Manuscrito

Comunicação [18/03/1864]

Senhora Costel. Estudos sobre a unidade. 18 de março de 64.

Há grandes vínculos entre os fenômenos da natureza e os fenômenos morais. Sua unidade indiscutível, provada desde o princípio rudimentar até o desenvolvimento dos seres e das coisas, mostra, em toda a criação, o emprego dos mesmos meios. - A planta, as próprias pedras são os embriões do reino animal que se eleva do ácaro ao elefante. - A matéria animada não ultrapassa os instintos, que são os primeiros e ínfimos degraus da raça humana ligada por eles à cadeia dos seres, que não sofre nenhuma lacuna.

Esse magnífico tema de estudo foi colocado diante dos olhos do homem para que suas origens obscuras lhe revelem o trabalho constante do progresso, e lhe provem até a evidência, que seu ser tão confuso, tão complexo, tão estranhamente misturado de belo e de abjeto, não pode ser a última palavra da obra divina. Exemplo inútil!, o orgulho humano, preenchendo os espaços que o separam da meta, o prendeu até a eternidade que ele acredita ter conquistado durante sua curta provação. Pobre efêmero!, que não vê deitar o sol cuja aurora ele entreviu!

As revelações sucessivas feitas à humanidade ocorrem lentamente ao longo dos séculos que as transmitem ao engrandecê-las, porque a inteligência obedece a leis de perfeição tão rigorosas quanto todas as leis físicas. Os filósofos e pensadores seguidores desse princípio devem estudar a origem de uma crença antes de respondê-la ou de admiti-la. Se, remontando o curso da história, eles não encontrarem nenhum traço precursor da ideia que estudam, se eles não a encontram em germe anunciado e predito, se eles não podem dizer: “Elas eram antes que nós fossemos”, eles não serão culpados de abandoná-la à sua boa ou má fortuna.

Se, ao contrário, as provas da sua viabilidade forem se acumulado, como para o espiritismo, esses filósofos e esses pensadores serão insensatos por não se iluminarem ante à luz que brilha junto deles.

Antes e desde a aurora do cristianismo, homens se prestam a ouvir as vozes interiores que os mergulhavam no êxtase. Os profetas, os apóstolos, os solitários, os ascetas sentiram arrepios na carne pelo contato da inspiração que os tornaram precursores da revelação espírita, alternadamente obscurecida e revelada; assim, na primavera, a misteriosa seiva corre e vivifica a natureza que parecia exausta; a árvore desfolhada põe a sua folhagem, e o claro raio reencontra a sombra; assim, um pensamento que parecia engolido pelo inverno de séculos reaparece brilhante [3] de forças adquiridas em um repouso fecundo.

O egoísta cético, o solitário inútil, lentamente transformados, tornam-se o filósofo tolerante e o espírita devotado, que também ouve as vozes do céu, mas para repeti-las como um eco sonoro aos seus irmãos aflitos, cujas dores ele assiste.

Eu lhe digo a verdade, a manifestação dos poderes físicos da matéria animada se conecta intimamente ao princípio espiritual, do qual a humanidade é o signo inferior e progressivo. Estude, assim, a unidade, primeira e última palavra da criação ascendente.

Lazaro.

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Mme Costel. Étude sur l’Unité. 18 Mars 64.

Il existe de grands rapports entre les phénomènes de la nature et les phénomènes moraux. Leur incontestable unité, prouvée depuis le principe rudimentaire jusqu’au développement des êtres et des choses, montre, dans toute la création, l’emploi des mêmes moyens. - La plante, les pierres mêmes, sont les embryons du règne animal qui s’élève du ciron à l'éléphant. - La matière animée ne dépasse pas les instincts qui sont les premiers et infimes degrés de la race humaine reliée par eux à la chaîne des êtres qui ne souffre aucune lacune.

Ce magnifique sujet d’études a été placé sous les yeux de l’homme afin que ses obscures origines lui révèlent le travail constant du progrès, et lui prouvent, jusqu’au à l’évidence que son être si confus, si complexe, si étrangement mêlé de beau et d’abject, ne peut être le dernier mot de l’œuvre divine. Exemple inutile ! l’orgueil humain comblant les espaces qui le séparent du but s’élance jusqu’au l’éternité qu’il croit avoir conquise pendant sa courte épreuve. Pauvre éphémère ! qui ne voit pas coucher le soleil dont il a entrevu l’aube !

Les révélations successives faites à l’humanité courent lentement pendant des siècles qui se les transmettent [2] en les grandissant, parce que l’intelligence obéit à des lois de perfectibilité aussi rigoureuses que le sont les lois physiques. Les philosophes et les penseurs, ]partant[1 de ce principe, doivent étudier l’origine d’une croyance avant de la repousser ou de l’admettre. Si, remontant le cours de l’histoire, ils ne rencontrent aucune trace ]précursive[2 de l’idée qu’ils étudient, s’ils ne la trouvent pas en germe annoncée et prédite, s’ils ne peuvent pas dire : « Elle était avant que nous fussions », ils ne seront pas coupables de l’abandonner à sa fortune bonne ou mauvaise.

Si, au contraire, les preuves de sa viabilité sont accumulées comme pour le spiritisme, ces philosophes et ces penseurs seront insensés de ne pas s’éclairer à la lumière qui brille auprès d’eux.

Avant et depuis l’aurore du christianisme, des hommes ont prêté l’oreille aux voix intérieures qui les plongeaient dans l’extase. Les prophètes, les apôtres, les solitaires, les ascètes, ont senti frissonner leur chair au contact de l’inspiration qui les faisait précurseurs de la révélation spirite, tour à tour obscurcie et dévoilée ; ainsi au printemps, la sève mystérieuse court et vivifie la nature qui semblait épuisée ; l’arbre dépouillé revêt son feuillage, et le clair rayon retrouve l’ombre ; ainsi une pensée qui semblait engloutie sous l’hiver des siècles reparaît brillante [3] des forces acquises dans un repos fécond.

L’égoïste ascétique, le solitaire inutile, lentement transformés, deviennent le philosophe tolérant ou le spirite dévoué qui lui aussi entend les voix du ciel, mais pour les redire comme un écho sonore à ses frères affligés dont il assiste les douleurs.

Je vous le dis en vérité, la manifestation des puissances physiques de la matière animée se relie étroitement au principe spirituel, dont l’humanité est le signe inférieur et progressif. Étudiez donc l’unité, premier et dernier mot de la création ascendante.

Lazare.


  1. Caligrafía atribuída a Allan Kardec.↩︎

  2. Caligrafía atribuída a Allan Kardec.↩︎

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