Manuscrito
Sábado, 27 de setembro de 1862.
Meu querido amigo, recebi tuas duas últimas cartas, datadas de Nîsmes e Toulouse; agradeço-te de coração por conversar frequentemente comigo. A ausência parece menos longa. No entanto, estou um pouco desapontada. Eu já contava os dias, e vejo que é necessário fazer uma contagem regressiva, pois apesar das <bobagens> que ouvirei — já que este <Conard> jamais conversa sem elas —, não seria razoável que eu privasse os espíritas de certas cidades de te conhecerem e serem encorajados por tua presença. Encarrego-me, portanto, de todos os inconvenientes inevitáveis do 8, sobretudo porque é mais provável que eles não paguem. Surpreende-me que, em teu itinerário, não fales de Poitiers; parece-me que teria sido útil ver a senhora Delamotte.
Tu deves ter recebido em Lyon a última carta que me pediste antes da tua partida desta cidade. Eu me arrependi de ter te privado do sono para que me escrevesses, mas o que queres, quando /2/ não se pode apreciar as ocupações, parecemos exigentes.
Minha vida está tão triste! Saí somente uma vez; a pobre senhora Matin veio me chamar para jantar com ela na última terça-feira à noite.
Tive, pela primeira vez, muitas visitas, ontem, sexta-feira: o casal d’Ambel, o senhor Didier, a senhora <Busseleure>, senhoras estrangeiras, o senhor Delanne, pela segunda vez, e Flammarion. Também vi os Oger; eis, após a tua partida, as únicas pessoas da Sociedade, e o senhor Canu, que veio na segunda-feira pedir minhas comissões para Le Havre; por isso, entreguei a ele uma carta para a senhora Foulon.
O senhor d’Ambel virá na segunda-feira para se ocupar da sessão. Ele me disse que tu deverias dizer o que é necessário ser feito. O relatório está preparado? Explicarei ao senhor Levant. Recomendei a Flammarion que viesse; a senhora Lescot ainda não terá retornado.
Pedi ao senhor d’Ambel para vir na quarta-feira, não podendo estar lá e aqui.
Acredito que tu farias bem em me enviar o recibo dos Conard, pois talvez esse fosse um pretexto para que eles não pagassem. Eu tinha dado aqueles dos Baudo, que ainda não pagaram, embora tenha sido solicitado.
Tu não tens um livro em que /3/ estejam escritos os preços das locações? Porque não estou nem um pouco atualizada e será preciso fornecer os recibos para todos.
Onde se encontra o Charbonnier?
Os Conard devem mais que o termo?
A locatária da casa do senhor <Roguet> está instalada há 15 dias.
Irei amanhã de manhã, no domingo, procurar o pedreiro; o do vizinho ainda está lá. Trabalhamos toda a semana, e as tábuas e os gessos foram retirados na terça-feira de manhã.
Não é no primeiro que se encontra a dama do senhor <Ragou>?
Tentei a chave que está pendurada na chaminé do teu gabinete, mas ela não funciona nesses lugares.
Brun levou sua esposa com ele no domingo e me pediu roupa de cama para o casal Demonval. Dei-lhe um pouco daqui e, à noite, ele vai à Avenida de Ségur desmontar a cama que está no térreo para levá-la com estrado e colchão; só restarão as mesas. É necessário deixar o novo locatário ocupar o local antes do prazo? /4/
Se não houver livro de locatários, dá-me os preços de todos eles.
Fui esta manhã à casa de Dory avisar que iremos buscar a revista na segunda-feira, a fim de que seja enviada pelos correios no dia 29... O senhor Dory perdeu sua bela irmã, jovem de 25 anos; foste convidado para o cortejo fúnebre, mas tive o cuidado de escrever que estavas ausente.
Acabo de fazer uma assinatura para Lyon; ao senhor Augier de la Croix Rousse, o que vai dar 720.
Foi-te enviado o Écho de Sétif, no qual há um longo artigo sobre o Espiritismo.
Flammarion está traduzindo uma obra de um pensador inglês sobre os mundos, que o senhor Didier publicará; parece que será muito útil à doutrina. Flammarion tem obtido comunicações todas as sextas-feiras, que dão seguimento àquelas da Sociedade.
Estou muito feliz com todos os teus sucessos e que tua saúde suporte o cansaço sem se alterar; a minha continua a mesma, boa, com exceção das dores no rim; tem feito muito calor há dois dias, mas não acredito que vamos chegar aos 35 graus.
O senhor da rua du Helder veio para levar tuas comissões para Bordeaux.
Meus cumprimentos à família Sabò; aqui, todos aqueles que vi te mandam lembranças. Adeus, meu bom amigo, te beijo muito ternamente. Toda tua, de coração.
Amélie.
/1/ Escrevo hoje ao senhor Lerouge para que ele faça as capas para o número de março que falta.
/2/ Recebi a visita do Marquês de Mirville, assinante que Doyen havia esquecido.




Samedi 27 7bre 1862.
