Manuscrito
]Discurso de 1845.[
Minhas jovens amigas,
Há um ano, uma solenidade semelhante nos reunia pela primeira vez, e esse intervalo fortaleceu ainda mais os laços de afeto que, já no ano passado, uniam-me a vocês; o tempo que me permitiu conhecê-las melhor, as numerosas marcas de afeto que recebi de vocês, o reconhecimento que manifestam pelos cuidados proporcionados à sua educação: são todos motivos que me fazem apreciar o título de mãe que me dão. Esse título, quero continuar a justificá-lo perante os seus olhos pelo meu carinho, pelo dos seus pais, pela minha constante diligência. Mas esse título, ainda que me dê direitos, também me impõe um dever, o de zelar pelo seu caráter, como faria uma verdadeira mãe, e reprimir os seus desvios. Essa não é, confesso, a parte mais agradável de minhas funções; seria muito mais doce para mim ter somente elogios para lhes dar, pois estejam certas de que, se para vocês é doloroso receberem críticas, não o é menos ter que dá-las a vocês; ora, é um erro muito comum entre as crianças acreditar que é um prazer repreendê-las; isso seria, é preciso admitir, um triste e singular prazer. Não, minhas amigas, estejam convencidas disso, é sempre com um sentimento doloroso que às vezes nos vemos obrigados a usar a severidade. Por outro lado, vocês não ficam satisfeitas por aproveitarmos cada momento que temos para elogiá-las ou para desatar as mágoas que sofreram? E que prazer não irradia dos seus rostos quando têm a consciência de ter bem feito algo! Além disso, gosto de o reconhecer, é um prazer que muitas entre vocês costumam ter; pois há pessoas, vocês sabem, que não conhecem o incômodo das censuras; quanto a mim, fico feliz em proclamar aqui, na presença de seus pais e de suas amigas, que o trabalho deste ano foi, em geral, muito satisfatório. Com poucas exceções, todas tiveram progressos sensíveis, muitas os fizeram de modo notável, muitas também mostraram pelo estudo um ardor, um zelo, uma perseverança dignos de todos os nossos elogios. Se podemos reivindicar algum lugar nesse feliz resultado, há sem dúvida pessoas cujos sábios conselhos e piedosas exortações contribuíram muito para lhes incutir o amor por seus deveres e o sentimento do bem; vocês já nomearam os dignos eclesiásticos que sabem tão bem penetrar as doces palavras da verdade em seus corações; que eles recebam aqui a expressão de toda a nossa gratidão e a segurança de que encontrarão em nós zelosos auxiliares para o cumprimento de sua piedosa missão. Esperamos que o ano que está prestes a começar não seja menos satisfatório; continuem a apoiar os nossos esforços com a sua boa vontade, e cada uma de vocês poderá dizer aos seus pais, com legítimo orgulho: “Eu sou digna de vocês e de seu afeto”.
Algumas de vocês, minhas crianças, vão nos deixar este ano; a tristeza que elas sentem e que todos compartilhamos, tristeza que nos mostraram em tantas ocasiões de forma tão tocante, prova toda a bondade de seus corações; é também para mim, em particular, uma dor tanto mais sentida quanto o meu apego por elas, que cresceu em função da estima que mereceram suas excelentes qualidades. Espero que, a exemplo de suas antigas colegas, elas guardem uma memória de nossos cuidados, que muitas vezes as trará de volta entre nós; e se algum dia o meu apoio se tornar necessário, verão que o título de mãe que me deram não é uma palavra vazia, e que ser útil para elas, em todas as posições de sua vida, será sempre um doce prazer para mim.



