Manuscrito
[Carimbos ilegíveis.]
]Senhor Rivail à senhora Rivail[
Senhora
Senhora Rivail
Lycée Polymatique
Rue de Sèvres, no 35
Paris
Londres, 19 de setembro de 1837 ]1837[.
Recebi tua carta, minha querida Amélie, que me deu o maior prazer por dizer que todos vocês estão com boa saúde. Os desenganos de que me falas não me surpreendem; é preciso esperá-los, e seria um milagre se não ocorressem. Quanto a mim, não faço grandes negócios aqui; no entanto, acho que minha viagem não será inútil; meus anúncios me trouxeram até agora somente um pedido, e ainda por carta. Foi um membro do Parlamento quem me escreveu, porque ele está na zona rural, e me pede mais informações. Como bem imaginas, apressei-me em lhe responder com uma carta muito detalhada, e aguardo o resultado disso. Se der certo, será um bom negócio, porque um apoio como o dele pode ser extremamente útil, sobretudo na Inglaterra, onde as recomendações são tudo; ele ainda teve o cuidado de me pedir as que eu podia lhe oferecer. Também fiz contato com o cônsul francês, cujos dois filhos estudam em Paris, no colégio Louis-le-Grand. Ele tem a intenção de retirar de lá o mais jovem, que tem 12 anos e meio, e tenho alguma esperança nesse sentido. Como vês, não há abundância; mas, como disse, acho que minha viagem não será em vão, pelo menos para o futuro, se não for para o presente, pois estabeleço contatos e, especialmente, tomo ciência dos costumes do país e dos meios mais apropriados para obter êxito se as circunstâncias se apresentarem; e já é uma grande coisa saber como proceder. Se eu viajar novamente para cá, perderei muito menos tempo, sabendo então o que há para fazer; pois não é possível, em um dia, situar-se no caos dessa imensa cidade, na qual Paris bem dançaria um galope. Os percursos aqui são tão longos que uma única visita logo lhe faz perder o dia. Estou aqui há 13 dias e só agora começo a me orientar um pouco nesta cidade.
Outra circunstância me fez experimentar atrasos; são os anúncios que os jornais nem sempre colocaram no dia combinado e que saíram às vezes três ou quatro dias depois.
Escrevi a um dos meus amigos, que mora nos arredores e que tem um liceu com grande reputação; assim que recebeu minha carta, ele se dispôs a vir a Londres para me ver e me convidar para ir à sua casa. Eu o vi somente hoje, e na quinta-feira à noite vou visitá-lo. Por sua posição, ele pode ser muito útil para mim, e tenho esperanças quanto a isso. Ele me deu informações muito boas, e se há algo a lamentar, é de ter demorado tanto para retomar o contato com ele. Isso também se aplica a outra pessoa que eu esperava encontrar em Londres e que mora na zona rural. É também um chefe de instituição que goza de grande consideração e cujas recomendações, como ministro e doutor, podem ter bastante peso. Apenas ontem eu lhe escrevi, e não duvido de que ele não me responda ou talvez não venha me ver. Se não fossem as despesas, eu iria a sua casa.
Ainda não defini o dia da minha partida, mas não será antes do final da semana, pois ainda deve ser publicado um anúncio aqui amanhã e preciso esperar o efeito, bem como o resultado da minha carta àquele membro do Parlamento.
Há alguns dias fui jantar e passar a noite na casa do senhor e da senhora Miller, a quem o senhor Givaldan me havia dado uma carta e de quem falei ao meu tio em minha última [carta]. É impossível ser mais amigo e mais atencioso do que essas pessoas. Conto muito com seus bons serviços. O que me tranquiliza um pouco, quanto ao prolongamento da minha estadia aqui, é a redução das minhas despesas. Faço tudo com a mais estrita economia. Para evitar gastos com transporte, ando a pé, o que me permite conhecer a cidade. Minha alimentação aqui é muito barata; somente a hospedagem é cara; se pelo menos eu não tivesse feito questão de me hospedar um pouco decentemente e numa região central, ela poderia ser reduzida à metade.
Quanto às atrações, não custam tanto quanto se dizia. Visitei Westminster, que realmente merece ser vista, por 36 sous. Para ver a torre, não custa mais do que 3,75 francos. Ainda não fui, e dependendo das circunstâncias, talvez não vá.
