Manuscrito
Paris, 18 de setembro de 1863.
Estou muito feliz, meu bom amigo, por pensar que, em alguns dias, estaremos juntos. Agradeço pelo interesse que tens em minha saúde; ela está excelente; eu me alimento como um ogro. No Havre, eu não estava confortável, não pude me acostumar a fazer três refeições por dia, de modo que <nunca> tinha fome. O senhor d’Ambel tinha recebido, de Tours, algumas provisões que ele me ofereceu para compartilhar. Jantei lá ontem; ele me deu seu braço na ida e fez questão de me acompanhar na volta; foi muito amável. A senhora veio me visitar alguns dias antes. Bebemos à tua saúde e falamos muito de ti. A senhora Levent também me visitou, e queria que eu partisse com eles, no sábado, para passar o domingo em sua casa de campo. Ela insistiu de maneira muito graciosa, mas isso teria me incomodado muito, pois ainda tenho afazeres na Avenida de Ségur; portanto, se eu sair bem cedo, pretendo ir jantar com Anaïs, que não vejo desde a minha volta. A mãe Henry veio jantar na terça-feira e me apresentou o filho de Jules <Baissé>, que deseja estudar a doutrina. O pobre rapaz ainda está muito magro e bem raquítico, mas tem muito bom tom e é muito gracioso e inteligente. Eu dei-lhe a pequena brochura.
O senhor Herrenschneider trouxe seu segundo artigo. O senhor Marouseau enviou por um amigo uma resposta para ser inserida na revista, visto que ele estava muito interessado que ela aparecesse no próximo número, provavelmente para dar publicidade a sua nova brochura, que foi encadernada pelo senhor Vezy pai. Eu disse a ele que teu número de outubro foi impresso; depois disso, tu farás o que julgar conveniente.
Uma carta do senhor <Karvinsky>, que te envia sua fotografia e recomenda orações espíritas ao senhor <Demedossir>, que acaba de ser preso por ter dado asilo a seus irmãos.
O carteiro decidiu fazer-me assinar as cartas /2/ registradas. Recebi três delas: a primeira era da senhora Rosalès, contendo 20 francos pelas assinaturas de Lyon e Bordeaux; a segunda, do senhor <Karvinsky>; e uma terceira sem valor.
Recebemos esses dias um artigo de Jourdan sobre o livro de Michel. Ele começa dizendo que Michel não é espírita, e a resenha é tão espírita quanto possível.
A senhora Costeau veio me ver; dei-lhe 10 francos, dizendo que, se precisasse, ela poderia ter certeza de que a ajudaríamos. Seu marido era capataz, seu patrão veio ao enterro e ela acredita que ele pagará seu aluguel. Eu procurava um meio de estabelecê-la: ela não sabe ler, o que a impediria de ser governanta; como doméstica, ela saberia se portar. Acredito que o melhor seria tentar que o senhor Prevost a aceitasse em seu estabelecimento, onde ela poderia ser útil. Ela tem, do lado de Mans, um irmão e uma irmã que não estão felizes e que, consequentemente, não podem vir ajudá-la; nós falaremos disso.
Eu havia encontrado utilidade para os 200 francos como um empréstimo ao senhor <Bielké>, que me veio pedir tal soma até o fim do mês; ele a devolverá em três meses.
Vi um senhor Demoulin, que é médium e está em contato com os dois assinantes que tu conheces. Ele me falou de fatos curiosos, cujos detalhes pedi que te enviasse.
Tive muitas visitas que me incomodaram; a senhora Robyns está no salão; pedi-lhe permissão para terminar.
Adeus, então, com sincero prazer de te beijar. Toda tua, de coração. Amélie.
