Manuscrito
“Morte dos cônjuges Bryère de Tours” [1] [20/07/1866]
Sociedade de Paris.
Sessão de 20 de julho de 1866.
Médium: senhora Auzon.
]Cópia para mim.[1
]Morte dos cônjuges Bryère de Tours.[2
De um sopro de Deus, nasceu o homem, um sopro de Deus pode aniquilá-lo. É o que acabam de ver com a morte dessas duas pobres pessoas de Tours. Elas estavam bem longe de pensar que, ao atravessarem a soleira de sua casa, poriam os pés à beira do sepulcro, e que iriam sofrer uma morte horrível na qual a imaginação se recusa a enveredar. Certamente, não é sem motivo que Deus os fez morrer dessa maneira, pois Ele lhes infligiu a lei de Talião. - Em outra existência, eles haviam aplicado torturas a vítimas infelizes, semelhantes àquelas que experimentaram, e a morte terrível não foi para eles senão uma punição para os seus crimes, pois estavam unidos no mal e haveriam de passar pelo mesmo sofrimento juntos.
Nada em sua vida presente devia lhes fazer merecer semelhante sorte, pois gozavam da consideração pública, mas quem pode sondar os desígnios de Deus? Já fez Ele algo injusto e inútil? Essa prova lhes servirá para se melhorarem, pois reconhecerão que a mereceram e vocês sabem que, quando se começa a reconhecer a justiça da sentença que nos condena, já se deu um grande passo na via do progresso.
Vejam, por esse exemplo, que nada fica impune, e que os maiores crimes e aqueles que se creem mais escondidos recebem a sua justa punição; mas, ao lado do castigo, Deus coloca a esperança, Ele não condena jamais sua criatura para sempre e lhe deixa o tempo para se corrigir; e, mesmo que seja depois de séculos, não é um curto espaço, se comparado à eternidade?
Um Espírito.
Société de Paris.
Séance du 20 Juillet
1866.
Med. M.de Auzon.
]Copie pour moi.[
]Mort des époux Bryère de Tours.[
D’un souffle de Dieu, naquit l’homme, un souffle de Dieu peut l’anéantir. C’est ce que vous venez de voir par la mort de ces deux pauvres gens de Tours. Ils étaient bien loin de penser qu’en franchissant le seuil de leur demeure, ils mettraient le pied sur le bord de la tombe, et qu’ils allaient périr d’une mort horrible que l’imagination se refuse à approfondir. Certainement, ce n’est pas sans motif que Dieu les a fait périr de cette manière, car il leur a infligé la peine du talion. - Ils avaient, dans une autre existence, fait éprouver à de malheureuses victimes des tortures semblables à celles qu’ils ont éprouvées, et l’affreuse mort n’a été pour eux qu’une punition de leurs crimes, car ils étaient unis dans le mal et ils ont dû subir les mêmes souffrances ensemble.
Rien dans leur vie présente ne devait leur mériter un pareil sort, car ils jouissaient de la considération publique, mais qui peut sonder les desseins de Dieu. A-t-il jamais rien fait d’injuste et d’inutile ? Cette épreuve leur servira pour s’améliorer, car ils reconnaîtront qu’ils l’ont méritée et vous savez que lorsqu’on commence à reconnaître la justice de l’arrêt qui nous condamne, on a déjà fait un grand pas dans la voie du progrès.
Voyez d’après cet exemple qu’il n’y a rien d’impuni et que les plus grands crimes et ceux qu’on croit les mieux cachés reçoivent leur juste punition ; mais à côté du châtiment Dieu place l’espérance, il ne condamne jamais sa créature pour toujours et lui laisse le temps de s’amender, et ne fût-ce qu’après des siècles n’est-ce pas un court espace en le comparant à l’éternité [?]
Un Esprit.
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