Manuscrito
Paris, 17 de Fevereiro de 1863
Sf. Philippe, em Maraus.
Senhor:
Ao fazer a revista de minha correspondência, encontro a carta que o Senhor me escreveu no mês de Outubro último e que chegou quando eu estava em viagem. Na minha ausência, a Revue Spirite lhe foi encaminhada conforme seu pedido e sua carta classificada entre as que não necessitavam de resposta. Acabo de lê-la e, dando-lhe a causa involuntária de meu silêncio, venho, embora bem tardiamente, exprimir-lhe quanto sou feliz de encontrar no Senhor e nos dois outros signatários da carta, bons e sinceros Espíritas. Verei com grande prazer o Senhor e seus companheiros formarem em sua cidade uma sociedade Espírita e peço-lhes que contem com meu apoio e conselhos, se precisarem. É para mim uma felicidade ver a santa Doutrina Espírita penetrar na classe dos trabalhadores que mais do que outras, precisa das consolações que o Espiritismo proporciona. O Senhor não ignora que os inimigos da Doutrina observam com despeito a rapidez com a qual ela se propaga, e fazem todos os esforços para entravá-la, sem mesmo poupar perseguições aos que a defendem; mas até agora só conseguiram propagá-la mais, tornando-a conhecida sem o querer, e encontrando por toda a parte adeptos sérios que lhes opõem a coragem da Fé e uma perseverança com a qual não contavam. Não duvido que o Senhor e seus confrades em Espiritismo sejam do número de aqueles que saberão defender com firmeza a bandeira de sua Crença, exemplo de seus Irmãos em outras cidades deve encorajá-los. Em Lyon, são mais de trinta mil; em Bordeaux, mais de dez mil, e em alguns anos o Espiritismo será a Crença geral. Na rapidez com a qual ele se propaga em todos os países do Mundo a gente pode ver a vontade de Deus, pois nada acontece sem permissão dele. Se o Espiritismo afronta os esforços de seus inimigos e conquistou, em alguns anos, cinco ou seis milhões de adesões que se multiplicam todos os dias, e que Deus quer que assim seja seus inimigos ficarão com as custas da oposição.
O Senhor deve ter relações frequentes com Marennes; se já as fez, sugiro-lhe que se relacione com o Sr. Florentin, livreiro, meu representante naquela cidade, o qual terá também prazer de conhecê-lo.
O Senhor exprime seu pesar de não poder obter a coleção dos anos anteriores da Revue Spirite. A este respeito dar-lhe-ei tôdas as facilidades que estão em meu poder, cedendo-lhe os 4 primeiros anos a 27 frs, em vez de 40.
Creia-me, bem como seus confrades espíritas de Maraus, amigo atento,
A.K.


