Manuscrito
Sainte-Adresse, domingo, 6 de setembro de 1863.
Minha querida Amélie,
Estou muito satisfeito com a presteza com que me escreveste, apesar dos compromissos que por certo tiveste naquele dia. Eu não estava preocupado porque sei que os bons Espíritos nos protegem, e fiquei feliz por saber que chegaste sem problemas. Fui no mesmo dia levar teu recado às senhoras FoulonMadame Foulon era residente de em Havre (cidade portuária da região da Normandia na França) onde se destacou como uma miniaturista hábil, muito estimada na sociedade. Ela faleceu em 03 de fevereiro de 1865 na cidade de Antibes (localizada no coração de Riviera), onde foi em busca de um clima mais ameno para o reestabelecimento de sua saúde. Vários jornais publicaram notas sobre o seu falecimento. Kardec também publicou uma nota na Revista Espírita sobre o seu falecimento.
Sinopse biográfica e Mambaret, que te agradecem por isso. Almocei aqui, e no momento de partir, começou uma chuva violenta que me forçou a tomar um transporte coletivo; era o prelúdio de uma terrível tempestade que continua ainda. Não se pode fazer ideia do barulhão dia e noite; é de levantar os mortos, ainda mais os vivos. Começo a habituar-me com as sacudidas no meu casebre. É realmente um belo espetáculo ter isso sob sua janela e estar protegido.
Na casa da senhora FoulonMadame Foulon era residente de em Havre (cidade portuária da região da Normandia na França) onde se destacou como uma miniaturista hábil, muito estimada na sociedade. Ela faleceu em 03 de fevereiro de 1865 na cidade de Antibes (localizada no coração de Riviera), onde foi em busca de um clima mais ameno para o reestabelecimento de sua saúde. Vários jornais publicaram notas sobre o seu falecimento. Kardec também publicou uma nota na Revista Espírita sobre o seu falecimento.
Sinopse biográfica, após o almoço, a senhora Mambaret fez a gentileza de me dar uma comunicação a respeito das instruções do bispo de Argel, cuja análise foi-me apresentada pelo senhor d’Ambel. Ela é o que devemos pensar; mas o mais interessante é que, tendo opinado que provavelmente o arcebispo de Lyon seguiria esse exemplo, minha presença naquela cidade, neste momento, teria sido inoportuna e me colocaria numa posição complicada ; que é provavelmente o motivo do conselho para que eu não fosse lá. Ora, eis em resumo a resposta:
“Tua presença teria sido para muitos adeptos uma oportunidade para se manifestarem, por se sentirem obrigados a isso por devotamento; teria sido um pretexto para exercer contra eles perseguições que tinham de ser evitadas neste momento, porque é preciso reservar as forças para mais tarde. Os adversários esperam tua chegada para isso, e os falsos confrades teriam aproveitado a ocasião. Tua ausência frustrou seus projetos. Eis por que tu não devias ir, e por que de todas as maneiras serias impedido de ir até lá.”
Tu mostrarás esta resposta ao senhor d’Ambel e lhe dirás que eu ficaria muito grato se Erasto, a Verdade ou outro bom Espírito quisessem me dar uma comunicação em meu retiro.
Peço que escrevas ao senhor Le Toullie para lhe dizer que, em minha ausência, ele indique ao Havre o senhor Bodier, empregado do correio, como confrade em espiritismo, podendo colocá-lo em contato com outros espíritas. Escrevas também ao senhor Lachâtre [dizendo] que estou ausente até o final do mês, e que somente quando eu voltar poderei me ocupar com o objeto de seu pedido.
Creio, como tu, querida Amélie, que seria melhor na Bélgica do que na França.
Tu poderias, quando passar pelos correios, certificar-te de qual país é a carta registrada para o meu endereço. Se for de Milão, é sem dúvida da senhora Dal Verme. Diz que, por estar em viagem, eu a retirarei ao voltar, caso não haja meio de tu mesma a receberes, e neste caso pergunta qual seria esse meio. Pede ao senhor d’Ambel para escrever uma palavra à senhora Dal Verme para lhe explicar o motivo pelo qual ele não acusou recepção. Escreve-lhe: à senhora Marquesa de Rosales, nascida Cygulini 14
Eu te enviarei em minha próxima carta o conteúdo da resposta a ser dada pelo senhor d’Ambel à senhora Collignon .
Pede para deixar o menos possível de cartas sem resposta.
Escrevendo ao senhor Villon para lhe dizer que não irei a Lyon, como ele insistia de uma maneira muito afável para que tu fosses, eu lhe disse que um assunto de família te obrigava a ir para uma direção oposta, o que te impedia de responder ao seu gracioso convite. Eu te digo isto para que, se for o caso, quando tu lhe escreveres, digas a mesma coisa.
Com exceção do bom e do mau tempo, as novidades de minha parte são bem restritas, e por isso termino minha carta dizendo-te que estou bem, e trabalhando sempre intensamente.
A tempestade parece acalmar-se um pouco; o sol aparece, mas o horizonte ainda está carregado de nuvens de mau agouro.
Adeus, querida Amélie, eu te abraço com todo o coração, pedindo que me escrevas com frequência e recomendando que te poupes.
H. L. D. Rivail
Fica entendido que envio meus cumprimentos a todos ; senhor d’Ambel, senhor Canu em particular.
Estou muito grato à Marie por ter ido te esperar na estação; é uma boa atenção da parte dela pela qual lhe agradeço.
Por algum tempo eu dava ao senhor d’Ambel 60 francos por mês; ainda está previsto para o mês de agosto.
