Manuscrito
Sociedade
Sessão de 24 de abril de 1863
Senhor d’Ambel
Sobre a separação da alma e do corpo
Quanto a mim, achei muito fácil romper os laços que soldavam minha substância etérea à minha carne. O objeto de meus estudos tinha-me, por assim dizer, liberado antecipadamente das numerosas redes da matéria; e isso deve servir de lição para os senhores, mostrando-lhes que aqueles que, da Terra, se preocupam com sua existência ultraterrena, a partir do futuro abandono de sua alma, gozam de maior facilidade para se desprender de seus miseráveis restos do que aqueles que fazem de seu corpo um Deus. Estes lamentam o envelope que lhes foi instrumento de prazer e aqueles são libertados com uma alegria inexprimível. Todos os homens esclarecedores, por esse amplo brilho espírita que hoje se espalha em seu globo, terão verdadeiro interesse em se dedicar ao estudo das questões filosóficas espiritualistas, pois, por [ele, o estudo], eles chegarão a conquistar mais rapidamente o seu lugar na hierarquia superior dos seres etéreos. É a essa causa benigna que devo ter me libertado prontamente e ter podido me comunicar enquanto meu envoltório mal se tinha arrefecido pela morte; é aos meus queridos estudos que devo o fato de não ter passado por aquele horrível período de tumulto e de confusão em que alguns se debatem durante meses e em que a alma, tomada de vertigem, na maioria das vezes perde a noção correta do ser e do não ser.
Fico feliz em repetir ainda: a morte que eu só havia considerado como uma transição necessária de uma vida a outra não me surpreendeu em nada; ela me encontrou pronto, como um soldado para a batalha, e eu atravessei com uma elã de alegria invisível a fronteira que separa a vida terrena da vida espiritual.
Como já disse ao médium, eu tinha apenas um arrependimento, mas um arrependimento doloroso: o de ver que a obra que eu havia dolorosamente elaborado era, por assim dizer, natimorta, porque eu havia extraído minhas teorias apenas de mim mesmo e que necessariamente essa filha querida de meus estudos não havia sido capaz de se elevar para além das forças do entendimento humano.
Mas não vou repetir meus pensamentos sobre o trabalho de minha última vida. Eu só queria responder à pergunta de seu presidente sobre a separação mais ou menos rápida das almas e dos corpos no momento da morte. Independentemente do estado espiritual do ser, essa separação é bem rápida nas pessoas idosas que gastaram todo o seu [fluido vital] e nas jovens crianças cuja rede nervosa e tecidos têm toda a fragilidade de brotos jovens na primavera. Somente os seres que atingiram a plena virilidade e que são atingidos em plena vitalidade passam por numerosas dificuldades na sua liberação supra-vital. Não é, portanto, extraordinário que a criança da condessa polonesa tenha-se libertado rapidamente de seu jovem invólucro e não tenha passado pelo período tumulto, de hesitação e de sofrimento pelo qual passam fatalmente os homens rigorosamente constituídos e aqueles cujas tendências morais são satisfeitas pelos prazeres da Terra.
Louis de Tourreil.


Société
Séance du 24 Avril 1863
M. d’Ambel
Sur la séparation de l’âme et du corps
J’ai eu, quant à moi, une très grande facilité à rompre les liens qui soudaient à ma chair, ma substance éthérée. L’objet de mes études m’avait pour ainsi dire dégagé par avance des réseaux nombreux de la matière ; et ceci doit être un enseignement pour vous, en vous montrant que ceux qui, dès la terre, s’occupent de leur existence <ultra / ultrà> terrestre, de la vie future de leur âme, jouissent d’une plus grande facilité pour se détacher de leur misérable dépouille que ceux qui donne vos milieux se font un Dieu de leur corps. Ceux-ci regrettent ]l’enveloppe qui fut pour eux un instrument[1 de plaisir et ceux-là s’en délient avec une joie inexprimable. Tous les hommes éclairés, par cette large lueur spirite qui s’épand aujourd’hui sur votre globe, auront donc un intérêt véritable à se consacrer à l’étude des questions philosophiques Spiritualistes, puisque par <elle> ils arriveront à conquérir plus rapidement leur place dans la hiérarchie supérieure des êtres éthérés. C’est à cette cause bénie que je dois de m’être dégagé promptement et d’avoir pu me communiquer pendant que mon enveloppe était à peine froidie par la mort ; c’est à mes chères <études> que je dois de n’avoir pas traversé cette horrible période de trouble et de confusions où certains se débattent pendant des mois et où l’âme saisie de vertige perd le plus souvent la juste notion de l’être et du non être.
Je suis heureux de le répéter encore : la mort que je n’avais jamais considérée que comme une transition nécessaire d’une vie à une autre, ne m’a nullement surpris ; elle m’a trouvé prêt, comme un soldat <as> pour la bataille, et j’ai franchi avec un élan de joie invisible la frontière qui sépare la vie terrestre de la vie Spirituelle.
Je n’ai eu ainsi que je l’ai déjà dit au médium, qu’un regret, mais un [2] regret poignant : c’est de voir que l’œuvre que j’avais si péniblement élaborée était pour ainsi dire morte née, parce que je n’avais puisé mes théories qu’en moi-même et que nécessairement cette fille chérie de mes études n’avait pu s’élever au-delà des forces de l’entendement humain.
Mais je ne redirai point ici ma pensée sur l'œuvre de ma vie dernière. J’ai voulu seulement répondre à la question de votre président sur la séparation plus ou moins rapide <des> âmes et des corps à l’époque de la mort. Abstraction faite de l’état spirituel de l’être, ce dénouement est très prompt chez les vieillards qui ont épuisé toute l’huile vitale et chez les jeunes enfants dont les tissus et le réseau nerveux ont toute la fragilité des jeunes pousses au printemps. Seuls, les êtres qui ont atteint leur pleine virilité et qui sont frappés étant en pleine vitalité, éprouvent de nombreuses difficultés dans leur dégagement supra-vital. Il n’est donc pas extraordinaire que l’enfant de la comtesse polonaise se soit rapidement dégagée de sa jeune enveloppe et n’ait point passé par la période de trouble, d’hésitation et de souffrance par laquelle passent fatalement les hommes rigoureusement constitués et ceux dont les tendances morales se sont complus dans les jouissances de la terre.
Louis de Tourreil
Caligrafía atribuída a Allan Kardec.↩︎