Manuscrito

Comunicação [19/01/1866]

Sociedade parisiense

Sessão de 19 de janeiro de 1866

Méd. Somn. Sr. Morin

- Sr. Allan Kardec – Examine, eu vos peço, os espíritos que nos cercam e diga-nos seus nomes?

- Sr. Morin – Eu vos destacarei alguns. Eles são numerosos e será muito longo se eu vos descrever todos. Eu falarei então dos principais que, essa noite, não são os grandes espíritos de quem você está habituado a receber sábias instruções. – Em razão do desejo secreto de vários entre vocês, aqueles que ocupam ordinariamente a última posição, os humildes e os sofredores, passaram em primeiro, com a permissão daqueles que ocupam ordinariamente esse lugar. – O primeiro, aquele cuja mão eu tomo e um de vossos antigos colegas, retornou recentemente na verdadeira pátria. Esse colega, nós podemos dizer seu nome tanto em voz alta quanto em voz baixa. Ele não receia se nomear e vem de sua autoridade privada vos dizer: Saudação e amizade! Seu nome é Didier! (Sr. Morin chama seu nome antes de o pronunciar como se as letras das quais ele é composto passassem sucessivamente na frente de seus olhos).

Ele está na primeira posição por dois motivos: em razão da simpatia que tem por todos e da que vocês têm por ele, e em segundo lugar para vos confirmar do direito pessoal que conserva todo o espírito, do outro lado do túmulo. Não há força vinda da terra que possa obrigar um espírito dessa ordem a abdicar de seu eu, e o impedir de se comunicar com quem ele queira. Há somente uma vontade superior, emanada do alto, que poderia exigi-lo obediência. O Sr. Didier conserva toda a independência de sua vontade e ele a demonstra vindo aqui.

Ele já vos disse que lamentava amargamente o que se passou hoje. Ele lamenta ainda mais que ele tenha um pouco de culpa, que é o resultado de uma fraqueza paterna da qual se arrepende, é porque sofre ainda mais. Ele exigiu de vocês o perdão e a indulgência e ele vos disse que a mão que executou o ato foi conduzida pelas inteligências estrangeiras. Hoje ele vos pede novamente para rezar por seu filho e por ele.

- Sr Allan Kardec – Nós atenderemos suas intenções.

Segundo episódio

Sr. Morin – Você já viu um cego fanfarrão querendo ver com clareza? Minha comparação é aqui toda material. Me apresentem um indivíduo que vá para cá e para lá, para frente, para trás, chocando-se e trombando-se, e, intimamente, persuadido de que ele segue o caminho correto. Ele não sabe nem onde está, nem de onde veio, nem aonde vai! E, portanto, em uma mão ele brande uma tocha ou, melhor, uma tocha sem flamas, gritando: luz! luz!

Essa luz, ele estava insano por seus gestos, pela sua atitude, por suas falas, pela sua aparência de vitalidade. Ele acreditava encontrar no materialismo a solução de todos seus problemas filosóficos, a razão de viver! A putrefação da matéria nas entranhas da terra produzindo adubo, avivará uma nova quantidade de matéria. Essa nova matéria por sua vez se putrefará da mesma forma em uma outra quantidade de matéria e assim a vida se produzirá ao infinito.

E, bom! Esse pobre ser que grita vitória, que repele toda a crença a um ser interior distinto da matéria, que tem um outro além dessa inteiramente independente, é ele que acredita ter descoberto o fim de todas as coisas nas entranhas da terra: é ele que vem a se suicidar. Ele existe e ele não tem consciência da negação que sua existência lança à sua maneira de ver. Esse estado durará muito tempo! As falas que ele grita com alegria e entusiasmo. Ele chegará a exprimi-las gemendo, com a ênfase da oração e da súplica. Então ainda, ele clamará pela luz, ele a exigirá insistentemente para sair de sua posição. Tal é a sua expiação! Punição terrível que consiste em chegar gradualmente a compreender que nós não compreendemos.

Terceiro episódio

Sr. Morin – Dizem-me para vos dizer que as coisas que são produzidas em uma certa cidade da Bélgica podem igualmente serem produzidas em Paris. Será dado os endereços com o nome da pessoa e o número da casa. Será vos descrito as misérias. Não há nada de sobrenatural e nem mesmo surpreendente. – Em razão da aptidão de um médium, podemos obter nesse centro de manifestações desse gênero. Você ainda não obteve os exemplos, mas essa capacidade pode se desenvolver em um de vossos médiuns, ou um novo médium pode usufruir dessa capacidade!

Ah, olhe-me aqui, eu vos imploro! Para onde queres me conduzir? Não, não! Olhe-me!

Sr. Allan Kardec – Vá aonde querem te conduzir, se for levado é por uma boa intenção, sem qualquer dúvida!

Mr. Morin – (após um silêncio) lá não é belo! Faz frio (ele se enrola em sua vestimenta e a abotoa. Farão-me subir bem alto! E que bem? Uma infelicidade! Mas há tantas infelicidades... ele vai morrer em breve! Ele está muito doente! (se ocultando) Ah! Não o resta mais que (pulmões)... (indicando o estômago) E, ainda, não há ninguém para colocar lá. É um problema pulmonar, e ainda assim ele se vê bem... E ele crê que vai melhorar todos os dias! Ele não pode trabalhar! Ele não anda mais! Ele vê um...dois! Três termos! Na cama! Nada na despensa! Nada no bufê! Nada! Há também uma jovem moça! Pálida, magra, os olhos cercados pelo trabalho (ah, como sofre!) suficiente apenas para ganhar a subsistência necessária para não deixar morrer este pobre corpo. É muita infelicidade!

