Manuscrito

Psicografia - Espírito: Montaigne / Médium: Desliens [27/01/1865]

Sessão de sexta-feira, 27 de janeiro de 1865.

A. Desliens.

]Muito bom.

Copiado para A Gênese.[

Saudações à nova era!

O Espiritismo estende a cada dia o círculo de seu ensino moralizador! Sua grande voz tem ressoado de um extremo a outro da Terra.

A sociedade tem se comovido com ela, e de seu seio têm se elevado adeptos e adversários!

Adeptos fervorosos, mas adversários hábeis, cuja própria habilidade e cujo renome têm servido à nossa causa, ao chamar para a nova doutrina a atenção das massas, dando a estas o desejo de conhecer os ensinamentos regeneradores que seus adeptos preconizam e pelos quais são escarnecidos e ridicularizados.

Adversários muito pouco numerosos, creio; pois fizeram por nossa obra uma tal propaganda que os espíritas não poderiam imitar.

Contemplai o trabalho realizado, caros amigos, e alegrai-vos com o resultado!

Mas o que será, e que efervescência indizível se produzirá entre os povos, quando os nomes de seus escritores mais difundidos e mais amados se juntarem aos nomes mais obscuros e menos conhecidos daqueles que se reúnem ao redor da bandeira da verdade!

Vede o que têm produzido os trabalhos de alguns grupos isolados, e julgai a revolução que se operará quando todos os membros da grande família espírita se derem as mãos e declararem, a fronte alta e o coração firme, sua fé e sua crença na realidade do ensinamento dos Espíritos.

As massas amam o progresso, elas o buscam, mas o temem.

Como já disse, o desconhecido inspira um secreto terror aos filhos ignorantes de uma sociedade que esboça seus primeiros passos no caminho da realidade e do progresso moral.

As grandes palavras liberdade, progresso, amor, caridade atingem o povo sem comovê-lo; ele frequentemente prefere seu estado presente e medíocre a um futuro melhor, mas desconhecido.

A razão desse temor do futuro está na ignorância do sentimento moral de um grande número, e do sentimento moral e do sentimento inteligente de outros. Não, não é verdade, como disseram vários filósofos célebres, tais como <Obs>, Locke, Helvétius, Rousseau e eu mesmo. (Por que eu ficaria envergonhado por dizê-lo? Não poderia me enganar?) Grandes nomes!... que uma concepção falsa da origem das coisas os fez errar; não, não é verdade que a humanidade seja má por essência, não, a humanidade, aperfeiçoando sua inteligência, não dará mais um elã às suas más qualidades.

Afastai de seus espíritos esses pensamentos desesperadores baseados em um sistema errôneo, em um falso conhecimento do espírito humano.

A humanidade não é má por natureza; mas é ignorante e, por isso mesmo, mais apta a se deixar governar pelas paixões.

Esclarecei e mostrai a ela seus inimigos escondidos na sombra; desenvolvei sua essência moral, nela inata e somente adormecida sob o fogo dos maus instintos.

Vós reviveis a centelha da eterna verdade; da eterna presciência do infinito; do belo e do bom que residem sempre no coração do homem, mesmo dos mais perversos.

Filhos de uma doutrina nova, reuni vossas forças; que o sopro divino e o socorro dos bons Espíritos vos sustentem, e vós fareis grandes coisas.

Filhos de uma doutrina nova, tereis a glória de haver posto as bases dos princípios imperecíveis cujos frutos vossos descendentes colherão,

Montaigne.

A. Desliens.

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Séance du

Vendredi 27

Janvier 1865.

A. Desliens.

]T.B.

Copié pour La Genèse.[

Salut à l’ère nouvelle !

Le Spiritisme étend chaque jour le cercle de son enseignement moralisateur ! Sa grande voix a retenti d’une extrémité de la terre à l’autre.

La société s’en est émue, et de son sein se sont élevés des adeptes et des adversaires !

Adeptes fervents ! adversaires habiles ; mais dont l’habileté même et la renommée ont servi notre cause, en appelant sur la doctrine nouvelle le regard des masses, et en leur donnant le désir de connaître les enseignements régénérateurs que préconisaient ses adeptes et les faisaient bafouer et couvrir de ridicule.

Adversaires trop peu nombreux, selon moi ; car, ils ont fait pour notre <œuvre> une propagande telle, que les spirites n’eussent pu les imiter.

Contemplez le travail accompli, chers amis, et jouissez du résultat !

Mais quel sera-t-il, et quelle effervescence indicible se produira chez les peuples alors que les noms de leurs écrivains les plus répandus et les plus aimés, viendront se joindre aux noms, plus obscurs ou plutôt moins connus, de ceux qui se serrent autour du drapeau de la vérité.

Voyez ce qu’ont produit les travaux de quelques groupes isolés, et jugez de la révolution qui s’opérera alors que tous les membres de la grande famille spirite se tendront la main et déclareront le front haut et le cœur fier leur foi et leur croyance dans la réalité de l’enseignement des Esprits.

Les masses aiment le progrès, elles le recherchent, mais elles le craignent.

Comme déjà je l’ai dit, l’inconnu inspire une secrète terreur, aux enfants ignorants d’une société qui ébauche ses premiers pas dans la voie de la réalité et du progrès moral.

Les grands mots de liberté, de progrès, d’amour, de charité frappent le peuple sans l’émouvoir ; souvent il préfère son état présent et médiocre à un avenir meilleur mais inconnu.

La raison de cet effroi de l’avenir, c’est l’ignorance du sentiment moral chez un grand nombre ; du sentiment moral et du sentiment intelligent chez les autres. Non, il n’est pas vrai, comme l’ont dit plusieurs philosophes célèbres, tels que <Obs>, Locke, Helvétius, Rousseau et moi-même (pourquoi rougirais-je de le dire ; n’ai-je pu me tromper?) grands noms !... qu’une conception fausse de l’origine des choses a fait errer ; non il n’est pas vrai que l’humanité soit <mauvaise> par essence, non, l’humanité en <perfectionnant> son intelligence, ne donnera pas un <essor> plus étendu à ses qualités mauvaises.

Éloignez de vos esprits, ces pensées désespérantes qui reposent sur un système erroné, sur une fausse connaissance de l’esprit humain.

L’humanité n’est pas mauvaise par nature ; mais elle est ignorante et par là même, plus apte à se laisser gouverner par les passions.

Éclairez-la ; montrez-lui ses ennemis cachés dans l’ombre ; développez son essence morale qui est innée en elle et seulement assoupie sous le feu des mauvais instincts.

Vous aurez ranimé l’étincelle de l’éternelle vérité ; de l’éternelle prescience de l’infini ; du beau et du bon qui réside à jamais dans le cœur de l’homme même, le plus pervers.

Enfants d’une doctrine nouvelle, réunissez vos forces ; que le souffle divin et le secours des bons Esprits vous soutiennent et vous ferez de grandes choses.

Enfants d’une doctrine <nouvelle>, vous aurez la gloire d’avoir posé les bases des principes impérissables dont vos descendants recueilleront les fruits,

Montaigne.

A. Desliens.

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