Manuscrito

Comunicação [07/11/1862]

]Sociedade

7 de novembro de 1862[

O Sol

X

Nossas considerações se estenderão, agora, ao sistema de mundos regido pelo Sol de vocês; descreveremos sucessivamente cada um dos astros que o compõem, e tomaremos a Terra como unidade de comparação.

No centro das órbitas planetárias, reside o astro gerador, de onde advêm as terras celestes que desdobram sua magnificência em seu imenso domínio. Não darei certas dimensões matemáticas exatas, que são imprecisamente apreciáveis aos nossos olhos; darei apenas o valor de seus respectivos elementos, considerados em relação aos elementos análogos do mundo de vocês. Direi, desse modo, que o Sol é incomparavelmente maior, em volume e em gravidade, do que todos os planetas do sistema reunidos; podemos observá-lo, em número aproximado, como um milhão de vezes maior e trezentas mil vezes mais pesado do que o globo terrestre. Essas quantidades numéricas são inferiores àquelas determinadas pelos cálculos astronômicos, pois estes não se baseiam em valores de uma exatidão absoluta, e um dia os dados agora aceitos serão modificados em função de novas pesquisas. Essas mesmas quantidades, no entanto, parecerão prodigiosas àqueles que não estão habituados a tais números; mas será fácil conceber não apenas a possibilidade, mas também a necessidade da predominância do Sol sobre os planetas, se considerarmos que, na universalidade dos sistemas siderais, esse astro representa, para ele mesmo, todo seu sistema, assim como, aos olhos de vocês, as estrelas que salpicam o arco azulado representam os sistemas estelares que a distância torna invisíveis aos seus olhos.

O globo solar é um corpo sólido, obscuro, opaco como todos os corpos celestes; está cercado por uma imensa atmosfera, sobre a qual se estende um invólucro fotogênico, fonte da luz e do calor que ele derrama incessantemente ao seu redor no espaço. As manchas são formadas pelo topo das montanhas que, às vezes, a fotosfera rebaixada deixa descoberto. Neste mundo perpetuamente luminoso, não se conhece a claridade sombria dos dias terrestres, nem a noite fria e tenebrosa; a vicissitude das estações, a disparidade dos climas e as intoleráveis mudanças de temperatura nunca lançaram suas sombras sobre esse astro radiante, onde reina uma eterna perpetuidade de criação e de vida.

Assim como o Sol, mestre de um imenso império, supera os membros de sua corte em poder e esplendor, sua habitabilidade também é muito superior à de todos os astros planetários. Seus filhos são privilegiados tanto na ordem moral quanto na ordem física; a luz resplandecente que desce de seu céu transparente e decora perpetuamente sua morada não é, para eles, um obstáculo à sua existência física nem à sua vida intelectual. Essa iluminação brilhante, estonteante para seus olhos terrestres, é seu ambiente ordinário, sua atmosfera diária. As leis físicas ensinam-lhes que um homem terrestre transportado para o Sol pesaria milhares de quilos; elas são úteis para fazer-lhes compreender como os habitantes do Sol devem necessariamente ser, e de fato o são, seres de uma organização fluídica, de uma estrutura, de algum modo, aérea. Além disso, eles são revestidos de um grande poder que lhes permite não apenas percorrer as mais vastas distâncias em sua atmosfera luminosa para satisfazer suas comunicações fraternas, mas também transportar-se para além do globo que lhes deu a vida, para viajar de mundo em mundo, como verdadeiros anjos ou mensageiros, encarregados da direção moral /2/ das humanidades planetárias.

Os reinos da natureza não oferecem ali representantes análogos aos filhos da Terra, e em vão seria procurada a tripla classificação de mineral, vegetal e animal; os inúmeros seres que se desenvolvem na superfície do astro solar não têm nada em comum com estes. Aqui, tudo é pesado, tudo é pequeno, tudo é pobre; lá, tudo é aéreo, tudo é grande, tudo é ofuscante com luzes e perfumes. A única divisão possível de estabelecer seria o domínio da beleza solar, que espalha seu esplendor por todas as regiões imensas do astro-rei, e o da inteligência que admira essa natureza opulenta. O solo é um esplêndido jardim no qual o homem mal tocará o pé enquanto o percorre, e sobre o qual estabelece um magnífico ponto de observação enquanto segue, com seus olhos aguçados, as revoluções celestes que ocorrem sucessivamente ao seu redor.