Mon cher ami, j’ai reçu tes deux dernières lettres datées de Nîsmes, & Toulouse ; je te remercie du cœur, de causer souvent avec moi. L’absence semble moins longue. Cependant je suis un peu désappointée. Je comptais déjà les jours, et je vois qu’il faut décompter ; car malgré les <sottises> que je recevrai ; puisque cette <Conard> ne parle jamais sans cela, il ne serait pas raisonnable à moi, de priver les spirites de certaines villes, de faire ta connaissance et être encouragés par ta présence. Je me charge donc de tous les ennuis inévitables du 8, d’autant qu’il est plus que probable qu’ils ne payeront pas. Je suis étonnée que dans ton itinéraire tu ne parles pas de Poitiers, il me semble qu’il aurait été utile de voir Mad Delamotte.
Tu as dû recevoir à Lyon la dernière lettre que tu me demandais avant ton départ de cette ville, j’ai regretté de t’avoir privé de sommeil pour m’écrire, mais que veux-tu, lorsqu’on /2/ ne peut pas apprécier les occupations, on paraît exigeant.
Ma vie est si triste ! Je ne suis sortie qu’une seule fois ; cette pauvre Mad Matin est venue me chercher pour diner avec elle mardi der.
J’ai eu pour la 1ère fois beaucoup de visites hier vendredi : Mr et Mad d’Ambel, Mr Didier, Mad <Busseleure>, des dames étrangères, Mr Delanne pour la 2ème fois & Flammarion. J’ai vu aussi les Oger, voilà depuis ton départ les seules personnes de la société et Mr Canu qui est venu lundi me demander mes commissions pour Le Havre ; alors je lui ai donné une lettre pour Mad Foulon.
Mr d’Ambel viendra lundi pour s’occuper de la séance, il m’a dit que tu devrais dire ce qu’il faudra faire, le procès-verbal est-il préparé ? Je préviendrai Mr Levant. J’ai recommandé à Flammarion de venir, Mad Lescot ne sera pas de retour.
J’ai prié Mr d’Ambel de venir mercredi ne pouvant pas être là-bas & ici.
Je crois que tu ferais bien de m’envoyer la quittance des Conard ; car peut-être serait-ce un prétexte pour qu’ils ne payassent pas, j’avais donné celle des Baudo qui n’ont pas encore payé quoique l’ayant demandée.
Est-ce que tu n’as pas un livre où /3/ sont inscrits le prix des locations car je ne suis pas du tout au courant & il faudra faire les quittances pour tout le monde.
D’où en est le Charbonnier ?
Les Conard doivent-ils plus que le terme ?
La locataire de chez Mr <Roguet> est installée depuis 15 jours.
Je verrai demain matin dimanche à trouver le maçon ; celui du voisin y est encore ; on a travaillé toute la semaine et planches et plâtras ont été enlevés mardi matin.
N’est-ce pas au 1er qu’est cette dame de Mr <Ragou> ?
J’ai essayé la clef qui est accrochée à la cheminée de ton cabinet, elle ne va pas aux lieux.
Brun emmenant sa femme dimanche m’a demandé de la literie pour coucher Mr et Mad Demonval. Je lui en ai donné un peu d’ici & le soir il vient à l’avenue de Ségur démonter le lit qui est au rez de chaussée pour l’emporter avec sommier et matelas il ne restera plus que les tables faut-il laisser le nouveau locataire occuper avant le terme ? /4/
S’il n’y a pas de livre des locataires donne-moi les prix de tous les locataires.
Je suis allée ce matin chez Dory porter un mot pour qu’on vienne prendre la revue lundi, pour qu’elle parte par le courrier du 29… Mr Dory a perdu sa belle sœur jeune femme de 25 ans, tu as été invité du convoi, j’ai eu soin d’écrire que tu étais absent.
Je viens de faire un abt pour Lyon ; Mr Augier de la Croix Rousse ; ce qui fera 720.
On t’a envoyé l’Écho de Sétif où il y a un long article sur le Spiritisme.
Flammarion traduit un ouvrage d’un savant anglais sur les mondes, que Mr Didier publiera, il paraît que ce sera très utile à la doctrine. Flammarion a obtenu des Commons tous les vendredis qui font suite à celles de la société.
Je suis bien heureuse de tous tes succès ; & que ta santé supporte la fatigue sans être altérée, la mienne est toujours la même, bonne à l’exception de douleurs au rein ; il fait très chaud depuis deux jours, mais je ne crois pas que nous allions à 35 degrés.
Mr de la rue du Helder est venu prendre tes commissions pour Bordeaux.
Fais mes compliments à la famille Sabò, ici tous ceux que j’ai vus se rappellent à ton souvenir. Adieu, mon bon ami, je t’embrasse bien tendrement. Toute à toi de cœur.
Amélie.
/1/ J’écris aujourd’hui à Mr Lerouge pour qu’il fasse des couvertures pour le n° de mars qui manque.
/2/ J’ai eu la visite du Marquis de Mirville abt que Doyen avait oublié.
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[170] | 23/09/1862 | Carta de Allan Kardec para Amélie Boudet |
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[174] | 04/10/1862 | Carta de Allan Kardec para Amélie Boudet |