Manuscrito
Sociedade
Quarto estudo sobre as transformações do ser
Sessão de 20 de maio de 1864
[Médium:] Senhor d’Ambel
Todos vós sois deuses, disse Jesus da Galileia aos que se aglomeravam ao seu redor para ouvi-lo.
Há nisso uma grande verdade, da qual, porém, nenhum de nós tem o direito de se orgulhar, pois todos os seres na natureza estão se movendo lentamente, mas de modo irrevogável para essa posição sobre-humana.
Ser deuses na época de Cristo não implicava, mais do que hoje, a ideia de afinidade com a divindade absoluta; ser deuses na humanidade significava, e ainda significa, a posse em si mesmo de reflexos mais ou menos desenvolvidos de algum atributo da divindade.
Qualquer que seja a origem da alma humana — tão diversa em suas funções individuais, tão múltipla em suas tendências pessoais e tão uniforme em suas funções gerais —, no momento em que chegou à região humana, ela se liberta para sempre de suas impurezas anteriores e de toda a escória do passado. A partir de então, tende irrevogavelmente, de acordo com suas aptidões e seus esforços nas formas pelas quais passou, para Deus por um progresso incessante.
Em seu advento na humanidade, a alma é moldada à imagem do Deus Criador. Neste ponto, todos os profetas bíblicos e pagãos estão de acordo: é, portanto, uma verdade. Ora, qual é a propriedade essencial do Altíssimo? É criar eternamente seres que devem viver e mover-se eternamente em ambientes cada vez mais avançados, em formas cada vez mais espiritualizadas, ao longo das etapas estelares. E essa ascensão incessante ao infinito durará para sempre, sem que jamais consigamos alcançar, é a minha convicção, o cume infinito em que o Eterno se move.
O homem criado à imagem de Deus é, portanto, Deus; consequentemente, ele é também criador. Esta verdade, que alguns poderão chamar de paradoxal, eu a afirmo e a defenderei, porque a sinto vivendo em mim como eu mesmo. Se a criação pela Divindade tem por objetivo o Espírito e a matéria, e todas as suas possíveis combinações, a criação pelo homem gera apenas a obra artística ou intelectual do pensamento; mas quando é um gênio quem a cria, é um monumento imortal que dá à humanidade o direito de se glorificar.
Um pensamento como o de Galileu — A Terra se move! — é uma criação imortal. Um novo pensamento nascido no cérebro de Isaías ou de Lamennais, de <Weber> ou de Michelangelo, é uma criação imortal: nada pode aniquilá-lo. O próprio Deus não pode mais apagar um pensamento generoso: fértil, por exemplo, como o da liberdade; amplo, como o da caridade; poderoso, como o do amor; imenso, como o da imortalidade. Esses pensamentos são sérios, reais, indestrutíveis. Eles têm sua razão de ser, pela única razão de que são. Eles têm sua utilidade pela única razão de terem sido emitidos. Eles têm um alcance e são uma representação de uma entidade espiritual ou material, porque, sem isso, não poderiam ser.
Enfim, é evidente que não se pode negar ou afirmar que uma coisa exista na realidade, seja no domínio ideal ou no domínio material. Portanto, foi correto repetir, depois de Cristo, que todos os homens tornar-se-iam deuses, ou seja, espíritos criadores, desfrutando, até certo ponto, da plenitude de autoridade que conquistaram por meio de vidas anteriores de provas intelectuais e de lutas materiais.
]Observações.[ Afirmo, assim, esses teoremas: o homem é Deus; o homem é criador. Eu o comprovo: ele cria pensamento. O pensamento criado não morre; ele é imortal! Muitos pensamentos são irmãs e se espelham umas nas outras; porque muitos homens são irmãos e irmãs e se refletem igualmente. O homem de gênio domina no sentido de que cria o pensamento superior: o pensamento germina, o pensamento-mãe irrompe-lhe como um reflexo dos mundos superiores e da Divindade. Prova-se uma ideia tanto pela negação quanto pela afirmação. Não se pode negar aquilo de que não se tem noção. Todas essas verdades são <básicas>; apoiando-se nelas, todos os raciocínios se consolidam.
Tudo isso, porém, não prejudica o que eu disse acima sobre as origens e as transformações do ser, chegado ao estado de homem pelas conquistas na vida inferior.
Vou continuar.
Erasto



Société
4e étude sur les transformations de l’être
Séance du 20 mai 1864
M. d’Ambel
Vous êtes tous des Dieux, disait Jésus de Galilée, à ceux qui se pressaient autour de lui pour l’entendre.