Galileu

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]Société

7 9bre1862[

Le Soleil

X

Nos considérations s’étendront maintenant au système de mondes que gouverne votre soleil ; nous décrirons successivement chacun des astres qui le composent, et nous prendrons la Terre pour unité de comparaison.

Au centre des orbes planétaires, réside l’astre générateur, d’où sont issues les terres célestes qui déroulent leur magnificence dans son immense domaine. Je ne donnerai pas certaines dimensions mathématiques exactes, qui sont inexactement appréciables à nos regards, je donnerai seulement la valeur de leurs éléments respectifs, considérés relativement aux éléments analogues du votre monde. Je dirai de cette sorte que le Soleil est incomparablement plus important dans son volume et dans sa gravité que toutes les planètes réunies du système: on peut le <regarder>, en nombre approximatif, comme un million de fois plus gros et comme trois cent mille fois plus lourd que le globe terrestre. Ces quantités numériques sont inférieures à celles déterminées par les calculs astronomiques, parce que celles-ci ne s’appuient pas sur des valeurs d’une exactitude absolue et qu’un jour les données admises maintenant seront modifiées par la suite de recherches ultérieures. Ces mêmes quantités cependant paraîtront prodigieuses à ceux qui ne sont pas habitués à de tels nombres ; mais ils sera facile de concevoir je ne dirai pas seulement la possibilité, mais encore la nécessité de la prédominance du Soleil sur les planètes si l’on considère que dans l'universalité des systèmes sidéraux, cet astre représente à lui seul tout son système, de même qu’à vos yeux les étoiles qui parsèment la voûte azurée représentent les systèmes stellaires que la distance rend invisibles à vos regards.

Le globe solaire est un corps solide, obscur, opaque comme tous les corps célestes ; il est entouré d’une immense atmosphère, au-dessus de laquelle s’étend une enveloppe photogénique, source de la lumière et de la chaleur qu’il <déverse> incessamment tout autour de lui dans l’espace. Les taches sont formées par le sommet des montagnes que la photosphère surbaissée laisse quelquefois à découvert. Sur ce monde perpétuellement lumineux, on ne connaît point la clarté sombre des jours terrestres, ni la nuit froide et ténébreuse ; la vicissitude des saisons, la disparité des climats et les alternances intolérables de température ne sont jamais venues jeter leur ombre sur cet astre radieux, où règne une perpétuité éternelle de création et de vie.

De même que le Soleil, maître d’un empire immense, surpasse les membres de sa cour en puissance et en splendeur, de même son habitabilité est bien supérieure à celle de tous les astres planétaires. Ses enfants sont privilégiés dans l’ordre moral comme dans l’ordre physique, la lumière resplendissante qui descend de leur ciel transparent et décore perpétuellement leur séjour, n’est point pour eux un obstacle à leur existence physique ni à leur vie intellectuelle. Cette illumination brillante, éblouissante pour vos yeux terrestres, est leur milieu ordinaire, leur atmosphère de chaque jour. Les lois physiques vous apprennent qu’un homme terrestre transporté sur le Soleil pèserait plusieurs milliers de kilogrammes elles serviront à vous faire comprendre comment les habitants du Soleil doivent être nécessairement et sont en effet des êtres d’une organisation fluidique, d’une structure en quelque sorte toute aérienne. Ils sont de plus revêtus d’une grande puissance qui leur permet non seulement de parcourir dans leur atmosphère lumineuse les plus vastes distances, pour satisfaire à leurs communications fraternelles, mais encore de se transporter au delà du globe qui leur a donné le jour, pour voyager de mondes en mondes, comme de véritables anges ou messagers, chargés de la direction morale /2/ des humanités planétaires.

Les règnes de la nature n’offrent point là des représentants analogues avec les enfants de la Terre, on y chercherait en vain votre triple classification minérale, végétale et animale : les êtres innombrables qui se développent à la surface de l’astre solaire n’ont rien de commun avec ceux-ci. Ici tout est lourd, tout est petit, tout est pauvre ; là, tout est aérien, tout est grand, tout est éblouissant de lumière et de parfums. La seule division possible à établir serait le règne de la beauté solaire qui étale sa <parure> dans les contrées immenses de l’astre du jour, et celui de l’intelligence qui admire cette opulente nature ; le sol est un <parterre> splendide, que l’homme effleura à peine de son pied lorsqu’il le parcoure, et sur lequel il établit un magnifique centre d’observation, lorsqu’il suit de sa vue perçante les révolutions célestes qui se déroulent successivement autour de lui.

Galilée.

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