]Discours de 1845.[
Mes jeunes amies,
Voici un an qu’une pareille solennité nous réunissait pour la première fois, et cet intervalle a encore resserré les liens d’affection qui déjà l’année dernière m’attachaient à vous ; le temps qui m’a permis de mieux vous connaître, les nombreuses marques d’attachement, que j’ai <reçues> de vous, la reconnaissance que vous témoignez pour les soins prodigués à votre éducation, sont autant de motifs qui me rendent cher le titre de mère que vous donnez. Ce titre, je veux continuer de le justifier à vos yeux par mon affection, à ceux de vos parents, par ma constante sollicitude. Mais ce titre, s’il me donne des droits, il m’impose aussi un devoir, celui de veiller sur votre caractère comme le ferait une véritable mère, et d’en réprimer les écarts. Ce n’est pas, je l’avoue, la partie la plus agréable de mes fonctions ; il me serait bien plus doux de n’avoir jamais que des éloges à vous donner, car soyez-en bien persuadées, s’il vous est pénible de recevoir des reproches, il ne l’est pas moins d’avoir à en adresser ; or c’est une erreur très commune chez les enfants, de croire qu’on se fait un plaisir de les réprimander ; ce serait il faut l’avouer, un triste et singulier plaisir. Non mes amies, soyez-en bien convaincues, c’est toujours avec un sentiment pénible que nous nous trouvons quelquefois obligés d’user de sévérité. Ne soyez-vous pas au contraire avec quelle joie nous saisissons les moindres occasions de vous donner des éloges, ou de vous affranchir des peines que vous avez encourues ? Et vous, quel plaisir ne rayonne pas sur vos visages, quand vous savez la conscience d’avoir bien fait ! Au reste, je me plais à le reconnaître, c’est un plaisir que beaucoup d’entre vous se procurent souvent ; car il en est, vous le savez, qui ne connaissent pas le désagrément des reproches, quant à moi je suis heureuse de proclamer ici en présence de vos parents, et de vos amies, que le travail de cette année a été généralement très satisfaisant, toutes à bien peu d’exception près ont fait des progrès sensibles, beaucoup en ont fait de très remarquables, beaucoup aussi ont montré pour l’étude une ardeur, un zèle, une persévérance dignes de tous nos éloges ; si nous pouvons revendiquer quelque part dans cet heureux résultat, il est sans contredit des personnes dont les sages conseils et les pieuses exhortations n’ont pas peu contribué à inculquer en vous l’amour de vos devoirs et le sentiment du bien ; vous avez déjà toutes nommé les dignes ecclésiastiques qui savent si bien faire pénétrer dans vos cœurs les douces paroles de la vérité ; qu’ils reçoivent ici l’expression de toute notre gratitude et l’assurance qu’ils trouveront en nous de zélés auxiliaires dont l’accomplissement de leur pieuse mission. Espérons que l’année qui va s’ouvrir ne sera pas moins satisfaisante, continuez à seconder nos efforts par votre bonne volonté, et chacune de vous pourra dire à ses parents avec un légitime orgueil ; je suis digne de vous et de votre affection.
Quelques-unes d’entre vous mes enfants vont nous quitter cette année ; le chagrin qu’elles en ressentent et que nous partageons tous, chagrin qu’elles nous ont témoigné en tant d’occasions d’une manière si touchante, prouve toute la bonté de leur cœur ; c’est aussi pour moi en particulier une peine d’autant plus vive que mon attachement pour elles s’était accru de l’estime que leur ont mérité leurs excellentes qualités. J’espère qu’à l’exemple de leurs anciennes compagnes, elles conserveront de nos soins un souvenir qui les ramènera souvent parmi nous ; et si jamais mon appui leur devenait nécessaire alors elles verraient que le titre de mère qu’elles m’ont donné n’est pas un vain mot, et que leur être utile, dans toutes les positions de sa vie sera toujours pour moi une douce jouissance.
[122] | 22/02/1845 | Carta de [?] para Amélie Gabrielle Boudet [em andamento] |
[123] | 06/06/1845 | Carta de Julien-Louis Boudet para Amélie Gabrielle Boudet |
[228] | 29/09/1845 | Carta de Allan Kardec para Amélie Gabrielle Boudet |
[224] | 30/04/1846 | Carta de Allan Kardec para Amélie Gabrielle Boudet |
[241] | 11/05/1846 | Carta de Allan Kardec para Amélie-Gabrielle Boudet |
[126] | 20/09/1846 | Carta de Allan Kardec para Amélie Gabrielle Boudet |