Manuscrito
Senhorita Chedeaux
10 de Novembro
A Mediunidade ]1[
A mediunidade é a faculdade que possibilita ao espírito encarnado comunicar-se com as almas ou Espíritos daqueles que deixaram a Terra. O encarnado torna-se também instrumento de suas manifestações e chama-se médium, ou seja, intermediário, já que no ato mediúnico ele traduz as palavras ou os movimentos dos Espíritos com os quais se coloca em ligação fluídica, segundo, no entanto, o que suas faculdades lhe permitam.
Essa faculdade é perigosa ou benéfica, dependendo se é posta em ação por Espíritos ruins ou por Espíritos benevolentes e avançados. Nós examinaremos e estudaremos seus efeitos, e tentaremos, fazendo-a ser bem compreendida, neutralizar seu lado ruim, que só o é porque a humanidade é ignorante e materialista.
Digamos, a princípio, que a mediunidade se exerce por influência dos fluidos materiais do perispírito do Espírito desencarnado, agindo através da união e da similaridade com o do encarnado. Assim, um [Espírito] encarnado material tem fluidos perispirituais materiais que dominam os fluidos espirituais, e ele encontrará união maior com um Espírito material do que com um espiritualizado. É por isso que é muito raro que os Espíritos superiores <comuniquem-se> diretamente convosco, pois há pouquíssimos homens suficientemente desmaterializados a ponto de seu sistema fluídico estar em ligação com aquele dos Espíritos superiores, o que não impede, no entanto, que os pensamentos superiores cheguem a vós, mas por intermédio de um Espírito bom e benevolente, que é, então, ele mesmo médium do Espírito superior que foi chamado ou que quis vos instruir.
Aqui, farei uma observação: o Espírito familiar que traduz o pensamento elevado do Espírito superior, o faz de acordo com seu adiantamento e com o meio que lhe fornece o médium, o que faz com que, apesar da assinatura de nomes ilustres, não encontremos sempre relação e identidade. É nesse caso que precisamos encontrar a ideia e o pensamento que estão mais ou menos bem expressos e julgá-los…
Voltemos.
/2/ Voltemos à nossa explicação da formação da ação mediúnica.
Para todo homem, nos atos ordinários da vida, é o pensamento que precede a manifestação, sendo a vontade primitiva do espírito uma dessas faculdades.
O espírito deseja ler, caminhar, descansar etc.: instantaneamente o fluido espiritual agiu sobre o fluido material, o qual, por sua vez, influenciou o aparelho nervoso, que pôs em funcionamento os membros do homem; sua mão agarrou um livro, seus joelhos colocaram-se em movimento para caminhar ou dobraram-se para sentar-se etc. Foi, portanto, pela vontade expressiva do espírito que cada efeito se cumpriu, e essa realização decorreu do trabalho fluídico.
No ato mediúnico, colocando-se em comunicação com um espírito externo, você coloca ao seu serviço o seu aparelho fluídico material e espiritual, mas deve apenas emprestá-lo, e não se desapropriar dele, de modo algum, em seu benefício; deve conservar sua liberdade de julgar; emprestar seus sentidos, mas permanecer si mesmo, livre para ver como foram utilizados e dominados, para os remover ou deixá-los à disposição do espírito desencarnado.
Então, tendo emprestado seu aparelho fluídico ao espírito externo, ele o utiliza como se este o pertencesse, e age como um inquilino em uma casa alugada, servindo-se de tudo que pode ser favorável a suas manifestações. Se o Espírito for bom, ele o utilizará para o seu bem e a sua instrução; se ele for ruim, ele o utilizará para o mal. Daí a necessidade de conservar-se livre em tua casa, para demitir e caçar esse perturbador, como o proprietário expulsa um mau inquilino.
Mas, se por ignorância ou fraqueza você deixar esse espírito se impor em sua casa, ele usará todo seu poder para contrariar e anular a sua vontade; se ele encontrar em seus fluidos materiais fortes afinidades com os dele, estará perdido, pois ele se tornará seu mestre e substituirá você, de certo modo, dominando seus próprios pensamentos, e mesmo teu corpo, se a dominação for completa. Depois, é muito difícil, tornar-se mestre dele, pois somente a sua /3/ vontade seria forte o bastante para fazê-lo, mas você não a controlaria mais… É por isso que é essencial buscar a mediunidade apenas quando estamos bem instruídos quanto aos perigos que ela apresenta, os quais desaparecem uma vez que tenhamos estudado.
