Manuscrito
/1/ Domingo, 20 de setembro.
Eu te escrevo hoje, domingo, minha cara Amélie, como havíamos combinado, e me apresso em te dizer que cheguei sem ter sofrido acidente algum, perfeitamente são e salvo: mas cheguei somente ontem à noite, às 22h30. Eis a razão: como já conhecia perfeitamente Tours, parti no comboio das 4 horas e fui até <Blois>, que não conhecia, onde passei um dia para poder visitar <Chambord>. Eu te farei a descrição disso tudo pessoalmente, porque seria muito demorado por escrito. Deixei <Blois> ontem às 5h30 e cheguei aqui às <10h15>. O comboio do correio de <Tours> para <Orléans> [possui uma] segunda classe, e eu aproveitei. Mas como de Orléans a Paris não há, devo pegar uma primeira classe; terei tempo de fazer isso na estação, mas um tempo muito curto, e quando temos o tempo bem curto, quando temos /2/ bagagens um pouco consideráveis... Comprei em Tours um pequeno livro, aquele que havíamos visto de um viajante. Ele é extremamente útil e dá todos os detalhes. Na minha próxima [carta], vou transcrever essas informações que poderão ser úteis a ti, e poderás contar com todas as exatidões. Hoje não tive tempo de fazer isso.
Eu fui à casa da senhora <Virain> esta manhã. A seguir, dou as informações:
Nada de novo com relação à casa; aparentemente, tudo nos conformes durante sua ausência. Eu não consegui ver a senhora <Duradass> hoje, domingo; só a verei amanhã. Sei apenas que <Laville> deve começar suas lições de piano em casa. Um ou dois novos alunos estão garantidos.
Uma professora substituta foi trazida pela senhora <Ballet> em pessoa; fui vê-la nesta manhã, mas ela havia saído. Disse-lhe para /3/ vir conversar comigo amanhã de manhã, de modo que agora eu não posso te dizer nada. Parece-me que é uma pessoa de meia-idade.
[Ileg.] não vai tão mal; mas nenhuma melhora sensível.
Eu ainda não consegui ter notícias de Langlois.
Não tendo mais nada a te informar no momento, termino minha carta; ademais, a hora me apressa.
Adeus, minha cara Amélie, [ileg.] <se> dizem muitas coisas. Não me esqueça junto aos teus amados pais. Teu muito devoto e afetuoso
H.L.D.R.
Prescrições.
Decocção de hera moída; 1 boa <pitada> em 1 copo de água; jogue 2 ou 3 <caldos>; adoçar; beber pouco e frequentemente frio.
Alternar de tempo em tempo com uma <infusão> de folhas de laranjeira. Em tempos de crise, beber algo bem gelado, mesmo que seja água açucarada, o mesmo [illis.].
Continue a fumar o estramônio; mas é necessário também fumar com <aloé>, exatamente do mesmo modo que se fuma a cânfora de Raspail. Mas, em vez de cânfora, coloque <aloé> em pó no cigarro. /4/ Não se deve abusar. Preencher o tubo com <pluma> <ou> meio ou um terço de cigarro, o que dá a quantidade de uma dose e dura 2 dias. Inspira-se como a cânfora.
Fazer fricções no peito até a boca do estômago com o bálsamo nerval. Aplica-se na boca do estômago com a mão ou com uma flanela. Esse bálsamo é líquido e é vendido em pequenas garrafas. É muito conhecido na farmácia.
A senhora <Piran> pensa que a causa primeira está no estômago, que não faz suas funções com tanta energia, o que reage no sistema nervoso dos pulmões e causa a pressão. Consequentemente, é necessário definir o <tom> do estômago e, para isso, tomar, de tempo em tempo, um bom vinho, principalmente vinho do Midi, da Madeira ou da Espanha. Ela acredita também que há pouca obstrução.
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P.S.: Eu te direi melhor numa próxima carta se tua presença for urgente e até quando tu poderás estender tua estadia em Chidel; mas, de qualquer modo, creio sim que tu deverias estar aqui no dia 3 ou 4 de outubro. Sobretudo se eu for obrigado a ir dar aula na casa do <senhor Lévi>.




/1/ Dimanche 20 7bre.
