Biografias

Pierre Paul Didier

Autoria: Angélica A. Silva de Almeida; Carlos Seth Bastos

Pierre Paul Didier nasceu em Paris em 1800 e foi batizado em 12 de agosto do mesmo ano. Destacou-se como livreiro, editor e figura relevante no meio intelectual francês do século XIX. Proveniente de uma família de comerciantes, recebeu sólida formação inicial e iniciou sua carreira no comércio de ferragens. Em 1818, migrou para o setor livreiro, trabalhando inicialmente como balconista e, posteriormente, na firma Dabo, onde se notabilizou como livreiro ambulante a serviço de Lecointe e Durey (1, 2, 3, 4, 5, 6). Casou-se com Marie Françoise Elisabeth Bignet em 14/02/1824 e ao que tudo indica o casal teve três filhos: Alfred Maxime Louis Didier, Jules Didier e Clarisse, tb chamada Clary D1. Logo depois do seu casamento, obteve licença oficial para atuar como livreiro em Paris em 2 de agosto de 1825, sucedendo Marie-Nicolas-Louis Vacheron. Aos 27 anos, associou-se ao livreiro Jean-Armand Pichon para adquirir o acervo de Béchet Aîné, empreendimento registrado sob o nome Pichon et Didier. A essa aquisição somaram-se, nos anos seguintes, os fundos editoriais de Menard, Desenne e Augustin Renouard. A sociedade perdurou até cerca de 1832.

Em 1828, Didier fundou a Librairie Académique, destinada à publicação de cursos e obras de intelectuais de grande influência na vida cultural francesa, entre eles Victor Cousin2, François Guizot3, Abel-François Villemain4. Ao catálogo juntaram-se, posteriormente, autores como Casimir Delavigne5 e, em 1838, o Dicionário Geral e Gramatical de Napoleão Landais6. Didier reuniu ainda a expressiva coleção de Memórias sobre a História da França, dirigida por Guizot e completada por Michaud7 e Poujoulat8 cobrindo todo o período da monarquia francesa. Seu catálogo editorial consolidou a reputação da casa, reunindo nomes como Mignet9, Salvandy10, Falloux11, Montalembert12, príncipe de Broglie13, Lamennais14, Littré15, Poirson, Rémusat, Sacy, Villemarqué. Entre as autoras, destacou a chamada Biblioteca da Educação Moral, que incluía obras de Mme Guizot16, a Princesa de Broglie17, a Mme de Witt, Mme. Tastu e Ulliac-Trémadeure18, etc. Também publicou as obras completas do numismata e epigrafista Bartolomeo Borghesi19, o Journal des Savants e a Revue Archéologique.

Em 1856, em reconhecimento ao trabalho de seus colaboradores, associou-se aos funcionários D. Glorian e Charles Morel, formando a Librairie Académique Didier et Compagnie (Livraria Acadêmica Didier e companhia) (1, 2, 3, 4, 5).

Didier foi membro da Sociedade Espírita de Paris desde sua fundação, em 1858, e desempenhou papel central na difusão das obras de Allan Kardec, publicando títulos fundamentais como O Livro dos Espíritos (8) e O Livro dos Médiuns. “Há muito tempo anunciada, mas com a publicação retardada por força de sua própria importância, esta obra aparecerá de 5 a 10 de janeiro, pelos Srs. Didier & Cie., livreiros editores. Ela constitui o complemento do Livro dos Espíritos e encerra a parte experimental do Espiritismo, assim como este último contém a parte filosófica” (9).

Em diversas edições da Revista Espírita, Kardec reconheceu publicamente a importância do editor tanto pela assiduidade e prestígio pessoal quanto pelos serviços prestados à divulgação do Espiritismo na França e no exterior. Kardec assim se expressou sobre Didier: “Embora o Sr. Didier pessoalmente não tomasse parte muito ativa nos trabalhos da Sociedade, onde raramente tomava a palavra, não deixava de ser um dos membros mais considerados por sua ancianidade como membro fundador, por sua assiduidade e sobretudo por sua posição, sua influência e os incontestáveis serviços prestados à causa do Espiritismo, como propagador e como editor” (8).

