sympathique.

01/06/1873 Inventário Geral
18/10/1873 Título de propriedade - Amélie Gabrielle Boudet
06/01/AAAA Comunicação
20/08/AAAA Carta de Allan Kardec para Amélie Boudet
20/09/AAAA Carta de Allan Kardec para Amélie Gabrielle Boudet
20/11/AAAA Rascunho de carta de Allan Kardec para Amélie Gabrielle Boudet