Manuscrito
<Nîmes>, 23 de setembro de 1862.
Minha boa Amélie, tu deves ter recebido minha longa carta datada de Lyon, compensando um pouco a brevidade forçada das outras. Como nada tenho de muito notável para te dizer, escrevo principalmente para te dar notícias minhas, e te dizer que continuo muito bem. Tive em Lyon todas as satisfações desejáveis, e tudo confirma a opinião geral, e a dos Espíritos, de que minha estadia naquela cidade terá grandes consequências. O comissário de polícia que tinha assistido à sessão geral veio me visitar para me felicitar; ele está mais do que nunca persuadido da benéfica influência da doutrina, e seu auxílio pode, se necessário, ser de grande utilidade.
Estou hoje em <Nîmes>, onde os espíritas estão, por assim dizer, em estado latente; no entanto, tenho uma reunião esta noite, menos para os adeptos do que para os indecisos e os incrédulos, a quem eu devo dar uma ideia mais justa da doutrina, do que a que eles têm.
Amanhã, quarta-feira, dia 24, estarei em <Sète>. Quinta-feira, dia 25, à noite, e sexta-feira, dia 26, em Toulouse. Sábado à noite, dia 27, e domingo, dia 28, em Marmande; Segunda-feira, dia 29, ao meio-dia, em Bordeaux.
Eu acreditava que estaria nesta última cidade no dia 26, mas isso me foi impossível, e ainda tive que encurtar meu almoço nas outras cidades. Ainda não sei por quanto tempo serei obrigado a permanecer por aqui. Para fazer bem <a tarefa>, seriam necessários uns oito dias, como em Lyon, pois há trabalho; mas, por outro lado, gostaria de estar em Paris no dia 8, por causa dos <Conard>, que devem estar se mudando nesse dia; não gostaria de te deixar essa complicação. Não fossem eles, seria indiferente eu estar ausente alguns dias a mais ou a menos. Voltando de Bordeaux, prometi parar em Angoulême e ir a Saint-Jean-d’Angély; não sei se isso me será possível. Quando me escreveres a Bordeaux, diz-me o que pensas disso; se julgares que não precisas de minha presença, eu me apressarei um pouco menos.
Seria preciso que, para o termo do 8, o apartamento do primeiro andar fosse dividido, isto é, que a porta entre a sala de visitas e a sala de jantar fosse murada, com placas de gesso <previamente> preparadas de modo a estarem secas. Há um pedreiro que já trabalhou para mim em pequenas obras e que é um rapaz muito bom. Ele mora na rua de Sèvres em frente à avenida de Breteuil, no fundo de um tribunal; não me lembro do seu nome nem de seu número, mas seu nome está sobre a porta da frente. Seria preciso ver se ele poderia fazer isso imediatamente; caso não possa, procurar um outro pedreiro; aquele que trabalhou para o vizinho e a quem paguei uma indenização. Ele me fez ofertas de serviço. Falta bem pouca coisa para fazer vir o sucessor do senhor <Deylande/Derlande>.
Eu te peço encarecidamente que não te canses no quintal, te ocupes, se necessário, <apenas> alguns dias na jardinagem, isso é melhor do que te adoeceres.
Como o periódico está pronto, faça-o chegar antes do dia primeiro do mês; será cômodo para mim se ele estiver em Bordeaux perto na altura de minha chegada.
Com isso, minha boa Amélie, abraço-te de todo o coração, como te amo.
A.K.
P.S. Não te esqueças de mim com meus amigos; eu não nomeio nenhum; eu te encarrego disso.
<Nîmes>, 23 7bre 1862.
Ma bonne Amélie, tu dois avoir reçu ma longue lettre datée de Lyon, compensant un peu la brièveté forcée des autres. N’ayant rien de bien saillant à te mander, je t’écrits principalement pour te donner de mes nouvelles, et te dire que je continue à me très bien porter. J’ai eu à Lyon toutes les satisfactions désirables, et tout confirme l’opinion générale, et celle des Esprits que mon séjour dans cette ville aura des conséquences importantes. Le commissaire de Police qui avait assisté à la séance générale est venu me faire visite pour me féliciter ; il est plus que jamais persuadé de la bienfaisante influence de la doctrine, et son concours peut, au besoin, être d’une grande utilité.
Je suis aujourd’hui à <Nîmes> où les spirites sont pour ainsi dire à l’état latent ; j’ai néanmoins une réunion ce soir, moins pour les adeptes que pour les indécis et des incrédules à qui je dois donner une idée de la doctrine plus juste que celle qu’ils en ont.
Demain Mercredi 24 je serai à <Sète>. Jeudi soir 25 et vendredi 26 à Toulouse. Samedi soir 27 et <dimanche> 28 à Marmande. Lundi 29 à midi à Bordeaux.
Je croyais être dans cette dernière ville le 26 mais cela m’a été impossible, et encore ai-je dû abréger mon déjeuner dans d’autres villes. Je ne sais encore combien je serai obligé d’y rester. Pour bien faire il faudrait une huitaine comme à Lyon, car il y a de l’ouvrage ; mais d’un autre côté je voudrais être à Paris pour le 8 à cause des <Conard> qui doivent déménager ce jour là ; je ne voudrais pas te laisser cet embarras. Sans eux il serait indifférent que je fusse absent quelques jours de plus ou de moins. En revenant de Bordeaux j’ai promis de m’arrêter à Angoulême et d’aller à St. Jean d’Angély ; je ne sais si cela me sera possible. En m’écrivant à Bordeaux dis moi ce que tu en penses ; si tu croyais pouvoir te passer de moi, je me presserais un peu moins.
Il faudrait que pour le terme du 8, l’appartement du 1er fût divisé, c’est-à-dire que la porte de communication du salon à la salle à manger fût bouchée, avec des carreaux de plâtre tout faits pour qu’ils soient secs. Il y a un maçon qui a déjà travaillé pour moi pour de petits ouvrages et qui est très bon garçon. Il demeure rue de Sèvres en face l’avenue de Breteuil au fond d’une cour ; je ne me rappelle pas son nom ni son no. Mais son nom est sur la porte de la rue. Il faudrait voir s’il voudrait faire cela de suite ; à son défaut en chercher un autre ; celui qui a travaillé pour le voisin et avec qui j’ai réglé l’indemnité. Il m’a fait des offres de service. C’est trop peu de chose pour faire venir le successeur de M.r <Deylande/Derlande>.
Je t’en prie en grâce, ne t’<éreintes> pas au jardin ; prends au besoin quelques journées de jardinier, cela vaut mieux que de se rendre malade.
Puisque le journal est tout prêt, fais le partir avant le 1er du mois ; je serai bien aise qu’il fût à Bordeaux vers l’époque de mon arrivée.
Sur ce, ma bonne Amélie, je t’embrasse de tout cœur comme je t’aime.
A.K.
P.S. Ne m’oublie pas auprès de mes amis ; je n’en nomme aucun ; je te charge de ce soin.
| [210] | 10/09/1862 | Carta de Amélie Boudet para Allan Kardec |
| [169] | 18/09/1862 | Carta de Allan Kardec para Amélie Boudet |
| [232] | 19/09/1862 | Carta de Amélie-Gabrielle Boudet para Allan Kardec |
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