Manuscrito

Carta de Amélie-Gabrielle Boudet para Allan Kardec [09/09/1863]

Paris, 9 de setembro de 1863.

Meu querido amigo, recebi na segunda-feira tua boa carta, que me trouxe grande prazer. Espero que continues bem. Vejo muitas pessoas. A senhora Robyns parte daqui, te dá mil cumprimentos e deseja saber se tu te sentes assistido por tua mãe. Nós lhe falamos de uma nova obra; <ela dá muito trabalho> ao senhor Allan Kardec, mas eu lhe disse que era preciso deixar que tu terminasses aquilo que tinha começado.

Vi a senhora Gillis, da Antuérpia, o senhor Kouchnisko, de Nápoles, que está aqui com sua esposa; ele deve apresentá-la a mim. Dei-lhe o endereço do senhor Delanne. Também vi a senhora Auger Chedaux; sua filha partiu para Arles e Marselha. Passei-lhe alguns endereços. Recebi vários novos espíritas; um senhor e uma senhora que moram em Batignolles. Eles se ocupam dessa ciência há um mês, e ambos são médiuns; são encantadores e da melhor sociedade; fizeram assinaturas e levaram coleções. Ontem, uma senhora que sabia, não sei como, que tu és de Bourg, assim como ela, veio comprar o Livro dos Médiuns para fazer sequência ao dos Espíritos, que ela foi impelida a comprar, quase contra sua vontade. Ela deseja te conhecer. Também vi o senhor Porré. Enfim, desde a minha chegada, cinco assinaturas. Eis mais ou menos os negócios espíritas. Uma carta do senhor Dehau, que está, como intendente, na casa do Barão Deheressem, no antigo Rouen, por St. Pierre Boubiers. <Teve>, nas /2/ condições de 100 francos por mês, a mesa principal, branqueada etc.

Ele parece estar muito contente; seu negócio de gás não caminha como gostaria, mas ele não desiste.

No sábado, fui dormir na Avenida de Ségur. Tudo está alugado, e os jardins estão em bom estado: em nosso pequeno jardim, a uva ainda não foi atacada pelos pássaros; nos grandes, metade foi devorada e eu não pude colocar sacos, pois chovia o tempo todo. Limitei-me a semear espinafre e canónigos.

A mãe Henry veio passar algumas horas comigo; ela vai muito bem; jantava com pessoas que estavam passando por Paris; ela virá no domingo. Recebi ontem uma carta da senhora Delglande, que me convida para jantar amanhã, quinta-feira; pretendo ir. Eu vi Brun; sua esposa está razoavelmente bem, mas ainda foi necessário aplicar o bisturi; receio que não fique assim por muito tempo.

Eu te envio alguns selos, que tu remeterás àquelas senhoras, dando a elas meus ternos cumprimentos.

Sábado, ao pegar minha mala, escutei algo balançando; era o anel que eu procurava no Havre. Conta-o a essas senhoras, assim como a minha tristeza por ter perdido meus passarinhos cordon-bleu; sábado de manhã, a empregada os encontrou com a cabeça presa entre as barras do fundo da gaiola; eles devem ter tentado pegar os grãos de painço que tinham caído. Na sexta-feira à noite, eu havia notado que eles não estavam mais empoleirados, o que era um péssimo sinal; os pobres pequenos me deixaram triste.

O casal d’Ambel também acaba de passar por uma grande dor; o gato deles caiu do oitavo andar e quase morreu. Levado a um profissional, foi preciso sacrificá-lo, pois sua espinha dorsal estava quebrada. Ele não veio ontem, e hoje está muito desmotivado para poder te dar uma comunicação. Ele escreveu à senhora Dal Verme, ao senhor Lachâtre, ao senhor Letoullec, e as outras cartas estão em dia. Não pude ir ao correio central.

Envio-te a cópia de um artigo encontrado no livro do senhor Love, que o senhor d’Ambel acha que será bom publicar. Recebi um cartão do senhor Ribolo, indicando que todas as quartas-feiras, às 20 horas, há uma sessão espiritualista; o Progrès, de Lyon, publicou um grande artigo de quatro colunas contra a comunicação inserida no Vérité, de Louis de Tourreil; de positivo, há o fato de o autor sustentar que ele foi médium por cinco anos, {e diz que o Espiritismo fez dele um novo homem, um homem moral, o que não o impede de concluir que o Espiritismo não vale nada. O senhor d’Ambel e o senhor Canu te mandam mil cumprimentos.

Adeus, meu querido amigo, te beijo muito ternamente. Toda tua, de coração. Amélie.

O livreiro enviou uma fatura de 200 francos.}

/1/ {O zelador me disse que ele quase capturou um homem que desceu pelo grande muro que está atrás da amendoeira; também jogaram latas e outros vasos muito sujos no canto perto do jardineiro, e o homem que tem o jardim em Ségur reconheceu que os vasos foram jogados por seu empregado. Será preciso cuidar disso.}

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Paris le 9 7bre 1863

Mon cher ami, j’ai reçu lundi ta bonne lettre qui m’a fait grand plaisir. Continue à te bien porter ; je vois assez de monde. Mad Robyns sort d’ici, elle te fait mille amitiés & désire savoir si tu te sens assisté par ta mère ? on lui parle d’un nouvel ouvrage, elle me <défait on taille> de la besogne à M. Allan Kardec, mais je leur ai dit qu’il fallait te laisser finir ce qui était commencé.