(Ele passa a mão pela nuca e apalpa seus cabelos que, de acordo com seus movimentos, devem ser bem curtos, e grita:) ah! Devoção! Não há nada mais para vender...nada mais para fazer... ela cortou voluntariamente o ornamento mais belo que Deus deu à mulher. Os cabelos! E por quantos! Por quantos dias isso pode os sustentar? Não há mais nada! É a mais completa miséria. A pobre moça exausta de fadiga não pode mais trabalhar! O homem está condenado à imobilidade! E é negado nos hospitais! A caridade que recusa tratar das doenças incuráveis!

(2) Por que me trouxe aqui? Eu não consigo mais! Vamos!

Sr. Allan Kardec – Nos dê, se possível, o nome e o endereço desses infelizes? – Sr. Morin não responde, mas sua mão se move sobre a mesa. O dão um lápis e um papel, ele pega e escreve: Wilhem, 23 rua Germain – Pilon.

Quarto episódio

Você crê que certos espíritos em razão de sua inferioridade, ou do meio ruim em que se encontram, possam em sua autoridade privada, agir nos fluidos ambientes, se parecer e semear nos encarnados para os causar feridas, males, dores e cicatrizes?

É uma questão muito grave, pois se os espíritos ruins podem os usar assim, minha fé, é a última vez! Vocês não são nem os mais fortes, nem os mais numerosos! A razão humana diz que não pode ser assim, senão não haveria razão que pudesse impedir os espíritos de despovoar o mundo para satisfazer um capricho ou uma vingança particular.

No entanto, é a verdade! Os espíritos podem reunir, aglomerar uma certa quantidade de fluídos nocivos e os dirigir para certas coisas ou certos indivíduos para produzir diferentes efeitos. Mas, por outro lado, eles jamais serão capazes de conseguir se Deus não os permitir em razão das provas ou das expiações de tal ou tal indivíduo. Jamais em sua autoridade privada um espírito poderá arrancar um pelo da barba de um encarnado se Deus não o permitir. Mas não se poderá concluir que é uma permissão divina, nós não devemos buscar combater a influência ruim, e fazer o possível para afastar os espíritos ruins, corrigir e purificar. Longe disso, muitas vezes esses maldosos são enviados para fazer saber ao homem que existe um poder superior cuja pressão invencível deve ser sentida e perante o qual deve-se inclinar e orar.

Como então estes que querem a abolição da prece e a consideram como inútil não veem que eles se colocam em contradição evidente com o seu ser, com a centelha anímica que os dirige, com a própria natureza que reza em todos seus movimentos. Quem vos disse que esta mesa, que vos parece inerte e cujas moléculas são de mundos animados e cheios de vida, não esconde sob sua aparência inerte uma postura suplicante? Tudo ora, tudo se inclina. Existem apenas os homens que têm a arrogância de querer montar na oração. Mas muito pequeno, ele fica por baixo, e sofre apesar de tudo, a salvadora influência.

Esse pobre, bravo homem se armava com um bastão para ser mais forte que os espíritos. Por quê? Para fazer barulho? Não exatamente. Ele acreditava que sua presença e seu barulho eram suficientes para assustar os invisíveis. Ele acreditava ser mais forte que eles. É ainda a arrogância que o fazia agir.

(2) Ele pensava que um pouco de barulho era suficiente para devolver todos esses espíritos ruins para os diabos, de onde eles vinham, sem dúvidas. Muito arrogante, meu pequeno homem! Ele foi paralisado, acreditando fazer mais barulho, ele recebeu mais o mal. Os bons espíritos os deixaram punir, eles até mesmo prepararam o concurso moral nessa circunstância, mas a punição material infligida permitiu que o trabalho intelectual fosse feito. Diante da realidade da sensação, ele não pôde negar a influência invisível e ele disse para si mesmo que os espíritos conseguiram o atingir, os outros poderiam o livrar do que de fato ganhou lugar, e hoje de indiferente o nosso homem se tornou um caloroso apoiador da doutrina, ainda mais fervoroso que foi convencido brutalmente pelas agressões.

Sr. Allan Kardec – Mas por que os feitos dessa natureza não se produzem naqueles que nos combatem com maior determinação? Seriam os feitos próprios para convencê-los.

Sr. Morin – Mas espere, é necessário que tudo tenha lugar em seu próprio tempo! Se uma criança for sufocada desde seus primeiros movimentos, ela nunca será um homem! Se por acaso, ela for sufocada por muita saúde. Nós nos ocupamos ordinariamente de extrair o que é prejudicial sem considerar que todos esses brados foram previstos, que eles são de uma utilidade incontestável. Seja persuadido de que eles não haviam existido, se eles houvessem sido inúteis ou nocivos. – Da discussão surge a luz. Você ainda não chegou a poder entender toda a influência das coisas que passam indiferentes a vossos olhos. Você ainda não conhece o bastante as primeiras leis desta matéria que conecta o mundo material ao mundo espiritual. Quando você conhecer os menores desses mecanismos, todas as coisas hoje misteriosas para você, vos parecerá bem natural.

Acreditem, há certas categorias espirituais que são parecidas a esses homens que pagam os ricos médiuns para girar a manivela de um realejo. A pressa é o realejo do espiritismo e os espíritos giram a manivela.

Sr. Allan Kardec – Não podemos dizer também que todas essas oposições, essas dificuldades têm por objeto derrubar um pouco o orgulho dos espíritos que podem inflar, se um sucesso constante coroava seus trabalhos.