/1/ {Brun tira daqui sua pobre esposa; ela não está bem, sofre muito com dores do lado.}
/2/ {Esqueci de pedir à senhora Tombaret para <reciclar para mim 1’ de tapioca>. Se pensares a respeito, fala com ela sobre isso. Os senhores d’Ambel e Canu te mandam mil elogios.}


Paris le 18 7bre 1863
Je suis bien heureuse, mon bon ami de penser que dans quelques jours nous serons réunis, je te remercie de l’intérêt que tu prends à ma santé ; elle est excellente je mange comme un ogre ; au Havre je n’étais pas à mon aise, je n’ai pas pu m’habituer à faire 3 repas par jour, de sorte que je n’avais <j’avais> [jamais] faim. M. d’Ambel avait reçu de Tours quelques provisions qu’il m’a invité à partager, j’y ai diné hier, il m’a donné son bras pour aller & a absolument voulu m’accompagner pour le retour, c’est très aimable ; Mme était venue me rendre visite quelques jours avant. Nous avons bu à ta santé et avons beaucoup parlé de toi ; Mme Levent m’a fait aussi visite et voulait que je partisse avec eux samedi pour passer le dimanche à leur campagne, elle a insisté d’une manière très gracieuse, mais cela m’aurait trop dérangé, j’ai encore à faire à l’Avenue de Ségur ; si je puis sortir assez tôt j’ai le projet d’aller <dîner> aujourd’hui avec Anaïs que je n’ai pas encore vue depuis mon retour. La mère Henry est venue <dîner> mardi, elle m’a présenté le fils de Jules <Baissé> qui a le désir d’étudier la doctrine, le pauvre jeune homme est toujours bien maigre & bien rachitique mais il a très bon ton et est très gracieux et intelligent. Je lui ai donné la pte brochure.
M. Herrenschneider a apporté son second article. M. Marouseau a envoyé par un ami une réponse à insérer dans la revue, ayant vu qu’il tenait beaucoup à ce qu’elle parut dans le prochain n° pour probablement donner de la publicité à sa brochure nouvelle, qui a été brochée chez M. Vezy père. Je lui ai dit que ton numéro d’8bre était imprimé ; après cela tu feras ce que tu jugeras à propos.
Une lettre de Mr <Karvinsky>, qui t’envoie sa photographie & qui recommande aux prières des spirites Mr <Demedossier> qui vient d’être mis en prison pour avoir donné asile à ses frères <.>
Le facteur s’est décidé à me faire signer les lettres /2/ chargées, j’en ai reçu trois, la 1ère était de Mme Rosalès contenant 20 f pour les abts de Lyon et Bordeaux, la 2 de Mr <Karvinsky> et une 3e sans valeur.
Nous avons eu ces jours-ci un article de Jourdan sur le livre de Michel, il commence par dire que Michel n’est pas spirite, & le compte-rendu est spirite autant que possible.
Mme Costeau est venue me voir, je lui ai donné 10 f en lui disant que si elle en avait besoin qu’elle pouvait être sûre qu’on l’aiderait ; son mari était contremaître, son patron est venu à l’enterrement et elle pense qu’il payera son loyer ; je cherchais le moyen de la caser : elle ne sait pas lire ce qui l’empêcherait d’être concierge ; comme domestique saura-t-elle s’y mettre, je crois que ce qu’il y aurait de mieux ce serait de tâcher que M. Prevost la prît dans son établissement où elle pourrait s’utiliser, elle a du côté du Mans un frère et une sœur qui ne sont pas heureux & par conséquent qui ne peuvent pas venir en aide ; nous causerons de cela.
J’avais trouvé l’emploi des 200 f comme prêt à Mr <Bielké> qui est venu me demander cette somme pour la fin du mois ; il la rendrait dans 3 mois.
J’ai vu un Mr Demoulin qui est médium et en rapport avec les deux abonnés que tu connais, il m’a parlé de faits curieux que je l’ai prié de t’envoyer les détails.
J’ai eu beaucoup de visites qui m’ont dérangée, Mme Robyns est au salon je lui ai demandé la permission de finir.
Adieu donc au plaisir bien vrai de t’embrasser. Toute à toi de cœur. Amélie.
/1/ {Brun sort d’ici sa pauvre femme ne va pas bien elle est très souffrante de douleurs au côté.}
/2/ {J’ai oublié de prier Mme Tombaret de me <recicler 1’ de Tapioca>. Si tu y penses parle-lui en. MM. d’Ambel & Canu te font mille compliments.}
[136] | 14/09/1863 | Carta de Amélie Gabrielle Boudet [em andamento] |
[186] | 15/09/1863 | Carta de Allan Kardec para Amélie Boudet |
[273] | 15/09/1863 | Carta de Allan Kardec para Amélie-Gabrielle Boudet |
[187] | 21/09/1863 | Carta de Allan Kardec para Amélie Boudet |
[45] | 02/11/1863 | Rascunho de carta para o senhor Louis Jourdan |
[290] | 10/11/1863 | Comunicação |