A Vontade é o poder supremo, com ela não encontramos nenhuma barreira, pois ela mesma se abaixa diante desta vontade firme e persistente. A vontade é tão forte no bem quanto no mal, e quando duas vontades combinadas colidem, o combate pode ser longo e penoso; mas toda vontade espiritual firmemente pronunciada deve vencer em um dado momento, pois ela cresce a partir da força que lhe é oferecida pela desmaterialização do desencarnado que a põe em prática.
Quando um Espírito ruim ou leviano se apropria do aparelho mediúnico de um encarnado, isso se chama “obsessão”.
No caso em que o espírito externo não passa de um incômodo, de um obstáculo para a manifestação de outros Espíritos, quando não força sua obsessão a ponto de neutralizá-lo, existe a possibilidade de lutar contra ele, ou de o desalojar. Mas quando já tornou-se patrão em sua casa, identificou-se com sua natureza fluídica de maneira completa, naturalmente má, são necessários longos estudos, um grande trabalho de desmaterialização de si mesmo e de vontade, para conseguir repeli-lo e caçá-lo completamente.
Pois, compreenda bem, ele age sobre você através de seu fluido material dominando seu fluido espiritual, desde que você não diminua suas forças; mas, ao contrário, se você se espiritualizar e lhe colocar uma forte vontade contrária, repulsiva, diminuiria as forças dele, e a sua aumentará à medida que ele tiver menos poder sobre você.
Eis porque a melhoria moral tem um grande poder sobre a saúde da mediunidade e nos casos de obsessão, embora a ação mediúnica pareça ser /4/ apenas um efeito físico independente da moralidade do encarnado. A mediunidade não é um efeito físico simples, mas um dos efeitos de uma lei natural; ora, sendo todas as leis naturais de duas naturezas, fluídicas ou materiais, haverá sempre união e concordância, e o homem deve aplicar todas as suas faculdades no estudo dessas leis, que o concedem a chave da imensidão e que o farão se elevar cada vez mais através do conhecimento racional dessas leis admiráveis e divinas.
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Mlle. Chedeaux
10 Novembre -
La Médiumnité ]1[
La médiumnité est la faculté qui possède l’esprit incarné de se mettre en rapport avec les âmes ou Esprits de ceux qui ont quitté la terre. L’incarné devient aussi l’instrument de leurs manifestations et se nomme médium, c’est-à-dire intermédiaire, puisque dans l’acte médiumnique il traduit ou les paroles et mouvements des Esprits avec lesquels il se met en rapport fluidique, selon toutefois que ses facultés s’y prêtent.
Cette faculté est dangereuse ou salutaire suivant qu’elle est mise en action par des Esprits mauvais, ou des Esprit bienveillants et avancés. Nous examinerons et étudierons ses effets et nous tâcherons en le faisant bien comprendre, de neutraliser son côté mauvais, qui ne l’est que parce que l’humanité est ignorante et matérielle.
Disons d’abord que la médiumnité s’exerce par l’influence des fluides matériels du périsprit de l’esprit désincarné agissant par union et similitude avec <ceux> de l’incarné. Ainsi, un incarné matériel a les fluides périspiritaux matériels, dominant les fluides spirituels, et il se trouvera en union plus grande avec un esprit matériel qu’avec un Esprit spiritualisé. De là vient qu’il est très rare que des Esprits supérieurs <correspondant / correspondent> directement avec vous, parce qu’il est bien peu d’hommes assez dématérialisés pour que leur système fluidique soit en rapport avec celui des Esprit supérieurs, ce qui n’empêche pas cependant que les pensés supérieures arrivent à vous, mais par l'intermédiaire d’un Esprit bon et bienveillant qui est alors lui médium de l’Esprit supérieur qui a été appelé ou qui a voulu vous instruire.
Ici, je ferai remarquer que l’Esprit familier qui traduit la pensée élevée de l’Esprit supérieur la traduit selon son avancement et les moyens que lui fournit le médium, ce qui fait que malgré la signature de noms illustres, on ne trouve pas toujours rapport et identité, c’est dans ce cas qu’il faut dégager l’idée et la pensée qui sont plus ou moins bien exprimées et les juger……
Revenons
/2/ Revenons à notre explication de la formation de l’action médiumnique.
Pour tout homme, dans les actes ordinaires de la vie, c’est la pensée qui précède la manifestation. La volonté primitive de l’esprit, étant une de ses facultés.
