Manuscrito

Carta de Amélie Gabrielle Boudet para Allan Kardec [03/09/1863]

/1/ Quinta-feira, 3 de setembro de 1863.

Meu bom amigo, cheguei em segurança, às 10h30, à rua Sainte-Anne; li ao longo do dia, estando quase sempre sozinha. Apenas nas últimas estações, estive com algumas senhoras. Marie me esperava no terminal; jantei quando cheguei e comecei a lidar com as cartas, a fim de poder enviar a revista esta manhã; fiz bem, pois havia uma mudança de endereço, de Paris para os departamentos, e quatro pedidos de exemplares. Fui dormir à 1 hora da manhã; enviei para o escritório de distribuição[;] eles <vieram e voltaram a tocar>; então, vão sair pelo correio; Ledoyen acabou de enviar e pediu 12 exemplares, em vez de 25. Barthez fez duas assinaturas esta manhã, em Moscou. Bouralet ficou com quatro exemplares de setembro. Um outro veio pedir os cinco anos; ele havia se esquecido do dinheiro e voltará; tu percebes que estou começando bem!

Eis a passagem da carta do senhor Golovine que trata do senhor Maclakoff: “passando por Moscou, verei o senhor Maclakoff e o forçarei a honrar seus compromissos. Sua conduta é incompreensível e não pode ser julgada de maneira severa o suficiente; mal posso esperar para saber o que se passa.”

Tu tens também uma carta do senhor Lachâtre, que ainda sonha com publicações; se quiseres lhe responder, eis o que ele diz: “Informo-te, caro amigo, de uma decisão que tomei, a fim de que possas fazer tuas próprias observações, se achas que as deves me enviar, e também para que me transmitas as do Espírito de Amélie Debray, a quem te peço para /2/ questionar. Maurice, considerando concluída sua missão na Espanha, após o ano passado, propõe-se a partir pelo mar, no próximo mês de fevereiro, até Gênova, sem colocar os pés na França, uma vez que seu tempo de exílio ainda não terminou, e ir a Bruxelas para fundar uma editora, a fim de publicar as obras condenadas, as quais ele considera um dever conservar para a atual geração e para a posteridade. Os Mistérios do Povo, de Eugène Sue, & O Dicionário Francês Ilustrado. Ele fala também em reproduzir a Revista Espírita na Bélgica”. Temo que este homem faça excentricidades quando sair da Espanha; gostaria mais dele na Bélgica do que na França.

Recebeste uma carta da senhora Colignon, que está muito inquieta com as previsões que lhe fizeste e gostaria de uma explicação.

Uma outra da senhora Dal Verme, que diz ter enviado uma nota de 20 francos, a qual o senhor d’Ambel não recebeu. Há uma carta registrada que talvez seja dela; ela quer os jornais de Lyon e Bordeaux[.] O senhor D’Ambel escreve hoje para inscrevê-la.

Dei a ele algumas cartas para responder a pessoas que pedem coisas impossíveis.

Há ainda uma carta do senhor Toullie, capitão adjunto, major da 33º infantaria da guarnição de Le Havre, que gostaria de entrar em contato com os espíritos; ele segue a doutrina há dois anos. Verás se podes encaminhá-lo aos espíritas independentes.

O senhor de Londres escreveu que ele não terminou sua tradução[;] que esteve sempre em viagem e que voltará a escrever nos devidos tempo e lugar.

Eis, mais ou menos, o resultado da correspondência; entreguei tua carta ao senhor Canu, que te agradece de coração. Sua esposa está aqui para me ajudar a enviar a revista.

Parece que o senhor d’Ambel foi preciso [ao dizer que] vinha normalmente antes do meio-dia. Quando me devolveu o dinheiro, ficou com os 50 francos.

{Adeus, meu bom amigo, fica bem e traz-me boa saúde. Eu te beijo com todo coração. Toda tua. Amélie.

Acrescento uma nota para as senhoras corrigirem os erros.}

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/1/ Jeudi 3 7bre 1863.

