Manuscrito
Paris, 4 de julho de 1865.
Médium: senhor Desliens.
Mensagem do senhor Jobard sobre uma passagem de suas comunicações anteriores, relatada em O Céu e o Inferno.
Prezado mestre, a matéria em questão tem verdadeira importância e merece ser refletida cuidadosamente.
Já pensei nisso e confesso que hesitava; talvez, mesmo agora, eu ainda não esteja totalmente convencido. No entanto, vou expor-lhe meus pensamentos; você os julgará e fará o que achar correto.
A exposição da minha felicidade após chegar ao mundo dos espíritos, da facilidade com que ocorreu o meu desprendimento, graças a meu conhecimento do Espiritismo, do qual sempre fui um adepto fervoroso, é uma ideia que eu não saberia elogiar o suficiente, deixando de lado toda a falsa modéstia pessoal. Acredito apenas que tal descrição deve se limitar a isto e às diversas instruções que dei sobre minha posição; pois talvez seja arriscado mostrar que uma vida mais longa tinha me colocado em um rumo diferente daquele que eu havia seguido até então. É uma instrução, é verdade, mas é igualmente uma espada de dois gumes; pois se isso prova a solicitude de Deus para com suas obras, parece-me que, ao mesmo tempo, exporia as almas tímidas a certos escrúpulos; talvez também seja dar uma arma a nossos adversários.
/2/ Haveria chance, então, de dizerem que minha vida prolongada possa ter sido um perigo para a causa. Eu poderia, assim, ter decaído, e meus conhecimentos espíritas, ao crescerem, poderiam ter prejudicado a doutrina. Há nisto, repito, sérias reflexões, e lhe asseguro que não estou minimamente constrangido. Não vejo claramente qual seria o perigo, mas o sinto. Assim, minha opinião é pela abstenção.
Jobard.
Comunicação de São Luís; 1º: sobre o mesmo assunto.
Toda obra publicada no interesse da doutrina merece o cuidado dos seres que trabalham para Deus, para a realização de seus imutáveis propósitos; não poderia duvidar, caro presidente, de nossa diligência para responder ao seu apelo. É, para nós, mais do que uma complacência; é um verdadeiro dever.
Jobard tem razão; o simples relato de sua entrada no mundo dos espíritos, seu destino feliz, resultante de sua vida purificada pela influência espiritual, apresenta um quadro capaz de atrair os mais incrédulos; eles vão querer conhecer essa doutrina que mostra tais recompensas adquiridas por aqueles que se tornaram dignos dela, e um estudo sério revelará o resultado da falta de foco que eles terão concedido a esse artigo.
Os homens, porém, são como crianças a quem se esconde a dificuldade de um estudo, rodeando-o de alegres aparências. Não quero dizer que é preciso enganá-los, disfarçar-lhes a verdade, mas evitar que conheçam, desde o princípio, aquilo que poderia suscitar-lhes reflexões infelizes; o que /3/, além disso, não teria nenhum efeito sobre eles, ao passo que sua fé será fortalecida.
Eu e os espíritos ao meu redor garantimos a comunicação de Jobard e aceitamos a sua opinião, que é também a nossa.
São Luís.
2º: É útil deixar os nomes dos médiuns nas comunicações colocadas em O Céu e o Inferno?
Resposta: O amor próprio e o orgulho penetram muito facilmente no coração dos médiuns, para corrompê-los e fazê-los perder a preciosa qualidade de intérpretes dos enviados de Deus; é preciso evitar dar-lhes oportunidades para se orgulharem. Se experimentassem tal satisfação, eles a sentiriam reconhecendo os escritos para os quais foram os canais; se o que os tenta é o desejo de brilhar no mundo, satisfazê-los seria perigoso para eles mesmos. Os nomes dos autores são o bastante; os dos secretários são inúteis e perigosos.
São Luís.
3º: Qual é sua opinião sobre a ordem e a natureza das comunicações incluídas no livro?
Resposta: Aprovamos completamente essa ordem; é bom que a felicidade chegue primeiro aos olhos da maior parte dos mortais. É a esperança que normalmente os guia. Você dá um propósito a essa esperança. Se o melhor não puder ser atingido por eles, você os deixa ver, em seguida, uma situação /4/ mediana, que cada um pode alcançar.
O quadro de sofrimentos e de expiações reforça as resoluções já tomadas para seguir o caminho correto e ouvir a voz dos enviados de Deus. Além disso, não há mais crimes irremediáveis e, para muitos, isso é uma esperança consoladora. Quanto às comunicações, são bem escolhidas; se for preciso acrescentar mais, criaremos a ocasião para mostrá-las no tempo devido.
São Luís.







Paris, 4 Juillet 1865.
Médium Mr. Desliens.
Communication de Mr. Jobard concernant un passage de ses communications antérieures, relaté dans « Ciel et Enfer ».