Os espetáculos também não são tão caros quanto se pensa. Vai-se à plateia dos grandes teatros por 3,75 francos; mas a estes eu não fui. Estive duas vezes em teatros secundários, uma vez por 50 centavos de franco e outra vez por 36 centavos de franco.
Tu me censuras por não ter feito a descrição da entrada de Londres e de suas incontáveis embarcações. Sabes primeiramente que sou muito preguiçoso para escrever cartas e que economizo habitualmente minha pena para tudo o que não é necessário; pensei que uma narração ao vivo seria mais interessante. Por isso, vou me limitar ainda desta vez a te dizer que, desde a entrada do Tâmisa até Londres, vi entre 4 e 5 mil navios pelo menos, e dificilmente se pode, quando não se viu, fazer uma ideia dessa imensa floresta de mastros.
Pela mesma razão, vou limitar minha descrição das outras coisas que vi; poderei, no entanto, te dar um motivo melhor do que minha preguiça: é que te escrevo de improviso e acabo de ser avisado, há cerca de meia hora apenas, que se eu quiser aproveitar o correio da embaixada devo entregar minha carta sem demora.
Adeus então; abraça por mim meu querido tio, por quem fico feliz por saber que está bem de saúde, e recebe a expressão da terna afeição, do teu terno e sinceramente muito afetuoso esposo e marido,
H.L.D. Rivail.
P.S.: Estou bem, e emprego bastante bem meu tempo trabalhando em meu quarto, esperando as visitas que raramente vêm.
Fiz um bom trabalho para o retorno às atividades. As melhores coisas a todos.






[Cachets illisibles.]
]M.r Rivail à M.me Rivail[
Madame
Madame Rivail
Au Lycée Polymatique
Rue de Sèvres no 35
Paris
Londres le 19 7bre 1837 ]1837[.
J’ai reçu ta lettre, ma chère Amélie, qui <m’a> fait le plus grand plaisir en m’apprenant que vous êtes tous en bonne santé. Les mécomptes dont tu me parles ne m’étonnent pas ; il faut s’y attendre, et ce serait un miracle que de n’en pas avoir. Quant à moi je ne fais pas grandes affaires ici ; cependant je pense que mon voyage n’aura pas été inutile ; mes annonces ne m’ont amené jusqu’à ce moment qu’une demande et encore par lettre. C’est un membre du parlement qui m’a écrit, parce qu’il est à la campagne, et qui me demande de plus amples renseignements. Comme tu le penses bien je me suis empressé de lui répondre une lettre fort détaillée, et j’attends ce qu’il en adviendra. Si cela réussit ce sera une bonne affaire, parce qu’un patronage comme celui là peut être extrêmement utile, surtout en Angleterre où les recommandations font tout, aussi a-t-il eu [un] soin de me demander celles que je pouvais lui offrir. J’ai également fait connaissance avec le consul français qui a ses deux fils à Paris au collège Louis le Grand ; il a l’intention d’en retirer le plus jeune qui a 12 ans 1/2 et je fonde quelque espoir de ce côté. Comme tu le vois cela n’abonde pas ; mais ainsi que je l’ai dit, je pense cependant que mon voyage ne sera pas en pure perte, au moins pour l’avenir si ce n’est pour le présent, car j’établis des relations, et surtout je me mets au courant des usages du pays et des moyens les plus propres à réussir si les circonstances se présentent ; et c’est beaucoup que de savoir comment s’y prendre. Si jamais je faisais un autre voyage ici j’y perdrais bien moins de temps, sachant de suite ce qu’il y a à faire ; car ce n’est pas en un jour qu’on peut se débrouiller dans le chaos de cette immense ville dans laquelle Paris danserait bien un galop. Les courses y sont si longues qu’une seule visite vous fait tout de suite perdre une journée. Voilà 13 jours que j’y suis et je commence seulement un peu à m’y reconnaître.
Une autre circonstance m’a fait éprouver des retards ; ce sont les annonces que les journaux n’ont pas toujours mis au jour convenu et qui ont été retardés quelquefois de 3 ou 4 jours.