Je t’écris aujourd’hui dimanche, ma chère Amélie, ainsi que nous l’avons convenu et je m’empresse de te dire que je suis arrivé, sans accident et parfaitement sain et sauf, mais seulement hier au soir à 10½h. En voici la <raison.> Comme je connais parfaitement <Tours > j’en suis parti par le convoi de <4> heures et j’ai été <conduit> à <Blois> que je ne connaissais pas et où j’ai passé un jour pour pouvoir aller visiter <Chambord>. Je te ferai la description de tout cela de vive voix parce que ce serait trop long de le faire par écrit. J’ai quitter <Blois> hier à 5½ et je suis arrivé ici à <10h1/4>. Le convoi des <messageries> de <Tours> à <Orléans> à des 2e places ce dont j’ai profité. Mais comme d’Orléns à Paris et il n’y en a pas j’ai dû prendre une 1e place ce que j’ai eu le temps de faire pendant le moment de la station, mais on le temps bien <juste>, quand on a le temps bien juste, quand on a des /2/ bagages un peu considérables. J’ai acheté à Tours un petit livret semblable à celui que nous avons <vu entre le mains> d’un voyageur. Il est extrêmement commode et donne les plus grands détails. Dans ma prochaine je te transcrirai <les> renseignements qui pourront <t’être> utiles et tu pourras compter sur leur exactitude. Aujourd’hui je n’en ai pas le temps.
Je suis allé chez M.e <Virain> ce matin. Je donne ci après les prescriptions.
Rien de nouveau pour la maison, tout a bien marché pendant votre absence à ce qu’il paraît. Je n’ai pu voir M.e <Duradass> aujourd’hui dimanche ; je ne la verrai que demain. Je sais seulement que <Laville> doit prendre <ces> leçons de piano à la maison. Une ou deux nouvelles élèves assurées.
Une <sous-maîtresse> a été amenée par <M.e Ballet> en personne ; je suis allé ce matin pour la voir, mais elle était sortie. Je lui ai fait dire /3/ de venir me parler demain le matin ; de sorte que <je ne puis> rien t’en dire. Il paraît que c’est une personne d’un âge mûr.
[Illis.] ne va pas plus mal ; mais il n’y a pas de mieux bien sensible.
Je n’ai pu encore savoir des nouvelles de Langlois.
N’ayant rien autre à te mander pour l’instant, je termine ma lettre d’autant plus que l’heure me presse.
Adieu ma chère Amélie, [illis.] <se> dit bien des choses. <Ne> m’oublie pas auprès de tes beaux parents<.> Ton bien dévoué et affectionné
H.L.D.R.
Prescriptions.
Décoction de lierre terrestre ; 1 bonne <pincée> dans 1 verre d’eau ; faire jeter 2 ou 3 < bouillons> ; sucrer ; boire peu et souvent froid.
Alterner de temps en temps avec une <infusion> de feuilles d’oranger.
Dans les moments de crise boire quelque chose de très froid, ne serait-ce que de l’eau sucrée de même de [illis.].
Continuer de fumer le stramonium ; mais il faudrait aussi le fumer de <l’aloé> exactement de la même manière qu’on fume le camphre de Raspail. Seulement au lieu de camphre mettre dans la cigarette de <l’aloé> en poudre. /4/ Il ne faut pas en faire abus. Remplir le tuyau de <plume> <ou de> de cigarette à la ½ ou au ⅓ ce qui doit faire la valeur d’une prise et durer 2 jours. On aspire comme le camphre.
Faire sur la poitrine jusqu’au creux de l’estomac des frictions avec du baume nerval. On en met sur le creux de la main ou sur de la flanelle. Ce baume est liquide et se vend en petites bouteilles. Il est très connu en pharmacie.
Made. <Piran> pense que la cause première vient de l’estomac qui ne fait pas ses fonctions avec assez d’énergie ce qui réagit sur le système nerveux des poumons et cause l’oppression. Il faut en conséquence donner du <ton> à l’estomac et pour cela prendre de temps en temps un peu de bon vin, et principalement du vin du Midi, comme Madère ou vin d’Espagne. Elle croit aussi qu’il y a un peu d’obstruction.
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<P.S.:> Je te dirai mieux dans ma prochaine si ta présence est urgente et l’époque jusqu’à laquelle tu pourras prolonger ton séjour à Chidel ; mais dans tous les cas je crois bien qu’il te faudrait être ici pour le 3 ou le 4 octobre. Surtout si je suis obligé d’aller faire un cours chez <M.r Lévi>.