Sr. Morin – Tenho alguém que sussurra em minha orelha. Causamos pouco, mas causamos bem – Se há oposições não é para derrubar o orgulho dos espíritos que podem se dividir em três grandes categorias: a primeira compreende os homens sérios e crentes da possibilidade de comunicação, da pluralidade das existências, e da pluralidade dos mundos habitados. São os verdadeiros espíritos, aqueles que colocam em prática os ensinamentos da doutrina e que não se escondem.

Quinto episódio

Oh, o pobre homem! O que será que fizeram com sua perna? Mas é nossa morte! Ele está bem vivo, no entanto, é o Sr. Bozon, aquele que, para muitos, foi conduzido para seu descanso final. Eis que ainda um que deve uma orgulhosa vela para seu pobre espiritismo. Ele também reconheceu a eficácia da oração, este, por experiência. Ele sentiu os efeitos na atmosfera amigável em que ele foi envolvido, ele inspirou a força e a coragem.

Ele pode vos dizer como a oração do coração derramou um bálsamo curativo em seu corpo, e o quanto nesses últimos momentos ela o ajudou a romper suas ligações carnais, a abandonar essa manta pesada que chamamos de corpo. Ele possui um outro eu, que é verdadeiro: o espírito, pois o outro não é nada. Este é bem vivo, bem forte. Ele não é mais sofredor. Ele pode ir pelo mundo, em total liberdade. A que ele deve tudo isso? A seu sério estudo das obras espíritas, a um comentário profundo de seus ensinamentos e acima de tudo os colocar em prática. Ele não apenas admirou a teoria. Ele fez muito mais pela caridade do exemplo do que certos espíritas que se encontram bem classificados na segunda categoria. Ele fez muito mais que a simples esmola. Ele deu àqueles que o rodeavam o exemplo de coração e resignação. Hoje, o infeliz de ontem pode retribuir cem vezes mais, em boa solicitude, doces inspirações, em supervisão assídua de qualquer pedaço de ouro que ele recebeu.

Todos os corações verdadeiramente espíritas que o faz sem arrogância, mas pelo único desejo de ter um alívio verdadeiro a seus sofrimentos, têm o direito de seu reconhecimento.

Seu pequeno lar amoroso aglomera a seu redor uma abundância de fluidos amigáveis que podem dignamente recompensar os verdadeiros espíritas que vêm a seu socorro.

Ele é mais feliz que muitos de vocês, ainda que não tenha sido ainda inteiramente desmaterializado.

(2) Ele os pede para rezar por ele e me diz para vos dizer que ele se comunicará amanhã por intermédio da mesma pessoa do dia de sua morte.

Sexto episódio

De repente o Sr. Morin exclama:

Mas há aqui espíritos de todos os tipos! Há os que foram príncipes, reis! Eis que há um que avança. Ele tem a cabeça rígida, a figura longa e pálida, uma barbicha pontuda, uma espécie de chapéu coberto por uma chama. Ele me diz a vos dizer:

"O manuscrito do qual vocês falaram é realmente meu e foi escrito por minhas próprias mãos, mas eu darei a esse assunto, uma explicação. No meu tempo não se escrevia com tanta facilidade que hoje, ainda mais os homens de minha posição.

Os materiais eram menos cômodos, menos aperfeiçoados. A escrita era mais lenta, mais grossa, mais pesada. Também refletia melhor as impressões da alma.

Eu não era, vocês sabem, de um humor calmo, e dependendo se eu estivesse em disposições boas ou ruins, minha escrita mudava de característica.

Isso explica a diferença que é remarcada nos manuscritos que restaram de mim. Quando eu escrevi esse pergaminho para Balthazarini, eu estava em um momento de satisfação. Se vocês procurarem em meus manuscritos cuja escrita se parece com aquelas que vocês colocaram os olhos, vocês reconhecerão os assuntos à ocasião em que foram escritas, que eu estava em um desses momentos, e vocês terão uma outra prova de identidade. “

Sr. Allan Kardec – O rei Henri III reconheceu o Sr. Bach como um de seus contemporâneos?

Sr. Morin – Aqui! Ele parece compreender maravilhosamente os caminhos de travessa para chegar a solução das questões onde as demandas diretas ficaram sem resultado. – Ele disse outra vez que Sr. Bach não deveria conhecer a natureza das relações que ele pode haver com o mundo desta época – No entanto, de acordo com o que vejo, é necessário crer que ele conseguiu alguma coisa desse tipo.

Sétimo episódio

Sabe o que me fazem ver? Asseguro-lhe que uma coisa bem curiosa! A espécie de letargia espiritual em que se encontra o espírito que se prepara para a encarnação! Me é apresentado uma massa confusa, uma espécie de névoa muito opaca, uma coisa que parece poder ser tocado, apalpado, como uma matéria macia. – Tal é clara nas bordas e quanto mais aproxima-se do centro, mais espessa fica. – No centro mesmo se encontra, não um ponto luminoso, mas uma espécie de centelha fosforescente, cortante na opacidade que o envolve. – Essa centelha é o próprio espírito, ao redor é o fluído em que ele foi envolto previamente. A camada mais próxima, aquela que o envolve imediatamente, é aquela que obstrui toda a relação com o passado que o espírito deve esquecer completamente. Na concepção, a névoa começa a se formar, à medida que o nascimento se aproxima, ela se aperta, fica mais compacta, mais palpável. Como acabei de dizer, a última camada envolta serve de barreira entre o passado e o futuro, mas no pequeno espaço luminoso que é o espírito estão escritas as ações, as situações decisivas da existência futura. O espírito está fechado, isolado, sozinho com a encarnação que ele vai percorrer, a fim de obter uma visão clara do futuro e da maneira como ele deverá se conduzir para progredir. Ele esquecerá de tudo isso, mas uma intuição inconsciente o lembrará de suas resoluções anteriores no momento certo.