Mon bon ami, je suis arrivée sans accidents à 10h½ rue S.te Anne ; j’ai lu tant qu’il a fait jour étant presque toujours seule. Il n’y a qu’aux dernières stations que j’ai eu quelques dames. Marie m’attendait à la gare ; j’ai soupé en arrivant et me suis mise à parcourir les lettres afin d’être en mesure ce matin d’expédier la revue ; j’ai bien fait car il y avait 1 changement d’adresse de Paris aux Dép.ts et 4 réclamations de n.os. Je me suis couchée à 1h du matin ; j’ai envoyé au bureau de distributions ils sont venus & revenus toucher ; donc ils partiront par le courrier ; Ledoyen vient d’envoyer et n’a fait demander que 12 n.os au lieu de 25. Barthez a fait faire ce matin 2 ab.ts à Moscou. Bouralet a fait prendre 4 n.os de 7bre. Un autre est venu demander les 5 années ; il avait oublié l’argent il va revenir ; tu vois que je commence bien !

Voilà le passage de la lettre de M.r Golovine qui traite de M.r Maclakoff : « En passant par Moscou je verrai M.r Maclakoff et je le forcerai à faire honneur à ses engagements. Sa conduite est incompréhensible et ne saurait être jugée assez sévèrement ; il me tarde d’en avoir le cœur net. »

Tu as aussi une lettre de M.r Lachâtre qui rêve encore des publications ; si tu veux lui répondre voilà ce qu’il dit : « Je vous fais part cher ami d’une détermination que j’ai prise, afin que vous puissiez me faire vos observations propres, si vous croyez devoir m’en adresser, et aussi pour que vous me transmettiez celle de l’Esprit d’Amélie Debray que je vous supplie /2/ d’interroger. Maurice regardant comme terminée sa mission en Espagne, après l’année écoulée, se propose de partir au mois de février prochain par mer jusqu’à Gênes, sans mettre le pied en France son temps d’exil n’étant pas encore fini, et de se rendre à Bruxelles pour y fonder une maison de librairie afin de publier les ouvrages condamnés qu’il considère comme un devoir de conserver à la génération présente et à la postérité. Les mystères du peuple par E. Sue & le Dictionnaire français illustré. Il parle aussi de reproduire la Revue Spirite en Belgique. » Je crains bien que cet homme ne fasse bien des excentricités lorsqu’il quittera l’Espagne ; je l’aimerais mieux en Belgique qu’en France.

Tu as une lettre de Mad.e Colignon qui est très inquiète des prédictions que tu lui as faites et qui en voudrait l’explication.

Un autre de M.de Dal Verme qui dit avoir envoyé un billet de 20 f. que M.r d’Ambel n’a pas reçu. Il y a une lettre chargée peut-être est-ce d’elle ; elle veut les journaux de Lyon et Bordeaux Mr d’Ambel écris aujourd’hui pour l’abonner.

Je lui ai donné quelques lettres à répondre à des personnes qui demandent des choses impossibles.

Il y a aussi une lettre de M.r Le Toullie Cap.ne adj.t major au 33e d’infanterie en garnison au Havre qui voudrait être en rapport avec des spirites ; il s’occupe de la doctrine depuis 2 ans. Tu verras si tu peux l’adresser aux spirites indépendants.

Le M.r de Londres a écrit qu’il n’a pas fini sa traduction qu’il a toujours été en voyage et qu’il écrira de nouveau en temps et lieu.

Voilà à peu près le résultat de la correspondance, j’ai remis ta lettre à M.r Canu qui en remercie de cœur. Sa femme est là qui venait pour m’aider à expédier la revue.

Il paraît que <M.r> d’Ambel a été très exact qu’il venait souvent avant midi. En me rendant l’argent il a gardé les 50f.

{Adieu mon bon ami porte toi bien & rapporte-moi une bonne santé. Je t’embrasse de cœur. Toute à toi. Amélie.

Je joins un mot pour les dames corrige les fautes.}

11/05/1863 Comunicação
DD/06/1863 Comunicação
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