Manuscrito

Comunicação [DD/MM/AAAA]

Conversão de um incrédulo contada por seu Espírito

Grupo de Aix

Médium: senhora Petin

]À sociedade[

Eu estava muito triste e não sabia mais o que fazer; de lado algum havia mais esperança. Ai de mim! O que fazer? A miséria, a doença, tudo me causaria dolorosos danos; eu era um homem perdido, sem saber a quem recorrer, sem saber a qual rosto amigo me dirigir. O que tornava minha posição ainda mais intolerável era que eu não acreditava em uma vida futura; não podia, portanto, aguardar tempos melhores, pois ignorava a existência de um Deus; eu era um incrédulo, ou melhor, nunca havia acreditado em nada nem conhecido nada.

No entanto, eu teria gostado de acreditar em algo; eu teria desejado uma corda à qual me agarrar, mas nada! Eu não encontrava nada para restaurar minha coragem abatida e a voz desconhecida que falava ao meu coração; o sentimento que me fazia desejar algo diferente da terra, de onde vinha? Ele não me consolava, apenas agravava o meu mal, pois eu não encontrava saída para todas essas ideias que me vinham do coração. Mas Deus cuida de todos nós, e cuidou de mim; ele não permitiu que esse amor pelo belo, que o desejo por algo mais elevado ficasse sem resultado.

Não era um boa manhã; o sol nascia resplandecente, parecia convidar todos os mortais à alegria; só eu, pobre, triste, o rosto sombrio, de cabeça baixa, saí de casa a esmo, sem saber para onde dirigir meus passos, quando fui subitamente retirado de minhas soturnas reflexões por um homem, com cerca de 40 anos, que pareceu reconhecer-me, sem poder dizer onde eu o vira.

Abordou-me nestes termos: “Amigo, o que está fazendo aqui? Tem o rosto muito triste! Não está ciente da chama que está vindo iluminar o mudo? A voz regeneradora ainda não veio até você?...” Eu o olhava com espanto, sem entender nada daquela linguagem; então, o indivíduo me disse: “Aqui está um livro que, em três dias, voltarei para buscá-lo; leia-o sem demora, e ele lhe devolverá aquilo que perdeu. Daqui a três dias, então; tchau, até breve…”

Não sabendo o que pensar disso, afastei-me novamente; ao chegar a um banco de pedra, sentei-me, abri meu livro /2/ e comecei a lê-lo. No início, com a cabeça confusa com tudo o que havia se passado; não entendia nada; mas de repente um raio misterioso pareceu abrir-me os olhos; vislumbrei um horizonte, um propósito de vida, uma recompensa para os sofrimentos, uma punição, um castigo: tive a certeza da existência de um Ser superior sublime, que rege a humanidade, que controla alguns, abandonando outros ao capricho de suas paixões, conforme suas necessidades. Sou pobre; agora, porém, considero-me rico, digo para mim mesmo; mas como pude entregar-me ao desespero!? Ah! Não, longe de mim esta ideia, agora sou forte. Ah! Desejo do meu coração! Você não foi em vão. Ah, minha alma! Você sentiu que foi feita à imagem de um ser supremo, que não nasceu para morrer.

Eu devorava meu livro e esperava impacientemente a passagem dos três dias. Terminado o prazo, fui ao lugar indicado pelo indivíduo que eu chamava de misterioso; chegamos ao mesmo tempo ao encontro. Assim que o vi, pulei em seu pescoço e lhe disse: você me salvou. Ele me respondeu: “Acalme-se; apenas Deus o salvou; você teve sede de suas verdades, ele quis saciá-la; ele é a fonte de água viva que jorra de todos os lados e sobre todos os que têm sede da verdade. Adeus, amigo”.

Perguntei-lhe com insistência o endereço e o dia em que poderia revê-lo. “Aqui, em breve nos reencontraremos”, ele disse. Repliquei: mas para eu poder ir, dê-me um dia. Ele me disse: “Não tenha medo; viva feliz. Nós nos reencontraremos aqui, onde estamos, brevemente, como acabo de lhe dizer. Vá, eu o encontrarei”. Ele apertou minha mão, dizendo: “Até breve, tchau”.

Nove dias depois, amigos que me ouvem, eu estava no mesmo lugar, mas em espírito, como aquele que quis, pela santa vontade de Deus, tomar um corpo para me tirar do desespero e me trazer à luz verdadeira à qual aspirei por toda a minha vida.

Obrigado, amigos, por sua atenção; obrigado mais uma vez e até breve — Adeus.

Eu me chamo Jules.