O espírito não está sozinho durante esse momento de estudo, com ele estão os espíritos que deverão servi-lo como guias, de preferência para transportá-lo para aqueles que deverão ser seus pais humanos. São estabelecidas correntes de simpatia entre seus perispíritos apropriadas para determinar a afeição pelo recém-chegado, para inspirar em seu favor a afeição e a solicitude, todas essas operações têm lugar da concepção ao nascimento. O espírito não esquece de seu passado a partir da concepção, mas é a partir desse momento que a rede fluídica o abraça cada vez mais, de tal forma que ao nascer ele se esqueceu de tudo. Nesse momento ele está sob uma verdadeira obliteração, e ele não sabe nada nem do passado nem do futuro. – A vida se manifesta no corpo, o espírito tenta existir, ele se desenvolve pouco a pouco e afasta o envolto que o esconde a vida exterior. Ele não se lembrará do passado, mas ele aprende sobre o futuro.

Se há crianças precoces e crianças com retardo, não é em razão da encarnação por si só. Não há nenhuma influência puramente orgânica. A causa é toda moral e espiritual, ela reside nas existências anteriores. – Se eu os disse tudo isso, é que há alguém que vai em breve se encarnar com boas intenções, com grande desejo de fazer o bem. Essas ideias espíritas estão bem consolidadas e há um grande desejo de colocá-las em prática. A encarnação é ainda um meio de propagação da ideia, as crianças que vêm com a intuição de ensinamento estarão todas preparadas para a receber.

(3) Remarque, assim se explica a transformação da humanidade que nos é anunciada, e que está em vias de se operar, não por um milagre e uma transformação, mas pelas próprias leis da natureza. Os espíritos que se encarnam são atraídos pela simpatia daqueles a quem devem seu nascimento e pela pura similaridade dos pensamentos e sentimentos. Quanto mais houver homens imbuídos de ideias espíritas e que aplicam em si mesmos as consequências morais, mais haverá espíritos similares que encarnarão.

A nossa geração se encontrará, de certa maneira, formada por elementos melhores, mais refinados, que pouco a pouco terminarão por prevalecer em monte sobre os malignos, e modificarão profundamente todas as relações sociais. A rapidez com que se propagarão as ideias espíritas aproximará naturalmente o termo dessa transformação.

Porém, por isso mesmo que os bons espíritos apropriarão, se pode-se expressar assim, a maioria dos nascimentos, os espíritos malignos que perturbam hoje a sociedade, se encontrarão excluídos pela força das coisas, e seu afastamento trará a calma e o descanso na Terra. Ora, como esses mesmo espíritos devem encarnar para progredir, não o poderão mais nesse mundo, eles serão obrigados a ir aos mundos menos avançados, onde eles expiarão seu endurecimento durante uma longa sequência de encarnações, entre as pessoas mais atrasados que eles, ao mesmo tempo que eles portarão seus conhecimentos adquiridos.

Nossa época é então caracterizada por uma grande imigração, e uma não menor emigração de espíritos. Para aqueles que serão exilados da terra, será o paraíso perdido. É o fim do mundo anunciado, não do mundo material por um cataclismo, como creem aqueles que pegam as alegorias à letra, mas do mundo moral.

Verso

(4) Uma comparação vulgar fará compreender perfeitamente essa renovação. Suponha um regimento animado de um espírito muito maligno. Pouco a pouco os homens perigosos foram retirados e enviados para as companhias de disciplina, e substituídos à medida pelos homens incapazes de portar a desordem e podem, ao contrário, dá-los bons exemplos. Será sempre o mesmo regimento, mas transformado. Assim será para a humanidade. O espiritismo é a alavanca que serve a providência para esclarecer os homens, a pedra de toque para apreciar o grau de seu avanço moral, a cesta que deve ajudar a separar o trigo do joio, e os primeiros espíritos, os pioneiros que lavram o terreno, para as gerações futuras transformadas.

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Société parisienne

Séance du 19 janvier 1866

Méd. Somn. Mr Morin

-Mr Allan Kardec – Examinez, je vous prie, les Esprits qui nous entourent et dites-nous leurs noms ?

-Mr Morin – Je vous en désignerai quelques-uns ; ils sont trop nombreux et il serait trop long de vous les décrire tous. Je ne parlerai donc que des principaux, qui, ce soir, ne sont pas les grands Esprits dont vous êtes habitués à recevoir les sages instructions. –

En raison du désir secret de plusieurs d’entre vous, ceux qui occupent ordinairement le dernier rang, les humbles et les souffreteux, sont passés en premier, avec la permission de ceux qui occupent ordinairement cette place. – – Le premier, celui dont je tiens actuellement la main est un de vos anciens collègues, retourné depuis peu dans la vraie patrie. Ce collègue, on peut dire son nom tout haut comme tout bas ; il ne craint pas de se nommer et vient de son autorité privée vous dire à tous : Salut et amitié ! Son nom est : Didier ! (Mr Morin épelle son nom avant de le prononcer comme si les lettres dont il est composé, passaient successivement devant ses yeux).

