Manuscrito
/1/ Senhora
Senhora Rivail
No senhor Boudet, <proprietário>
No Château du Loir
Sarthe
[Carimbo de envio] PARIS 30 ABRIL 46 (60)
[Carimbo de chegada] CHÂTEAU-DU-LOIR, 1 MAIO 1846 (71)
/2/ Paris, 30 de abril de 1846.
Recebi tua carta na terça-feira, minha querida Amélie, e fiquei muito feliz com o que me disseste da saúde de tua mãe; pois temia, confesso, receber notícias menos satisfatórias; espero que essa melhora se sustente e que tua viagem possa ser encurtada, o que, como supões, desejo de qualquer modo. A senhora Musset mandou notícias na terça-feira, e a senhora Wallot veio pessoalmente ontem. Gostaria de ter te respondido na terça-feira, mas foi absolutamente impossível: não tive um minuto sequer, até mesmo à noite, por causa dos boletins que tive de entregar ontem e pela necessidade constante de estar nas classes. Penso que isso não tenha te preocupado de nenhuma maneira e que tenha presumido o motivo desse atraso.
A nova professora assistente entrou; mas não é aquela que havíamos definido; seu pai, depois de vir, como sabes, dizer-me que podíamos contar com ela, e que estava encantado por ela estar na escola, o que também disse à pessoa que o havia enviado, escreveu-me para dizer que mudara de opinião e que tinha motivos para querer que ela ficasse /3/ em uma pensão permanente. Isso não mostra muita estabilidade nas suas ideias.
Voltei, então, àquela da rua des Martyrs, que só pôde começar a trabalhar na terça-feira ao meio-dia. Eu havia ido buscar informações sobre ela na pensão onde trabalhou; disseram-me muito bem dela sob o aspecto moral; foi o que me disse uma pessoa muito estimável, mas ela só era então responsável pelas crianças muito pequenas. Ainda não pude julgá-la bem em seu trabalho; ela parece portar-se de uma maneira conveniente no que diz respeito ao comportamento das crianças; só temo que ela peque por falta de instrução.
Entrou uma nova aluna: a pequena Langlois, que frequentou anteriormente a escola. Ela <começa às> 8 <horas> e fará as aulas, a dança e, um pouco depois, o piano. Ela está na 5º série.
Recebi uma carta do meu tio que é um pouco mais satisfatória do que as anteriores. Ele recomeçou um pequeno empreendimento, que lhe deu bom resultado, e com o qual ganha de 10 a 25 francos por dia. Sem ter, disse-me, no dia em que me escreveu, os <1.317 francos>, mais tudo o que ele devia [e] foi pago.
/4/ Ele acrescenta que acredita poder me reembolsar em breve os 400 francos que lhe enviei recentemente e nos tranquilizar quanto ao que devemos, sem exceção; que ele só vai voltar a me escrever para enviar esses 400 francos, o que será uma prova de que continua a prosperar. Ele acrescenta também que, assim que estiver bem restabelecido com seus cavalos, pode ser-nos conveniente encontrá-lo, e poderíamos agir do nosso lado.
Essa carta não expressa nenhuma segunda intenção, já que ele não temia que fôssemos com ele. Comuniquei-a ao senhor Deglande, que a considerou, com efeito, mais razoável, mas ele não está convencido da sua sinceridade quanto ao passado; disse que é um pequeno remorso de consciência, e supõe que meu tio teve conhecimento das informações [obtidas] por ele e foi isso o que o incentivou a escrever essa carta.
Não havendo mais nada de novo a te dizer, e estando, como de costume, e mais do que de costume, com muita pressa, encerro minha carta beijando-te com todo meu coração e te assegurando toda a sinceridade com a qual retribuo o afeto que me testemunhas. Sabes que penso mais do que digo e que, ainda que eu não seja muito demonstrativo nem bom frasista, não deixo de pensar nisso.
Afetuosamente,
Não me esqueça junto a ninguém,
H.L.D. Rivail.




/1/ Madame
Madame Rivail
chez Mr Boudet propre
à Château du Loir
Sarthe
[Cachet départ] PARIS 30 AVRIL 46 (60)
[Cachet arrivée] CHÂTEAU-DU-LOIR, 1 MAI 1846 (71)
/2/ Paris le 30 avril 1846.