Cher maître, la chose en question a une véritable importance et mérite que l’on y réfléchisse mûrement.
Déjà, j’y ai pensé et je vous avoue que j’hésitais ; peut-être, même maintenant, ne suis-je pas encore parfaitement convaincu. Cependant, je vais vous exposer mes réflexions ; vous les jugerez et en ferez ce que vous trouverez bon.
L’exposition de mon bonheur à mon arrivée dans le monde des esprits ; de la facilité avec laquelle mon dégagement s’est opéré, grâce à ma connaissance du spiritisme, dont je fus toujours l’adepte fervent, est une idée que je ne saurais trop louer, mettons de côté, toute fausse modestie personnelle. Seulement, je crois qu’à cela, et aux diverses instructions que j’ai données sur ma position, doit se borner cette description ; car, il serait peut-être dangereux de montrer qu’une vie plus longue m’eut précipité dans une voix différente de celle que j’avais suivie jusqu’alors. C’est une instruction, il est vrai ; mais aussi, c’est une arme à double tranchant ; car, si elle prouve la sollicitude de Dieu pour ses oeuvres, il me semble en même temps, que ce serait exposé, les âmes timorées à de certains scrupules ; ce serait peut-être aussi donné une arme à nos adversaires.
/2/ Il y aurait lieu de dire alors que ma vie prolongée eut pu être un danger pour la cause. J’aurais donc pu déchoir, et mes connaissances spirites en s’aggrandissant auraient pu nuire à la doctrine. Il y a là, je le répète, <à> de graves réflexions et je vous assure que je ne suis pas médiocrement embarrassé. Je ne vois pas clairement quel serait le danger ; mais je le sens. Ainsi mon avis est pour l’abstention.
Jobard.
Communication de St. Louis ; 1° sur le même sujet.
Tout ouvrage publié dans l’intérêt de la doctrine, mérite la sollicitude des êtres préposés par Dieu à l’accomplissement de ses immuables desseins, vous ne sauriez douter, cher Président, de notre empressement à nous rendre à votre appel. C’est de notre part, plus qu’une complaisance ; c’est un véritable devoir.
Jobard a raison ; le simple exposé de son entrée dans le monde des esprits, son heureux sort résultant de sa vie purifiée par l’influence spirituelle, présente un tableau capable de tenter les plus incrédules ; ils voudront avoir connaissance de cette doctrine qui montre de telles récompenses acquises par ceux qui s’en sont rendus dignes et une étude sérieuse deviendra le résultat de la distraite attention qu’ils auront portées à cet article. – Mais les hommes sont comme des enfants à qui on cache la difficulté d’une étude, en l’entourant de riantes apparences. Je ne veux pas dire qu’il faille les tromper, leur déguiser la vérité ; mais éviter de leur faire connaître dès l’abord, ce qui /3/ pourrait faire <naître> en eux de fâcheuses réflexions ; ce qui d’ailleurs ne saurait plus faire aucun effet sur lui, alors que leur foi sera affermie.
Moi et les esprits qui m’entourent, nous nous portons garants de la communication de Jobard et nous nous rendons à son avis qui est le nôtre.
St. Louis.
2º: Est-il utile de laisser le nom des médiums dans les communications intercalées dans « Ciel et Enfer » ?
Réponse. L’amour-propre et l’orgueil ne se glissent que trop facilement dans le cœur des médiums pour le corrompre et leur faire perdre la qualité précieuse d’interprète des envoyés de Dieu ; il faut éviter de leur donner occasion de <s’ennorgueillir>. - Si une satisfaction de ce genre était goûtée par eux, ils la ressentiront en reconnaissant les écrits dont ils ont été les canaux ; si c’est le désir de briller dans le monde qui les tente, il serait dangereux pour eux-mêmes de les satisfaire. Les noms des auteurs suffisent ; ceux des secrétaires sont inutiles et dangereux.
St. Louis.
3º : Quel est votre avis sur l’ordre et la nature des communications y incluses ?
Réponse. Nous approuvons complètement cet ordre ; il est bon que le bonheur vienne d’abord se manifester aux yeux de la plupart des mortels. C’est l’espérance qui les guide habituellement. Vous donnez un but à cette espérance. Le mieux ne pouvant être acquis par eux ; vous leur laissez voir ensuite une situation /4/ moyenne que chacun peut acquérir.
Le tableau des souffrances et des expiations vient raffermir les résolutions déjà prises de suivre le droit chemin et d’écouter la voix des envoyés de Dieu. D’ailleurs plus de crimes irrémissibles et c’est là pour beaucoup, un espoir consolant. Quant aux communications, elles sont bien choisies ; s’il est nécessaire d’en ajouter, nous ferons naître l’occasion de les faire connaître en temps opportun.
St. Louis.