Il est au premier rang pour deux motifs, en raison de sa sympathie pour vous tous et de celle que vous avez pour lui, et en second lieu pour vous donner confirmation du droit personnel que conserve tout esprit, de l’autre côté de la tombe. Il n’y a pas de force venant de la terre qui puisse contraindre un esprit de cet ordre à abdiquer son moi, et lui interdire la communication avec qui bon lui semble ; il n’y a qu’une volonté supérieure, émanée d’en haut qui pourrait lui demander obéissance. Mr Didier conserve toute l’indépendance de sa volonté et il en fait preuve en venant ici.

Il vous a déjà dit qu’il déplorait amèrement ce qui se passe aujourd’hui ; il le déplore d’autant plus qu’il y a un peu de sa faute, que c’est le résultat d’une faiblesse paternelle qu’il regrette ; c’est pourquoi il en souffre encore davantage. Il a réclamé de vous le pardon et l’indulgence et il vous a dit que la main qui accomplissait l’acte était conduite par des intelligences étrangères. Aujourd’hui il vous demande de nouveau de prier pour son fils et pour lui après.

-Mr Allan Kardec – Nous nous conformerons à ses intentions.

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2ème épisode

-Mr Morin. Avez-vous jamais vu un aveugle fanfaron voulant y voir clair ?... Ma comparaison est ici toute matérielle ; on me présente un individu qui va de-ci de-là, en avant, en arrière, se heurtant et se bousculant, et, intimement persuadé qu’il suit le droit chemin. Il ne sait ni où il est, ni d’où il vient, ni où il va !... Et pourtant d’une main il brandit un flambeau ou plutôt une torche sans flamme, en criant : lumière, lumière !

Cette lumière, il la dément par ses gestes, par son attitude, par ses paroles, par son apparence de vitalité. Il a cru trouver dans le matérialisme la solution de tous les problèmes philosophiques, la raison d’être de la vie ! La putréfaction de la matière dans les entrailles de la terre produisant un engrais, vivifiera une nouvelle quantité de matière ; cette nouvelle matière se pétrifiant à son tour agira de même sur une autre quantité de matière et ainsi la vie se produira à l’infini.

Eh ! bien ! ce pauvre être qui crie victoire, qui repousse toute croyance à un être intérieur distinct de la matière, ayant un autre but que celle-ci et entièrement indépendant, c’est celui qui croyait avoir trouvé la fin de toutes choses dans les entrailles de la terre ; c’est celui qui vient de se suicider. Il existe, et il n’a pas conscience du démenti que son existence jette à sa manière de voir ! cet état durera longtemps !... Les paroles qu’il crie avec bonheur et enthousiasme, il en arrivera à les exprimer en gémissant, avec l’accent de la prière et de la supplication. Alors encore, il criera lumière ; il la demandera instamment pour sortir de sa position. Telle est son expiation ! punition terrible qui consiste à arriver graduellement à comprendre que l’on ne comprend pas.

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3ème épisode

M. Morin. On me de dit de vous dire que les faits qui se sont produits dans une certaine ville de Belgique peuvent également se produire à Paris. On vous donnera des adresses avec le nom de la personne et le no la maison ; on vous décrira des misères. Il n’y a là rien de surnaturel, ni même de bien surprenant. – En raison de l’aptitude d’un médium, on peut obtenir dans ce centre des manifestations de ce genre ; vous n’en avez pas encore eu d’exemples, mais cette faculté peut se développer chez un de vos médiums, ou un médium nouveau peut jouir de cette faculté !

Ah ! Gardez-moi ici, je vous prie !... Où veut-on me conduire ? non, non !... Gardez-moi !

M. Allan Kardec – Allez où on veut vous conduire, si on vous emmène c’est dans une bonne intention ; sans aucun doute !

M. Morin- (après un silence) Ce n’est pas beau là-dedans !.. Il y fait froid (il s’enveloppe de son vêtement et le boutonne)…. On me fait monter bien haut ! Eh bien ! quoi ?... Un malheureux !.... mais il y en a tant de malheureux…. Il va bientôt mourir!.. il est bien malade !...(s’oscultant) Ah ! il n’en reste presque plus (de poumons).… (désignant l’estomac) Eh ! puis, on n’a rien pour mettre là-dedans ; c’est un malheureux poitrinaire, et il se voit bien portant… Et il croit qu’il guérit tous les jours !.... il ne peut travailler !... il ne marche plus !... il voit un…. deux !... trois termes !... Bien au lit !... Rien dans le garde-manger ! rien au buffet ! rien !..... Il y a aussi une jeune femme ! pâle, étiolée, les yeux cernés par le travail (ah ! qu’elle souffre !) suffisant à peine à gagner la subsistance nécessaire pour ne pas laisser mourir ce pauvre corps ; c’est bien malheureux !.........

(Il se passe la main sur la nuque et palpe ses cheveux qui d’après ses gestes doivent être assez courts et s’écrie : ) Ah ! Dévouement !.... n’ayant plus rien à vendre… plus rien à donner… elle a coupé volontairement la plus belle parure que Dieu ait donné à la femme, ses cheveux !.... et pour combien !... Combien de jours cela a-t-il pu les faire subsister ?.... Il n’y a plus rien !…, c’est la misère la plus complète. La pauvre femme épuisée de fatigue ne peut plus travailler !... l’homme est condamné à l’immobilité ; et on le refuse dans les hôpitaux !...

La charité qui refuse de traiter les maladies incurables !..

(verso) Pourquoi m’a-t-on amené ici ?.... Je n’y puis rien, moi !…. allons-nous en !