L’esprit veut lire, marcher, se reposer <&a> [etc.] instantanément le fluide spirituel a agi sur le fluide matériel, lequel à son tour, a influencé l’appareil nerveux qui a mis en activité les membres de l’homme, et sa main a saisi un livre, et ses jambes se sont mises en mouvement pour marcher, ou se sont pliées pour s’asseoir et <&&> [etc.]. C’est donc par la volonté expressive de l’esprit que chaque effet s’est accompli et cet accomplissement a eu lieu par le travail fluidique.
Dans l’acte médianimique, en vous mettant en rapport avec un esprit étranger, vous mettez à son service votre appareil fluidique matériel et spirituel, mais vous ne devez que le lui prêter et non vous en déposséder en quelque sorte à son profit ; vous devez conserver votre liberté de juger ; vous prêtez vos sens, mais vous devez rester vous, libre de voir comment on s’en est servi et maître de les retirer ou de les laisser à la disposition de l’esprit désincarné.
Donc, ayant prêté votre appareil fluidique à l’esprit étranger, il s’en sert comme s’il lui appartenait, et agit comme un locataire dans une maison louée, en se servant de tout ce qui peut lui être favorable pour ses manifestations. S’il est bon Esprit, il en usera pour votre bien et votre instruction ; s’il est mauvais, il l’emploiera en mal, et c’est là qu’est la nécessité de se conserver libre chez soi pour renvoyer et chasser ce perturbateur comme le propriétaire renvoie un mauvais locataire.
Mais si par ignorance ou faiblesse, vous laissez prendre pied chez vous par cet esprit, il use de tout son pouvoir pour contrecarrer et annuler votre volonté ; s’il rencontre dans vos fluides matériels des affinités fortes avec les siens, vous êtes perdu car il devient votre maître et se substitue à vous en quelque sorte, en maîtrisant vos propres pensées et même votre propre corps si sa domination est complète. Il est bien difficile alors de s’en rendre maître, car il n’y a que /3/ votre volonté qui soit assez puissante pour le faire, et vous n’en avez plus… C’est pourquoi il est bien essentiel de ne chercher la médiumnité que lorsqu’on est instruit des dangers qu’elle présente, dangers qui disparaissent lorsque l’on a étudié.
La Volonté est la puissance suprême, avec la volonté on ne trouve aucune barrière, car <elles> s’abaissent d’elles-mêmes devant cette volonté ferme et persistante. La volonté est aussi puissante dans le mal que dans le bien, et quand deux volontés combinées se heurtent, le combat peut être long et pénible ; mais toute volonté spirituelle bien fermement prononcée, doit vaincre dans un temps donné parce qu’elle s’accroît, de la force que lui donne la dématérialisation de l’incarné qui la met en œuvre.
Lorsqu’un Esprit mauvais ou léger s’est approprié l’appareil médiumnique d’un incarné, cela s’appelle : obsession.
Dans le cas ou l’esprit étranger n’est qu’une gêne, un obstacle à la manifestation d’autres Esprits, quand il ne pousse pas son obsession jusqu’à vous neutraliser, il y a possibilité de lutter avec lui, car avec l’étude et le raisonnement on prend de la force et en la mettant en œuvre contre lui, on le déloge. Mais lorsqu’il s’est impatronisé chez vous, qu’il s’est identifié à votre nature fluidique d’une manière complète naturellement mauvaise, il faut de longues études, un grand travail de dématérialisation sur soi-même et de la volonté pour arriver à le repousser et à le chasser complètement.
Car comprenez bien, il agit chez vous par votre fluide matériel dominant votre fluide spirituel, tant que vous ne diminueriez pas ses forces ; mais si au contraire vous vous spiritualisez et que vous lui opposiez une forte volonté contraire, répulsive vous diminuerez ses forces et la vôtre augmentera d’autant plus qu’elle agira moins puissamment sur vous.
Voilà pourquoi l’amélioration morale a une grande puissance sur la santé de la médiumnité et dans les cas d’obsession quoique l’action médiumnique paraisse n’être /4/ qu’un effet physique indépendant de la moralité de l’incarné. La médiumnité n’est pas un effet physique simple, mais un des effets d’une loi naturelle ; or toutes les lois naturelles étant de deux natures, fluidiques et matérielles, il y a union et concordance toujours, et l’homme doit appliquer toutes ses facultés à l’étude de ces lois qui lui donneront la clé de l’immensité et le feront s’élever de plus en plus par la connaissance raisonnée de ces lois admirables et divines.
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