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Conversion d’un incrédule racontée par son Esprit

Groupe d’Aix

Méd. Mad. Petin

]Lui à la société[

J’étais bien triste et ne savais plus que devenir; d’aucun côté plus aucun espoir. Hélas! Que faire? La misère, la maladie, tout ferait des ravages pénibles chez moi ; j’étais un homme perdu, ne sachant à qui me recommander, ne sachant vers quel visage ami tourner le mien. Ce qui rendait ma position plus intolérable encore, c’est que je ne croyais pas à une vie future ; je ne pouvais donc espérer des temps meilleurs, car j’ignorais l’existence d’un Dieu ; j'étais un incrédule ou plutôt je n’avais jamais rien cru ni rien su.

Pourtant j’aurais désiré croire à quelque chose ; j’aurais voulu une corde où me cramponner, mais rien! Je ne rencontrais rien pour relever mon courage abattu, et la voix inconnue qui me parlait au cœur, le sentiment qui me faisait désirer quelque chose autre que la terre, ce sentiment d’où me venait-il? Il ne me consolait point, il ne faisait qu’aggraver mon mal, car je ne voyais pas d’issue à toutes ces idées qui me venaient du cœur. Mais Dieu veille sur tous, il a veillé sur moi ; il n’a point permi que cet amour du beau, que le désir de quelque chose de plus élevé fut sans résultat.

C’était pas une belle matinée, le soleil se levait resplendissant, il semblait inviter tous les mortels au bonheur, moi seul, pauvre, triste, le visage sombre, la tête penchée, je sortis de chez moi allant au hasard sans savoir où diriger mes pas, quand je fus tout à coup tiré de mes sombres réflexions par un homme d’une quarantaine d’années à peu près, et qu’il me sembla reconnaître sans pouvoir dire où je l’avais vu.

Il m’aborda en ces termes : Ami, que faites-vous là? Vous avez le visage bien triste! Est-ce que vous n’êtes pas instruit du flambeau qui vient éclairer le monde? Est-ce que la voix régénératrice n’est point venue jusqu'à vous ?… Je le regarde d’un air étonné ne comprenant rien à ce langage ; alors l’individu me dit: voilà un livre que je viendrai reprendre ici dans trois jours, lisez-le sans retard, et il vous rendra ce que vous avez perdu. A trois jours donc ; adieu, au revoir…

Ne sachant que penser de cela, je m’éloignai encore ; arrivé près d’un banc de pierre, je m’assieds, j’ouvre mon livre /2/ et je me mets à lire. D’abord la tête embarrassée de tout ce qui venait de se passer, je ne compris rien du tout; mais tout à coup, un éclair mystérieux semble dessiller mes yeux ; j’aperçois un horizon, un but à la vie, une récompense aux peines, une punition, un châtiment; je suis assuré de l’existence d’un Être supérieur sublime, régissant l’humanité, bridans les uns, abandonnant les autres au gré de leurs passions, suivant leurs besoins. Je suis pauvre; dès à présent je me crois riche, me dis-je; mais comment ai-je pu me livrer au désespoir ! Oh ! non, loin de moi cette idée, je suis fort maintenant. Oh ! désir de mon cœur ! vous n’avez point été <vain / vains> ; oh! mon âme! vous avez senti que vous étiez faite à l’image d’un être suprême, que vous n’étiez point née pour mourir.

Je dévorais mon livre et attendais avec impatience que le terme de trois jours fut arrivé. Les trois jours expirés je me <rendis> à l’endroit indiqué par l’individu que je nommais mystérieux ; nous arrivâmes au même temps au rendez-vous. Dès que je l’aperçus, je lui sautai au cou lui disant : vous m’avez sauvé. Il me répondit: Calmez-vous; Dieu seul vous a sauvé; vous avez eu soif de ses vérités, il a voulu vous désaltérer; il est la source d’eu vive qui jaillit de toutes parts et sur tous ceux qui ont soif de la vérité; adieu ami.

Je lui demandais avec instance l’endroit et le jour où je pourrais le revoir? Ici, me dit-il, sous peu nous nous retrouverons. Je lui répliquai: mais pour pouvoir m’y rendre, donnez-moi un jour, il me dit encore: Soyez sans crainte; vivez heureux; nous nous reverrons ici où nous sommes, sous peu comme je viens de vous le dire; allez je vous retrouverai. Il me serra la main et me dit: à bientôt, au revoir.

Neuf jours après, amis qui m’écoutez, j’étais au même lieu; mais j’y étais en esprit, comme celui qui avait bien voulu par la sainte volonté de Dieu prendre un corps pour me sortir du désespoir et m’amener à la vraie lumière après laquelle j’avais soupiré toute ma vie.

Merci, amis, de m’avoir prêté votre attention; merci encore et au revoir — Adieu.

Je m’appelle: Jules

20/09/AAAA Carta de Allan Kardec para Amélie Gabrielle Boudet
20/11/AAAA Rascunho de carta de Allan Kardec para Amélie Gabrielle Boudet
27/11/AAAA Comunicação