J’ai écrit à un de mes amis qui demeure aux environs et qui tient une pension en grande réputation, aussitôt ma lettre reçue il s’est empressé de venir à Londres pour me voir et m’engager à aller chez lui. C’est aujourd’hui seulement que je l’ai vu, et c’est jeudi soir que je vais me rendre à son invitation. Par sa position il peut m’être très utile et j’ai bon espoir de ce côté. Il m’a donné de très bons renseignements, et si j’ai un regret c’est d’avoir autant tardé à me remettre en rapport avec lui. Il en est de même d’une autre personne que je comptais trouver à Londres et qui habite à la campagne. C’est aussi un chef d’institution qui jouit d’une grande considération et dont les recommandations, comme ministre et docteur peuvent avoir beaucoup de poids. Je lui ai écrit seulement hier, et je ne doute pas qu’il ne me réponde ou peut-être qu’il ne vienne aussi me voir. Si ce n’était la dépense j’irai chez lui.
Je n’ai point encore fixé le jour de mon départ ; mais ce ne sera pas avant la fin de la semaine ; car il doit y avoir encore une annonce mise demain et je dois en attendre l’effet, ainsi que le résultat de ma lettre à ce membre du Parlement.
J’ai été il y a quelques jours dîner et passer la soirée chez M.r et M.e Miller pour lesquels M.r Givaldan m’avait donné une lettre et dont j’ai parlé à mon oncle dans ma dernière. Il est impossible d’être plus amis et plus prévenants que ces gens là. Je compte beaucoup sur leurs bons offices. Ce qui me tranquillise un peu sur la prolongation de mon séjour ici c’est la réduction de ma dépense. Je vais en tout avec la plus stricte économie. Pour épargner les voitures je vais à pieds ce qui me fait connaître la ville. Ma nourriture y est très bon marché ; il n’y a que le logement qui soit cher ; encore si je n’avais pas tenu à être logé un peu convenablement et dans un quartier central elle pourrait être réduite à moitié.
Quant aux curiosités, il n’en coûte pas autant qu’on le disait. J’ai visité Westminster qui est vraiment une chose à voir, pour 36 sous. Pour voir la tour il n’en coûte que 3f 75c. Je n’y ai point encore été, et suivant les circonstances je m’en passerai.
Les spectacles ne sont pas non plus aussi chers qu’on le croit. On va au parterre dans les grands théâtres pour 3f 75c ; mais je m’en suis passé ; j’ai été 2 fois dans des théâtres secondaires, une fois pour 50c et une autre fois pour 36.
Tu me reproches de ne t’avoir pas fait la description de l’entrée de Londres et de ses innombrables vaisseaux. Tu sais d’abord que je suis assez paresseux pour écrire des lettres et que j’économise volontiers ma peine pour tout ce qui n’est pas nécessaire ; j’ai pensé qu’un récit de vive voix serait plus intéressant ; c’est pourquoi je me bornerai encore cette fois à te dire que depuis l’entrée de la Tamise jusqu’à Londres j’ai vu au moins 4 à 5000 navires et qu’on peut difficilement, quand on ne l’a pas vu, se faire une idée de cette immense forêt de mats.
<Pour> la même raison je bornerai là ma description des autres choses que j’ai vues ; je pourrai pourtant t’en donner une meilleure que ma paresse ; c’est que je t’écris à l’improviste, venant d’être prévenu il y a une 1/2 heure seulement que si je voulais profiter du courrier de l’ambassade, il fallait remettre ma lettre sans retard.
Adieu donc ; embrasse pour moi mon cher oncle que je suis bien aise de savoir en bonne santé et reçoit l’expression de la tendre affection de ton tendre et bien sincèrement affectionné époux et mari,
H.L.D. Rivail.
P.S. Je me porte bien, j’emploie assez bien mon temps à travailler dans ma chambre en attendant les visiteurs qui ne visitent guère. J’ai fait un bon travail pour la rentrée.
Bien des choses à tout le monde.
[240] | 31/08/1834 | Carta de Allan Kardec para Amélie-Gabrielle Boudet |
[159] | 08/10/1834 | Carta de Hypolite Rivail para Amélie Boudet |
[115] | 21/05/1835 | Carta de Allan Kardec para Amélie Gabrielle Boudet |
[161] | 16/08/1841 | Carta de Hypolite Rivail para Amélie Boudet |
[116] | 20/08/1841 | Carta de Allan Kardec para Amélie Gabrielle Boudet |
[230] | 20/08/1841 | Carta de Allan Kardec para Amélie-Gabrielle Boudet |