J’ai vu Mad <Gilis> d’Anvers, Mr Kouchnisko de Naples qui est ici avec sa femme, il doit me la présenter, je lui ai donné l’adresse de M. Delanne. J’ai vu aussi Mme Auger <Chedaux> sa fille est partie pour Arles et Marseille. Je lui ai donné des adresses. J’ai reçu plusieurs nouveaux spirites ; un Mr et une dame habitant les Batignoles. Ils s’occupent de cette science depuis 1 mois et ils sont tous deux médiums ; ils sont charmants et de la meilleure société ; ils ont pris abt et collon ; hier une dame qui savait je ne sais comment, que tu es de Bourg, d’où elle est aussi, est venue acheter le Livre des Médiums pour faire suite à celui des Esprits qu’elle avait été poussée à acheter presque malgré elle ; elle désire faire ta connaissance. J’ai vu aussi M. Porré. Enfin depuis mon arrivée 5 abonnemts. Voilà à peu près les affaires spirites. Une lettre de M. Dehau qui est placé comme intendant chez M. le Baron Deheressem au vieux Rouen par St Pierre <Boubiers>, Eure, aux /2/ conditions de 100 f. par mois, la table de maître, blanchis && [.]

Il a l’air très content ; son affaire de gaz ne va pas comme il aurait désiré ; cependt il n’y renonce pas.

Je suis allé samedi coucher à l’avenue de Ségur, tout est loué & les jardins en bon état ; dans notre petit jardin le raisin n’est pas encore attaqué par les oiseaux ; dans les grands il est à moitié dévoré et je n’ai pas pu mettre de sacs parce qu’il pleuvait à chaque instant ; je me suis bornée à semer épinard et mâche.

La mère Henry est venue passer quelques heures avec moi elle va assez bien elle dinait avec des personnes qui étaient à Paris en passant elle viendra dimanche. J’ai reçu hier une lettre de Mme Deglande qui m’invite à diner demain jeudi, je compte y aller. J’ai vu Brun sa femme va passablement mais il a fallu donner encore un coup de bistouri ; je crains bien que ce ne soit longtemps comme cela.

Je t’envoie quelques timbres postes que tu remettras à ces dames en leur faisant mes tendres amitiés.

Samedi en prenant mon sac de voyage j’ai entendu balloter quelque chose, c’était la bague que je cherchais au Havre. Dis-le à ces dames ainsi que mon chagrin d’avoir perdu mes petits cordonbleus ; Samedi matin la bonne les a trouvés la tête prise entre les barreaux du fond de la cage ; ils auront voulu prendre des grains de millet qui étaient tombés ; le vendredi soir j’avais remarqué qu’ils ne perchaient plus, ce qui était très mauvais signe ; les pauvres petits m’ont fait de la peine.

M. et Mme d’Ambel viennent aussi d’éprouver un grand chagrin ; leur chat est tombé d’un 8ème étage et s’est presque tué. De sorte que l’ayant soumis à un homme de métier il a fallu le faire tuer, l’épine dorsale étant brisée. Il n’est pas venu hier et aujourd’hui il est trop démoralisé pour pouvoir te donner une communication. Il a écrit à Mme Dal Verme, M. Lachâtre, M. Letoullec et puis les autres lettres sont au courant, je n’ai pas pu aller à la gde poste.

Je t’envoie la copie d’un article trouvé dans le livre de M. Love, que M. d’Ambel pense qu’il serait bon de publier. J’ai reçu une carte de M. <Ribolo>, cette carte indique que tous les mercredis à 8 h il y a séance spiritualiste ; le Progrès de Lyon a publié un grand article de 4 colonnes contre la communication insérée dans la Vérité de Louis de Tourreil ; ce qu’il y a de très bon, c’est que l’auteur soutient qu’il a été médium pendt 5 ans {et il dit que le spiritisme a fait de lui un homme nouveau un homme moral ce qui ne l’empêche pas de conclure que le spiritisme ne vaut rien. M. d’Ambel et M. Canu te font mille compliments.

Adieu mon cher ami, je t’embrasse bien tendrement. Toute à toi de cœur. Amélie.

Le md <de papier> a envoyé une facture de 200 f.}

/1/ {Le concierge m’a dit qu’il avait été sur le point de saisir un homme qui est descendu par le grand mur qui est auprès de l’amandier ; on jette aussi des canettes et autres vases très sales dans le coin près du jardinier et l’homme qui tient le jardin Ségur a reconnu que les vases avaient été jetés par son domestique. Il faudra s’occuper de cela.}

03/09/1863 Carta de Amélie Gabrielle Boudet [em andamento]
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