Il y a là une grande vérité, dont cependant, nul d’entre nous n'a le droit de s'enorgueillir; car tous les êtres dans la nature s’acheminent lentement, mais irrévocablement vers cette position surhumaine.
Être des Dieux au temps où parlait Christ ne comportait pas plus qu’aujourd’hui. l’idée d’affinité avec l’absolue Divinité; être des Dieux dans l’humanité signifiait et signifie toujours la possession en soi de reflets plus ou moins développés de certains attributs de la Divinité.
Quelque soit l’origine où l’âme humaine, si diverse dans ses fonctions individuelles, si multiple dans ses tendances personnelles, et si uniforme dans <ses> fonctions générales, ait pris sa source; du moment qu’elle est arrivée dans la région humanitaire, elle est affranchie à jamais de ses souillures antérieures et de toutes les scories du passé ; Elle tend dès-lors irrévocablement, suivant ses aptitudes et ses labeurs dans les formes qu’elle a traversées, vers Dieu par un progrès incessant.
A son avénement dans l’humanité, l’âme se trouve formulée à l’image du Dieu Créateur. Sur ce point, tous les prophètes Bibliques et païens sont d’accord : c’est donc une vérité. Or, quelle est la propriété essentielle du Très-Haut: c’est celle de créer éternellement des êtres qui doivent vivre et se mouvoir éternellement dans des milieux de plus en plus progressifs, dans des formes de plus en plus spiritualisées, à travers les étapes stellaires. Et cette ascension incessante vers l’Infini durera toujours, sans que nous puissions jamais atteindre, c’est ma conviction, le sommet infini où se meut l’Eternel.
L’homme créé à l’image de Dieu est donc Dieu ; conséquemment, il est aussi créateur. Cette vérité, que quelques-uns pourront traiter de paradoxale, je l’affirme et je la défendrai, parce que je la sens vivre en moi comme moi-même. Si la création par la Divinité a pour objectif l’Esprit et la matière, et toutes les combinaisons dont ceux-ci sont susceptibles ; la création par l’homme ne donne au produit que l’oeuvre artistique ou intellectuelle de la pensée ; mais quand c’est un génie qui l’enfante : c’est un monument immortel dont l’humanité a droit de se glorifier en lui.
Une pensée comme celle de Galilée : La terre se meut ! est une création immortelle. Une pensée neuve éclose dans le cerveau d’Isaïe ou de Lamennais, de <Weber> ou de Michel-Ange, est une immortelle création: rien ne peut l’anéantir. Dieu lui-même ne peut plus effacer une pensée généreuse : féconde, par exemple, comme celle de la liberté ; large, comme celle de la charité ; puissante, comme celle de l’amour ; immense, comme celle de l’immortalité. Ces pensées-là, sont sérieuses, /2/ réelles, indestructibles. Elles ont leur raison d’être, par la seule raison qu'elles sont. Elles ont leur utilité par le seul motif qu’elles ont été émises. Elles ont une portée et sont représentation d'une entité spirituelle ou matérielle, parce que sans cela, elles ne pourraient pas être. Enfin, il est évident qu’on ne peut nier ou affirmer qu’une chose qui existe en réalité, soit dans le domaine idéal, soit dans le domaine matériel. On a donc eu raison de répéter, après Christ, que tous les hommes devaient devenir des dieux, c’est-à-dire des Esprits créateurs, jouissant, dans une certaine étendue, de la plénitude d’autorité qu’ils ont conquise par des vies antérieures d’épreuves intellectuelles et de luttes matérielles.
]Remarques.[ J’affirme donc ces théorèmes : l’homme est Dieu ; l’homme est Créateur. Je le prouve: il crée la pensée. La pensée créée ne meurt plus ; elle est immortelle ! Beaucoup de pensées sont sœurs et se reflètent l’une l’autre ; parce que beaucoup d’hommes sont frères et sœurs et se reflètent également. L’homme de génie domine en ce sens qu’il crée la pensée supérieure ; la pensée germe, la pensée mère éclate en lui comme un reflet des hauts mondes et de la Divinité. Une idée se prouve autant par la négation que par l’affirmation. On ne [peut] pas nier ce dont on n’a pas la notion. Toutes ces vérités sont des <bases> ; en s’y appuyant, tout raisonnement se consolide.
Tout cela, néanmoins, ne préjudicie en rien à ce que j’ai avancé précédemment sur les origines et les transformations de l’être, arrivé à l’état d’homme par des conquêtes dans la vie inférieure.
Je continuerai.
Eraste