M. Allan Kardec – Donnez-nous, si vous pouvez le nom et l’adresse de ces malheureux ?-

M. Morin ne répond pas ; mais sa main marche sur la table ; on lui donne un crayon et du papier ; il s’en saisit et écrit : Wilhem, 23 rue Germain-Pilon

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4ème épisode

Croyez-vous que certains Esprits en raison de leur infériorité ou du mauvais milieu où ils se trouvent, puissent de leur autorité privée, agir sur les fluides ambiants, les rassembler et les semer sur les incarnés pour leur causer plaies, maux, douleurs et cicatrices ?...

C’est là une question très grave, car si les mauvais Esprits peuvent en user ainsi, ma foi, gare à vous ! vous n’êtes ni les plus forts, ni les plus nombreux !… La raison humaine dit qu’il n’en peut être ainsi sans quoi, il n’y aurait pas de raison qui pourrait empêcher les esprits de dépeupler le monde pour satisfaire un caprice ou une vengeance particulière.

Cependant, cela est vrai ! les Esprits peuvent rassembler, agglomérer une certaine quantité de fluides malsains et les diriger sur certaines choses ou certains individus pour produire différents effets. Mais par contre, jamais il ne leur sera possible de réussir si Dieu ne le permet pas en raison des épreuves ou des expiations de tel ou tel individu. Jamais de son autorité privée un Esprit ne pourra arracher un poil de la barbe d’un incarné, si Dieu ne le lui permet ; mais il ne faudrait pas conclure que, si c’est une permission divine, on ne doit pas chercher à combattre la mauvaise influence, et faire son possible pour éloigner les mauvais Esprits, s’amender et s’épurer. Loin de là, souvent ces maux ne sont envoyés que pour faire connaître à l’homme qu’il existe une puissance supérieure dont il ressent la pression invincible et devant laquelle il faut s’incliner et prier.

Comment donc ceux qui veulent l’abolition de la prière et la considèrent comme inutile, ne voient-ils pas qu’ils se mettent en contradiction flagrante avec leur être, avec l’étincelle animique qui les dirige, avec la nature elle-même qui prie dans tous ses mouvements. Qui vous dit que cette table qui vous semble inerte et dont toutes les molécules sont des mondes animés et plein de vie, ne cache pas sous son apparente inertie, une posture suppliante ? Tout prie, tout s’incline. Il n’y a que l’homme qui ait l’orgueil de vouloir monter sur la prière ; mais trop petit, il reste au-dessous, et en subit malgré lui, la salutaire influence.

Ce pauvre brave homme s’armait d’un bâton pour être plus fort que les Esprits ! Pourquoi ? pour faire du bruit ? pas du tout ; il croyait que sa présence et son tapage suffiraient pour effrayer les invisibles ; il se croyait plus fort qu’eux ; c’est encore l’orgueil qui le faisait agir.

(verso) Il pensait qu’un peu de tapage suffirait pour renvoyer tous ces mauvais Esprits à tous les diables, d’où ils venaient sans doute. Trop orgueilleux, mon petit homme !... Il a été paralysé, croyant faire le plus de bruit, il a eu le plus de mal. Les bons Esprits l’ont laissé punir, ils ont même prêté leur concours moral dans cette circonstance ; mais la punition matérielle infligée, ils ont permis que le travail intellectuel s’effectue. Devant la réalité de la sensation il n’a pu nier l’influence invisible et il s’est dit que si des Esprits avaient pu le frapper, d’autres pourraient le délivrer ce qui a eu lieu en effet, et aujourd’hui d’indifférent notre homme est devenu un chaud partisan de la doctrine, d’autant plus fervent qu’il a été convaincu brutalement par des voies de fait.

M. Allan Kardec – Mais pourquoi des faits de cette nature ne se produisent-ils pas chez ceux qui nous combattent avec le plus d’acharnement ? ce serait des faits propres à les convaincre

M. Morin- Mais attendez donc…. Il faut que tout ait lieu en son temps !... Si l’on étouffe l’enfant dès ses premiers vagissements, il ne deviendra jamais un homme !... Si par hasard, il allait s’étouffer par trop de santé. On se s’occupe ordinairement que d’extraire ce qui est nuisible sans songer que toutes ces criailleries ont été prévues, qu’elles sont d’une utilité incontestable. Soyez persuadés qu’elles n’auraient pas existé, si elles eussent été inutiles ou nuisibles. – De la discussion jaillit la lumière. Vous n’êtes pas encore arrivé à pouvoir comprendre toute l’influence de choses qui passent indifférentes à vos yeux ; vous ne connaissez pas encore assez les premières lois de cette matière qui relie le monde matériel au monde spirituel. Quand vous connaîtrez le moindre de ces rouages, toutes choses mystérieuses aujourd’hui pour vous, vous sembleront bien naturelles.

Croyez-le bien, il y a certaines catégories spirituelles qui sont pareilles à ces hommes qui paient de riches mendiants pour tourner la manivelle d’un orgue de barbarie. La presse est l’orgue de barbarie du spiritisme et les Esprits en tournent la manivelle.

M. Allan Kardec- Ne pourrait-on dire aussi que toutes ces oppositions, ces difficultés ont pour objet d’abattre un peu l’orgueil des spirites qui pourraient s’enfler, si un succès constant couronnait leurs travaux.

M. Morin - J’ai quelqu’un qui me souffle à l’oreille ; causons peu mais causons bien. - S’il y a des oppositions ce n’est pas pour abattre l’orgueil des spirites qui peuvent se diviser en trois grandes catégories : la première comprend des hommes sérieux et convaincus de la possibilité des communications, de la pluralité des existences, et de la pluralité des mondes habités. Ce sont les vrais spirites, ceux qui mettent en pratique les enseignements de la doctrine et qui ne se cachent pas. –

[Leymarie 492]

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Ils ne rougissent pas d’écrire leur nom à la suite d’un don, car ils le font pour soulager une misère, sans orgueil ni ostentation.