{Não te esqueças de colocar no endereço de tuas cartas rue de la plage ; eu havia esquecido.}


S.te Adresse Dimanche 6 7bre 1863.
Ma chère Amélie,
Je te suis bien bon gré de ton exactitude à m’avoir écrit, malgré les occupations que tu as dû avoir ce jour là ; je n’étais pas inquiet, parce que je sais que les bons Esprits nous protègent ; cependant j’étais bien aise d’apprendre ton arrivée sans encombre. Je suis allé le jour même porter ton petit mot à M.me Foulon et Mambaret qui t’en remercient. J’y ai déjeuné, et au moment de partir est arrivée une pluie battante qui m’a forcé de prendre l’omnibus ; c’était le prélude d’une effroyable tempête qui dure encore. On ne peut se faire une idée du vacarme jour et nuit ; c’est à réveiller les morts, à plus forte raison les vivants. Je commence à m’habituer aux secousses de ma barraque. C’est vraiment un beau spectacle d’avoir cela sous sa fenêtre, et d’être à l’abri.
Étant chez M.me Foulon, M.me Mambarel a eu l’obligeance de me donner une communication après déjeuné, à propos du mandement de l’Évêque d’Alger, dont M.r d’Ambel me donne l’analyse. Elle est ce qu’on doit penser ; mais le plus intéressant, c’est qu’ayant émis l’opinion que probablement l’archevêque de Lyon allait suivre cet exemple, ma présence en cette ville à ce moment là eut été inopportune et m’eût mis dans une fausse position ; que c’est probablement le motif qui m’a fait conseiller de n’y pas aller. Or voici en substance la réponse :
« Ta présence eût été pour beaucoup d’adeptes une occasion de se manifester, ce à quoi ils se seraient crus obligés par dévoûment ; c’eût été un prétexte d’exercer contre eux des persécutions qu’il fallait éviter en ce moment, parce qu’il faut réserver les forces pour plus tard. Les adversaires attendaient ton arrivée pour cela, et les faux frères en auraient profité. Ton absence a déjoué leurs projets. Voilà pourquoi tu ne devais pas y aller, et pourquoi de toutes manières tu en aurais été empêché. »
Tu donneras connaissance de cette réponse à M.r d’Ambel, et tu lui diras que je serais bien aise qu’Eraste, la Vérité ou tout autre bon Esprit voulût bien me donner une communication dans ma retraite.
Prie-le d’écrire à M.r Le Toullie de lui dire qu’en mon absence il lui indique au Havre M.r Bodier employé à la poste, comme confrère en spiritisme, et pouvant le mettre en rapport avec d’autres spirites. Écris également à M.r Lachâtre que je suis absent jusqu’à la fin du mois, et que ce ne sera qu’à mon retour que je pourrai m’occuper de l’objet de sa demande.
Je crois, comme toi, chère Amélie, qu’il serait mieux en Belgique qu’en France.
Tu pourrais en passant vers la poste, t’assurer de quel pays est la lettre chargée à mon adresse. Si elle est de Milan, il n’y a pas de doute qu’elle vient de M.me Dal Verme . Dire qu’étant en voyage, je la retirerai à mon retour, à moins qu’il n’y ait un moyen de la recevoir toi-même, et dans ce cas demander quel serait ce moyen. Prier M.r d’Ambel d’écrire un mot à M.me Dal Verme pour lui expliquer la cause pour laquelle il ne lui en a pas été accusé réception. Lui écrire : à M.me la Marquise Rosales née Cygulini 14 <son spirito> à Milan. Je t’enverrai dans ma prochaine lettre la substance de la réponse à faire par M.r d’Ambel à M.me Collignon.
Le prier de laisser le moins possible de lettres sans réponse.
En écrivant à M.r Villon pour lui annoncer que je n’irai pas à Lyon, comme il insistait d’une manière tout aimable pour que tu y allasses, je lui ai dit qu’une circonstance de famille t’obligeait à aller d’un côté tout opposé, ce qui te privait de répondre à leur gracieuse invitation. Je te dis cela afin que, le cas échéant, où tu devrais leur écrire, tu dises la même chose.
À l’exception du bon et du mauvais temps, les nouvelles de mon côté sont fort restreintes, c’est pourquoi je clos ma lettre en te disant que je me porte très bien, et travaille toujours à force.
La tempête semble un peu se calmer ; le soleil paraît, mais l’horizon est encore chargé de nuages de mauvais augure.
Adieu chère Amélie, je t’embrasse de tout cœur en te priant de m’écrire souvent, et te recommandant de te ménager.
H. L. D. Rivail
Il est entendu que je dis bien des choses à tout le monde ; M.r d’Ambel, M.r Canu en particulier.
Je suis bien bon gré à Marie d’être allée t’attendre à la gare ; c’est une bonne attention de sa part dont je la remercie.
Depuis quelque temps je donnais à M.r d’Ambel 60 fr. par mois ; c’est resté dû pour le mois d’août.
{N’oublie pas de mettre sur l’adresse de tes lettres rue de la plage j’avais oublié.}
[44] | 25/07/1863 | Rascunho de carta para o senhor Varey |
[135] | 03/09/1863 | Carta de Amélie Gabrielle Boudet [em andamento] |
[220] | 03/09/1863 | Carta de Amélie Gabrielle Boudet para Allan Kardec |
[234] | 09/09/1863 | Carta de Amélie-Gabrielle Boudet para Allan Kardec |
[185] | 11/09/1863 | Carta de Allan Kardec para Amélie Boudet |
[136] | 14/09/1863 | Carta de Amélie Gabrielle Boudet [em andamento] |