J’ai reçu ta lettre mardi, ma chère Amélie, et j’ai été bien heureux d’apprendre ce que tu me dis de la santé de ta mère ; car je craignais bien, je te l’avoue, d’en recevoir de moins satisfaisantes ; j’espère que <ce> mieux se sera soutenu et que ton voyage pourra être abrégé, ce que, comme tu le penses, je <désire> de toutes les façons. M.me Musset a <envoyé> mardi savoir des nouvelles et M.me <Nallet> est venue elle-même hier. Je voulais te répondre mardi ; mais cela m’a été de toute impossibilité, je n’ai littéralement pas eu une minute, même le soir, à cause des bulletins qu’il a fallu donner hier, et par la nécessité de me trouver constamment dans les classes. Je pense du reste que cela ne t’aura pas autrement inquiété et que tu auras présumé le motif de ce retard.
La nouvelle sous-maîtresse est entrée ; mais ce n’est pas celle que nous avions arrêtée ; son père, après être venu, comme tu le sais, me <dire> qu’on pouvait compter sur elle, et qu’il était enchanté qu’elle entrât à la maison, ce qu’il a dit aussi à la personne qui l’avait adressé, m’a écrit pour me dire qu’il avait changé d’avis et qu’il avait des motifs pour tenir à ce que la fille fut /3/ dans une pension à demeure. Cela ne prouve pas beaucoup de stabilité dans ses idées.
Je suis donc revenu à celle de la rue des Martyrs qui n’a pu entrer en fonction que mardi à midi. J’avais été prendre sur elle des informations dans la pension où elle a exercé ; on n’en a dit beaucoup de bien pour le rapport moral ; c’est <m’a-t-on> dit une personne fort estimable, mais elle n’y était <chargée> que des tout jeunes enfants. Je n’ai pas encore pu la bien juger à l’œuvre ; elle paraît s’y prendre d’une manière convenable pour la tenue des enfants, je crains seulement qu’elle ne pèche par le défaut d’instruction.
Il est entré une nouvelle élève ; c’est la petite Langlois qui était anciennement dans la maison. Elle est à 8 <h> et prendra les cours, la danse, et un peu plus tard le piano. Elle est dans la 5e classe.
J’ai reçu une lettre de mon oncle qui est un peu plus satisfaisante que les précédentes ; il a recommencé une petite opération qui lui réussit très bien et avec laquelle il gagne de 10 à 25 fr. par jour. Sans avoir me dit-il, était le jour où il m’écrit, de <1317f.> plus tout ce qu’il devait se trouve payé.
/4/ Il ajoute qu’il pense pouvoir bientôt me rembourser les 400fr que je lui ai envoyés dernièrement et nous tranquilliser tous sur ce que nous devons d’ailleurs sans aucune exception ; qu’il ne me récrira que pour m’envoyer ces 400 f., ce qui sera une preuve qu’il continue à prospérer. Il ajoute aussi que si lorsqu’il sera bien remonté sur ses chevaux il peut nous convenir d’aller le rejoindre, nous pourrions opérer de notre côté.
Cette lettre n’annonce pas <d’arrière-pensée> ; puisqu’il ne craindrait pas qu’on allât avec lui. Je l’ai communiquée à M.r Deglande qui l’a trouvée en effet plus satisfaisante, mais il n’est pas convaincu de sa sincérité pour ce qui regarde le passé ; il dit que c’est un petit remords de conscience, et <suppose> que mon oncle a eu connaissance des informations <prises> par lui et qui c’est ce qui l’a engagé à écrire cette lettre.
N’ayant rien de nouveau à te mander et étant comme d’habitude et plus que d’habitude, très pressé, je clos ma lettre <en> t’embrassant de tout mon cœur et t’assurant de toute la sincérité avec laquelle je paie de retour l’affection que tu me <témoignes>. Tu sais que je pense plus que je ne dis, et que si je ne suis ni très démonstratif ni faiseur de grandes phrases, je n’en pense pas moins.
Ton bien affectionné,
Ne m’oublie auprès de personne,
H.L.D. Rivail.
[228] | 29/09/1845 | Carta de Allan Kardec para Amélie Gabrielle Boudet |
[124] | DD/MM/1845 | Discurso Amélie Boudet |
[125] | DD/MM/1845 | Discurso Allan Kardec |
[241] | 11/05/1846 | Carta de Allan Kardec para Amélie-Gabrielle Boudet |
[126] | 20/09/1846 | Carta de Allan Kardec para Amélie Gabrielle Boudet |
[242] | 26/09/1846 | Carta de Allan Kardec para Amélie-Gabrielle Boudet |