Dans la 2e catégorie, on peut ranger ceux qui semblent attachés par un poignet au spiritisme et par l’autre à une autre idée ; ils sont tiraillés en sens opposés. Le spiritisme est le plus fort, mais ils écoutent trop facilement les insinuations perfides de certains reptiles qui viennent empoisonner les bonnes sources.

Les participants de la troisième catégorie sont ceux qui mêlent ensemble catholicisme et spiritisme, et qui sont spirites avec les spirites et prêtres avec les prêtres. Avec un peu de verbiage, ils font croire aux vrais spirites qu’ils connaissent parfaitement leur doctrine; ailleurs, ils sont les plus savants, car ils ont vu davantage et se servent de leurs connaissances pour tenir le haut de la conversation, au désavantage de la doctrine, bien entendu. C’est une catégorie qui n’est pas bien riche non plus.

Tout ce qui se fait actuellement n’est donc pas pour abattre l’orgueil des spirites, car les vrais spirites n’ont pas d’orgueil à abattre ; avez-vous jamais vu dans les fermes des machines à vanner le blé destinées à séparer l’ivraie du bon grain ; eh ! bien c’est là le but des oppositions actuelles.

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5ème épisode

Oh ! le pauvre homme ! Qu’est-ce qu’on lui a donc fait à la jambe ? Mais c’est notre mort ! Il est bien vivant pourtant, c’est Mr Bozon, celui que, pour beaucoup, l’on a conduit à sa dernière demeure. En voilà encore un qui doit une fière chandelle à ce pauvre spiritisme ; aussi il a reconnu l’efficacité de la prière, celui-là, par expérience ; il en a ressenti les effets et dans l’atmosphère sympathique dont il a été enveloppé, il a puisé la force et le courage.

Il peut vous dire combien la prière du cœur a versé de baume salutaire sur son corps, et combien dans ses derniers moments elle l’a aidé à briser ses liens charnels, à quitter ce lourd paletot qu’on nomme le corps. Il possède un autre moi, qui est le véritable : l’esprit, car l’autre n’est rien. Celui-là est bien vivant, bien fort ; il n’est plus souffreteux ; il peut aller par le monde, en toute liberté. À quoi doit-il tout cela ? À sa sérieuse étude des ouvrages spirites, à un commentaire profond de leurs enseignements et surtout à leur mise en pratique. Il n’a pas seulement admiré la théorie ; il a bien plus fait par la charité de l’exemple que certains spirites qui se trouvent fort bien classés dans la 2eme catégorie. Il a donné quelque chose de plus que la simple aumône ; il a donné à ceux qui l’entouraient l’exemple du courage et de la résignation. Aujourd’hui le malheureux d’hier peut rendre au centuple, en bonne sollicitude, en douces inspirations, en surveillance assidue les quelques pièces d’or qu’il a reçues.

Tous les cœurs vraiment spirites qui lui ont donné sans orgueil, mais par le seul et unique désir d’apporter un soulagement vrai à ses souffrances, ont droit à sa reconnaissance. Son petit foyer aimant, agglomère autour de lui une telle abondance de fluides sympathiques qu’il peut dignement récompenser les vrais spirites qui sont venus à son secours.

Il est plus heureux que beaucoup d’entre vous, bien qu’il ne soit pas encore entièrement dématérialisé.

(verso) Il vous demande de prier encore pour lui et me dit de vous dire qu’il se communiquera demain par l’intermédiaire de la même personne que le jour de sa mort. –

7

6ème épisode

Tout à coup M. Morin s’écrie :

Mais il y a ici des Esprits de toutes sortes ! Il y en a qui ont été princes, rois ! En voici un qui s’avance : il a la tête engoncée, la figure longue et blême, une barbiche pointue, une espèce de bonnet surmonté d’une flammèche. Il me dit de vous dire :

« Le parchemin dont vous avez parlé est bien réellement de moi et a été écrit de ma
« propre main, mais je vous dois à ce sujet, une explication. De mon temps on
« n’écrivait pas avec autant de facilité qu’aujourd’hui, surtout les hommes dans ma
« position.

« Les matériaux étaient moins commodes, moins perfectionnés ; l’écriture était plus
« lente, plus grosse, plus lourde ; aussi reflétait-elle mieux les impressions de l’âme.
« Je n’étais pas, vous le savez d’une humeur égale, et selon que j’étais dans de
« bonnes ou dans de mauvaises dispositions, mon écriture changeait de caractère ;
« c’est ce qui explique la différence que l’on remarque dans les manuscrits qui restent
« de moi. Quand j’ai écrit ce parchemin pour Balthazarini, j’étais dans un moment de « satisfaction. Si vous cherchez dans mes manuscrits ceux dont l’écriture ressemble à « celle que vous avez sous les yeux, vous reconnaîtrez aux sujets à l’occasion
« desquels ils ont été écrits, que j’étais dans un de ces moments, et vous aurez, là une
« autre preuve d’identité. »

M. Allan Kardec – Le roi Henri III reconnaît-il dans Mr Bach un de ses contemporains ?

M. Morin – Tiens ! il paraît comprendre à merveille les sentiers de traverse pour arriver à la solution de questions où des demandes directes ont été sans résultat –. Il a été dit autrefois que Mr Bach ne devait pas connaître la nature des relations qu’il avait pu avoir avec le monde de cette époque – Cependant, d’après ce que je vois, il faut croire qu’il y a eu quelque chose de ce genre –.

