Manuscrito
Paris, 21 de novembro de 1868.
A. Desliens.
M.
Quanto à fundação da livraria, ela é de uma utilidade incontestável, e não há dúvida de que, sob a perspectiva comercial, quem se encarregasse dela não se exporia a fazer uma má transação, com a condição, bem entendido, de conduzi-la com prudência e habilidade. Mas é algo vivamente desejado por todos que se ocupam ativamente da doutrina, e que frequentemente se desdobram para obter obras úteis a seus estudos, em razão da multiplicidade de pesquisas dispersas [...]. Quanto à localização, a rigor, poderia certamente ocorrer aqui; mas me parece preferível que seja em qualquer outro lugar, seja na outra margem, seja nesse mesmo bairro, mas localizada de maneira a ser vista e abordada facilmente. A Passage Sainte-Anne é conhecida, é verdade, e os livreiros irão até lá para obter as obras especiais, mas os particulares em geral, que seriam sobretudo a parte mais notável da clientela, irão mais prontamente a um livreiro de fácil acesso, em vez de subir, se necessário, vários pisos. Eles receberão os livros trazidos por terceiros, que irão adquiri-los do editor mais do que de você, que não poderia oferecer condições tão favoráveis. Para manter sua reputação, você não poderá editar sozinho todas as suas obras reunidas; além disso, a maioria delas já possui editores e, como eu lhe disse, é o público quem comprará e não a livraria, e ele o fará somente se o conhecer, se puder encontrá-lo com facilidade e conveniência; nesse caso, o público virá ainda mais de boa vontade, pois terá a certeza de encontrar no mesmo estabelecimento as várias obras que deseja adquirir. Por outro lado, é melhor para você não ser ostensivamente um livreiro, não porque o acusariam de fazer comércio, mas em razão de sua posição de chefe da doutrina. É necessário, para o conjunto de todos os espíritas, que você tenha um caráter especial, e esse caráter seria diminuído por sua atividade como comerciante. Essas são, evidentemente, consequências da imperfeição geral; mas assim como o formato e o título de um livro têm às vezes mais influência sobre o público do que os ensinamentos que contêm, o mesmo ocorre com os homens que dirigem qualquer movimento: devem ter um formato, uma aparência específica, que eles não podem modificar sem prejudicar a si mesmos e a suas obras. Portanto, não estou de modo algum aconselhando a fazer, de seu centro de operação, uma livraria. Como lhe disse, comercialmente, isso não seria de forma alguma proveitoso; e, na perspectiva doutrinária, isso poderia ser temporariamente prejudicial,
Didier.
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]Loja.[ A este respeito, compartilho inteiramente a sua opinião; não vejo nada a objetar e isso me pareceria, em todos os aspectos, preferível, seja à loja propriamente, seja à instalação aqui mesmo.
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]Centro [illeg.].[ Não somente não creio, mas estou convencido de que não passará muito tempo sem uma profunda mudança na própria Sociedade. Ora, se quiser, como me parece útil a constituição de uma Sociedade ativa e militante, é necessário não somente dissolver a Sociedade atual, mas também deslocá-la, de maneira a não deixar nenhum vestígio dela. Isso, porém, deve necessariamente levar um certo tempo; e quer a Sociedade fique momentaneamente aqui, quer seja transportada alhures, [se] você estabelecer uma livraria espírita, a voz pública o designará imediatamente, [como] o designará também em outro lugar; mas haverá, entre seus centros, mais distância moral de ação, e as alusões não terão sentido.


A. Desliens.
M.
Paris 21 9bre 1868.
Quant à la fondation de la librairie, elle est d’une utilité incontestable et il n’y a point doute que sous le rapport commercial, celui qui s’en chargerait ne s’exposerait pas à faire une mauvaise ]opération[, à condition, bien entendu, de la conduire avec prudence et habileté. Mais c’est une chose ]vivement[ désirée par tous ceux qui s’occupent activement de la doctrine, et qui, souvent <]ren[oncent> à se procurer des ouvrages utiles à leurs études en ]ra[ison de la multiplicité des recherches occasionnées par leur dispersion [...]. Quant à l’emplacement, il pourrait certainement, à la rigueur, avoir lieu ici-même, mais il me paraîtrait préférable qu’il fût, partout ailleurs, soit sur l’autre rive, soit dans ce quartier même, mais situé de manière à être vu et abordé facilement. Le passage S.te Anne est connu, il est vrai, et les libraires s’y rendront pour se procurer les ouvrages qui vous sont spéciaux, mais les particuliers, qui seraient surtout la partie la plus notable de la clientèle, iront plus volontiers chez un libraire facilement abordable que s’il leur est nécessaire de gravir plusieurs étages. Ils feront venir les ouvrages par un tiers, qui les prendra chez l’éditeur plutôt que chez vous qui ne pourriez faire des conditions aussi favorables. Comme vous ne pouvez éditer tous les ouvrages qui devront être réunis chez vous pour justifier votre titre, et que d’ailleurs la plupart d’entre eux ont déjà des éditeurs, ainsi que je vous l’ai dit, c’est le public qui vous achètera et non le librairie, et il ne le fera que s’il vous connaît, s’il peut vous trouver facilement et commodément ; dans ce cas, il viendra d’autant plus volontiers, qu’il sera assuré de <trouver> dans un même lieu les différents ouvrages qu’il peut désirer acquérir. D’autres parts, il vaut mieux pour vous ne pas être ostensiblement libraire ; non parce qu’on vous accuserait de faire du commerce mais en raison de votre position de chef de la doctrine. Il faut pour l’ensemble même des <spirites> que vous ayez <un> caractère spécial, et ce caractère ]serait[ amoindri par votre qualité de commerçants. Ce <sont> là, évidemment, des conséquences de l’imperfection générale, mais de même que le format et le titre d’un livre ]auront[ quelquefois plus d’influence sur le public que les enseignements qu’il renferme, de même, les hommes qui dirigent un mouvement quelconque doivent avoir un format, ]une[ apparence particulière, qu’ils ne peuvent modifier sans nuire à eux-mêmes, et à leur œuvre. Je ne ]suis[ donc en aucune façon d’avis de faire une librairie de votre centre d’opération. Comme je vous l’ai dit, cela ne serait aucunement profitable ni sous le rapport commercial, et sous le rapport doctrinal <ce> pourrait être momentanément ]nuisible[.
Didier.
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]Boutique.[ À cet égard, je partage entièrement votre opinion ; je n’y vois rien à objecter et cela me paraît sous tous les rapports préférable soit à la boutique proprement dite, soit à l’installation ici même.
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]Centre rue S.te Anne[. Non seulement je ne le crois pas, mais je suis persuadé qu’un longtemps ne s’écoulera pas sans une modification profonde, de la Société elle-même. Or, si vous voulez, comme il me paraît utile que cela soit, <constituer> une Société agissante et militante, il faut non seulement dissoudre la Société actuelle, mais encore la déplacer de manière à n’en laisser subsister aucun vestige, mais cela doit prendre nécessairement un certain temps, et soit que la Société demeure momentanément ici, <ou qu’on la transportait ailleurs>, vous établissiez ici une librairie spirite, la voix publique vous désignera immédiatement, on vous désignera bien ailleurs aussi, mais il y aura <entre> vos centres d’action plus de distance morale et les allusions ]seront[ <sans> portée.