Manuscrito

Discurso - Amélie Boudet [DD/MM/1844]

Discurso de 1844

Minhas jovens amigas,

Antes de iniciar a distribuição dos prêmios, creio necessário lhes dirigir algumas palavras. Encarregada pelos seus pais para supervisionar sua educação, eles me transmitem uma parte de seus direitos, embora não nos conheçamos há muito tempo. As alegres disposições que notei em vocês e o afeto, do qual me deram provas inequívocas, me impõem um dever, mesmo que eu já não o abrigasse em meu coração: ser para vocês uma segunda mãe, uma mãe de adoção, ciumenta também, pelo apego que retribuo por vê-las brilharem pelas qualidades que as fazem jovens estimáveis e pela educação que abrirá o caminho da carreira que terão de percorrer. Sua mais doce recompensa não está nos livros que devem procurar, mas sim na felicidade dos seus pais: se é esse o motivo que os anima, é nobre, é grande, é digno de uma alma elevada, sim, minhas amigas, se vocês puderem ler no fundo do coração deles, compreender toda a solicitude deles por vocês, se soubessem das tristezas e das inquietudes que vocês lhes deram em sua tenra idade, dos sacrifícios e das privações a que se submetem por vocês, quanto vocês menosprezariam a si mesmas caso se sentissem culpadas pela ingratidão para com eles.

Desejo, minhas crianças, que a sua educação seja baseada nesses sentimentos que sempre me esforçarei em lhes inspirar, pois o amor filial é um dever sagrado, visto que, depois de Deus, seus pais são o que vocês têm de mais querido no mundo. Foi o próprio Deus que o gravou no coração do homem e o inscreveu nos seus mandamentos, de modo que falhar neles seria ofender a Deus e violar os seus santos preceitos.

Algumas de vocês, minhas crianças, vão terminar os estudos neste ano; o pesar que umas expressaram por não poderem aprofundar a sua educação e a alegria de outras que obtiveram de seus pais uma extensão dos seus estudos provam que sentem toda a importância disso para seu futuro; é também uma prova de racionalidade de sua parte em uma idade em que, muitas vezes, ansiamos com impaciência pelo momento de deixar de lado os livros e os cadernos. Mas, de longe e de perto, nosso carinho os acompanhará por toda parte, e vocês sempre encontrarão em nós amigas prontas para ajudá-las se assim precisarem.

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Discours de 1844.

Mes jeunes amies,

Avant de procéder à la distribution des prix je crois devoir vous adresser quelques mots. Chargée par vos parents de surveiller votre éducation, ils me transmettent une partie de leurs droits, et quoiqu’il n’y ait pas encore bien longtemps que nous nous connaissons ; les heureuses dispositions que j’ai remarquées en vous, l’affection dont vous m’avez donnée des preuves non équivoques me feraient un devoir si déjà je n’y étais portée par mon cœur, d’être pour vous une seconde mère, une mère d’adoption, jalouse aussi, par l’attachement dont je vous paie de retour, de vous voir briller par les qualités qui rendent des jeunes personnes estimables et par l’instruction qui vous ouvrira le chemin de la carrière que vous aurez à parcourir. Votre plus douce récompense ce n’est pas dans quelques livres que vous devez chercher, mais bien dans la joie de vos parents ; si c’est ce motif qui vous anime, il est noble, il est grand, il est digne d’une âme élevée, oui, mes amies si vous pouvez lire au fond de leur cœur, comprendre toute leur sollicitude pour vous, si vous saviez quelles peines, quelles inquiétudes vous leur avez données dans votre jeune âge, les sacrifices les privations qu’ils s’imposent souvent pour vous ; combien vous vous mépriseriez <vous-mêmes> si vous vous sentiez coupables d’ingratitude à <leur égard>.

Je désire mes enfants que votre éducation soit basée sur ces sentiments que je m’efforcerai toujours de vous inspirer, car l’amour filial est un devoir sacré, puisqu’après Dieu, vos parents sont ce que vous avez de plus cher au Monde. C’est Dieu lui-même qui l’a gravé dans le cœur de l’homme et <inscrit> dans ses commandements, y manquer ce serait donc <offenser> Dieu & violer ses saints préceptes.

Quelques-unes d’entre vous mes enfants, vont terminer leurs études cette année ; les regrets qu’elles ont manifestés de ne pouvoir ajouter encore à leur instruction, la joie de celles qui ont obtenu de leurs parents une prolongation d’études, prouvent que vous en sentez toute l’importance pour votre avenir ; c’est une preuve aussi de raison de votre part dans un âge où l’on aspire souvent avec impatience au moment de mettre de côté les livres et les cahiers. Mais de loin comme de près, notre affection vous suivra partout, et vous trouverez toujours en nous des amis prêts à vous être utiles, si jamais vous pouviez en avoir besoin.

27/09/1844 Carta de Allan Kardec para Amélie Gabrielle Boudet
27/10/1844 Carta de Julie-Louise Seigneat de Lacombe para Amélie Gabrielle Boudet
10/12/1844 Carta de Julie-Louise Seigneat de Lacombe para Amélie Gabrielle Boudet
22/02/1845 Carta de [?] para Amélie Gabrielle Boudet [em andamento]
06/06/1845 Carta de Julien-Louis Boudet para Amélie Gabrielle Boudet
29/09/1845 Carta de Allan Kardec para Amélie Gabrielle Boudet