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7éme épisode

Savez-vous ce qu’on me fait voir ? Quelque chose de bien curieux je vous assure !... L’espèce de léthargie spirituelle dans laquelle se trouve l’Esprit qui se prépare à l’incarnation !....

On me présente une masse confuse, une espèce de nuage très opaque, quelque chose qui paraît pouvoir être saisi, palpé, comme une matière floconneuse. – Cela est clair sur les bords et plus on s’approche du centre, plus cela s’épaissit. – Au centre même se trouve, non un point lumineux, mais une espèce de lueur phosphorescente, tranchant sur l’opacité de l’enveloppe – Cette lueur c’est l’Esprit même ; autour c’est le fluide dont il s’est enveloppé préalablement. La couche la plus rapprochée, celle qui l’environne immédiatement, est celle qui obstrue toutes relations avec le passé que l’esprit devra totalement oublier ; à la conception, le nuage commence à se former ; à mesure que la naissance approche, il se resserre, devient plus compact, plus palpable. Comme je viens de le dire, la dernière enveloppe sert de barrière entre le passé et l’avenir ; mais dans le petit espace lumineux qui est l’Esprit, sont écrits tout au long les actions, les situations décisives de l’existence future. L’Esprit est enfermé, isolé, seul avec l’incarnation qu’il va parcourir, afin de se bien pénétrer de l’avenir et de la manière dont il devra se conduire pour progresser. Il oubliera tout cela, mais une intuition inconsciente lui rappellera au moment favorable, ses résolutions antérieures. –

L’Esprit n’est pas seul pendant ce temps d’étude ; avec lui sont les Esprits qui doivent lui servir de guide ; de préférence on le transporte auprès de ceux qui doivent devenir ses parents humanitaires ; on établit entre leurs périsprits des courants sympathiques propres à déterminer l’affection pour le nouveau venu ; pour inspirer en sa faveur l’affection et la sollicitude ; toutes ces opérations ont lieu de la conception à la naissance. L’Esprit n’oublie pas son passé dès la conception ; mais c’est de ce moment que le réseau fluidique l’enserre de plus en plus, de telle sorte qu’à la naissance il a tout oublié. En ce moment il est sous le coup d’un véritable anéantissement, et il ne sait rien ni du passé ni de l’avenir. – La vie se manifeste dans le corps, l’esprit s’essaye à être, il se développe peu à peu et écarte (verso) l’enveloppe qui lui cache la vie extérieure. Il ne se souviendra pas du passé, mais il apprend l’avenir.

S’il y a des enfants précoces et des enfants retardataires ce n’est pas en raison de l’incarnation elle-même ; il n’y a là aucune influence purement organique ; la cause est toute morale et spirituelle, elle git dans les existences antérieures – Si je vous ai dit tout cela, c’est qu’il y en a un qui va bientôt s’incarner avec de bonnes intentions, avec un grand désir de bien faire ; ses idées spirites sont bien arrêtées et il a grand désir de les mettre en pratique. L’incarnation est encore un moyen de propagation de l’idée ; les enfants venant avec l’intuition de l’enseignement seront tous préparés à le recevoir.

(3) Remarque, ainsi s’explique la transformation de l’humanité qui nous est annoncée, et qui est en voie de s’opérer, non par un miracle et un bouleversement, mais par les lois mêmes de la nature. Les Esprits qui s’incarnent étant attirés par la sympathie [de ou à] ceux à qui ils devront la naissance, et la pure similitude des pensées et des sentiments, plus il y aura d’hommes imbus des idées spirites et qui s’en appliqueront les conséquences morales, plus il y aura d’Esprits similaires qui s’incarneront.

La génération nouvelle se trouvera, de cette manière, formée d’éléments meilleurs, plus épurés qui petit à petit finiront par l’emporter en nombre sur les mauvais, et modifieront profondément toutes les relations sociales. La rapidité avec laquelle se propageront les idées spirites, rapprochera naturellement le terme de cette transformation.

Mais, par cela même que les bons esprits accapareront, si l’on peut s’exprimer ainsi, la majorité des naissances, les Esprits mauvais qui troublent aujourd’hui la société, se trouveront exclus par la force des choses, et leur éloignement amènera le calme et le repos sur la terre. Or, comme ces mêmes Esprits doivent s’incarner pour progresser, ne le pouvant plus dans ce monde, ils seront contraints d’aller dans des mondes moins avancés, d’où ils expieront leur endurcissement pendant une longue suite d’incarnations, parmi des peuples plus arriérés qu’eux, en même temps qu’ils y porteront leurs connaissances acquises.

Notre époque est donc caractérisée par une grande immigration, et une non moins grande émigration d’Esprits. Pour ceux qui seront exilés de la terre ce sera le paradis perdu. C’est la fin du monde annoncé, non du monde matériel par un cataclysme, comme l’ont cru ceux qui prennent les allégories à la lettre mais du monde moral.

Verso

(4) Une comparaison vulgaire fera parfaitement comprendre ce renouvellement. Supposons un régiment animé d’un très mauvais esprit. Peu à peu on en retire les hommes dangereux qu’on envoie dans les compagnies de discipline, et qu’on remplace à mesure par des hommes incapables d’y porter le désordre et pouvant au contraire y donner de bons exemples ; ce sera toujours le même régiment, mais transformé. Ainsi en sera-t-il de l’humanité. Le spiritisme est le levier dont se sert la providence pour éclairer les hommes, la pierre de touche pour apprécier le degré de leur avancement moral, le van qui doit aider à séparer le bon grain de l’ivraie, et les premiers spirites, les pionniers qui défrichent le terrain, pour les générations futures transformées.

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