Manuscrito
Comunicação [23/04/1861]
23 de abril de 1861
Pena eterna Bonne
O senhor Roustaing evoca o Espírito de Santo Agostinho para descobrir o que pensa atualmente sobre as penas eternas e o que pensa das opiniões que expressou sobre esse assunto.
Eis me aqui — Não damos importância suficiente à humanidade nas palavras proferidas pelos homens, por mais bem-intencionadas que sejam. Lembrando-me desta crença nas penas eternas, entendendo apenas o terror como um freio, eu nunca admitiria que a bondade de Deus pudesse ter piedade do pecador. No entanto, o homem fez Deus à sua própria imagem, não se esqueça disto, e esteja sempre atento às suas próprias impressões quando debater questões desta gravidade.
Não, as penas não são eternas. Em nome do Deus de amor que chama o pecador ao arrependimento, renuncio às palavras que pronunciei e peço aos homens, meus irmãos encarnados, que me perdoem os erros que minha cegueira os levou. Não, as dores não são eternas para o Espírito. A eternidade das tristezas consiste na eternidade das faltas. Cristo disse: “Haverá sempre pessoas pobres entre vós”. A pobreza é, portanto, eterna. Digo-vos hoje: sempre haverá penas infligidas. Aquele que peca deve expiar. Invocai, portanto, a misericórdia do Senhor, mas invocai com confiança. Sereis ouvido. Trará calma ao Espírito indeciso. Derrama-se o frescor sobre aquele a quem as chamas devoram. Fogo eterno do Todo-Poderoso! Queime incessantemente, pois é no seu calor, no seu braseiro, que os impuros são purificados! Fogo eterno, que as vossas chamas não abrandem, não se apaguem, pois assim não haveria mais graça para esperar e não haveria mais meios para a obter.
Por isso, tranquilizai-vos, iluminai os homens, lutai contra o erro, eu vos ajudarei com todo o poder que o Senhor me conceder. Propagador da heresia que impõe o vosso medo onde o amor deve reinar, devo reparar o mal que ajudei a cometer e estou a trabalhar. Vamos, <pecado>, eu vos esclareço. Mostre a misericórdia do Deus do amor e nunca esqueça a parábola do filho pródigo. Para o pai de família não há culpa que não consiga obter perdão.
Agostinho, o homem
23 avril 1861
Peine éternelle Bonne
Évocation par M. Roustaing de l’Esprit de Saint Augustin pour connaître son opinion actuelle sur les peines éternelles et ce qu’il pense des opinions qu’il a émises à ce sujet.
Me voilà — On ne fait pas assez la part de l’humanité dans les paroles prononcées par les hommes, quelque bien intentionnés qu’ils soient. Bercé dans cette croyance des peines éternelles ne comprenant comme frein que la terreur, je n’aurais jamais admis que la bonté de Dieu puisse prendre en pitié le pécheur repentant. L’homme fait Dieu à son image ne l’oubliez pas et tenez-vous toujours en garde contre vos propres impressions quand vous débattez des questions de cette gravité.
Non, les peines ne sont point éternelles. Au nom du Dieu d’amour qui appelle le pécheur à la repentance, je renie les paroles que j’ai prononcées et demande aux hommes, à mes frères incarnés, de me pardonner les erreurs dans lesquelles mon aveuglement les a poussés. Non les peines ne sont point éternelles pour l’Esprit repentant. L’éternité des peines consiste en l’éternité des fautes. Christ a dit : « Il y aura toujours des pauvres parmi vous ». La pauvreté est donc éternelle. Je vous dis aujourd’hui : Il y aura toujours des peines infligées. Celui qui pèche doit expier. Appelez donc sur lui la miséricorde du Seigneur, mais appelez-la avec confiance. Vous serez exaucés; vous ramènerez le calme à l’Esprit indécis. Vous répandrez la fraîcheur sur celui que les flammes dévorent. Feu éternel du tout Puissant! Brûle sans cesse car c’est à ta chaleur, à ton brasier, que les impurs se purifient ! Feu éternel que tes flammes ne se ralentissement pas, ne s’éteignent pas car alors il n’y aurait plus de grâce à espérer puisqu’il n’y aurait plus de moyens <de les> [de l’]obtenir.
Rassurez-vous donc, éclairez les hommes, combattez l’erreur, je vous y aiderai de tout le pouvoir que le Seigneur m’accorde. Propagateur de l’hérésie qui impose la crainte là où doit régner l’amour, je dois réparer le mal que j’ai aidé à commettre et suis à l’œuvre. Allez, <prechez / prêchez> je vous éclaire. Montrez la clémence du Dieu d’amour et n’oubliez jamais la parabole de l’enfant prodigue. Pour le père de famille il n’y a pas de faute qui ne puisse obtenir grâce.
Augustin l’homme
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