Em 1864, Didier publicou também a edição russa do livro O Espiritismo na sua expressão mais simples, impressa em Leipzig (10).

Kardec ressalta ainda o interesse de Didier por experimentações espíritas, mencionando suas investigações relativas à escrita direta ou pneumatografia20. Ele realizava esses estudos de junto com outra médium da Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas, a Sra Huet e, frequentemente, as apresentava nas reuniões da Sociedade (11):

Um dos nossos honrados colegas da Sociedade, o senhor Didier, obteve há poucos dias os resultados seguintes, que tivemos oportunidade de constatar, e cuja perfeita autenticidade podemos garantir. Tendo ido à igreja de Nossa Senhora das Vitórias, com a Senhora Huet, que há pouco conseguiu resultados desse gênero, tomou uma folha de papel de carta com o timbre da sua casa comercial, dobrou-a em quatro e a pôs sobre os degraus de um altar, pedindo em nome de Deus que um bom Espírito viesse escrever alguma coisa. Ao cabo de dez minutos de recolhimento, encontrou, na parte interior da folha, numa das dobras a palavra Fé e noutra dobra a palavra Deus. A seguir, tendo pedido ao Espírito o obséquio de dizer quem havia escrito aquilo, colocou novamente o papel e depois de dez minutos encontrou estas palavras: Por Fénelon21.

Oito dias mais tarde, a 12 de julho, quis repetir a experiência, para o que foi ao Louvre, à sala Coyzevox, situada sob o pavilhão do relógio. Colocou uma folha de papel de carta, dobrada como a primeira, sobre a base do busto de Bossuet22, mas nada obteve. Um menino de cinco anos o acompanhava e ele havia posto o boné do garoto no pedestal da estátua de Luiz XIV, que se encontra a poucos passos da primeira. Julgando falha a experiência, ia se retirar quando, ao pegar o boné, verificou embaixo dele, escritas aparentemente a lápis sobre o mármore, as palavras Amai a Deus, seguidas da letra B. O primeiro pensamento dos assistentes foi de que tais palavras poderiam ter sido escritas anteriormente por mãos estranhas, passando despercebidas. Não obstante, quiseram tentar nova prova e puseram a folha dobrada em cima dessas palavras, cobrindo-as com o boné. Ao cabo de alguns minutos verificaram que a folha continha três letras. Repuseram o papel, pedindo que a frase fosse completada e obtiveram: Amai a Deus, isto é, aquilo que fora escrito no mármore, menos o B. Era assim evidente que as primeiras palavras tinham sido feitas pela escrita direta. Ressaltava, ainda, o fato curioso de terem as letras sido traçadas sucessivamente e não de uma vez, visto que por ocasião da primeira inspeção não houvera tempo de concluir a frase. Saindo do Louvre, o senhor D... foi a Saint-Germain l’Auxerrois onde, pelo mesmo processo, obteve as palavras Sede humildes. Fénelon, escritas de maneira muito clara e muito legível. Essas palavras ainda podem ser vistas no mármore da estátua a que nos referimos.

Além das obras de Allan Kardec, a Librairie Académique Didier ampliou significativamente seu catálogo voltado às correntes espíritas, espiritualistas e religiosas, consolidando-se como uma das casas editoriais francesas mais atuantes nesse campo ao longo do século XIX. A editora publicou uma série de títulos que dialogavam diretamente com o desenvolvimento das ideias espiritualistas da época, contribuindo para sua recepção tanto no meio letrado quanto popular.

Na sequência, apresentamos uma seleção dessas obras publicadas por Didier, acompanhadas de notas de rodapé contendo comentários de Allan Kardec, quando disponíveis (12):

  • Alma (A), sua existência, suas manifestações, por DYONIS23 (12).

  • A guerra ao diabo e ao inferno, a inabilidade do diabo, o diabo convertido, por Jean de la Veuze (13).

  • Apolônio de Tiana24, sua vida, suas viagens e seus prodígios, por Filostrato. Nova tradução do texto grego, pelo Sr. Chassang, mestre de conferências na Escola Normal (14).

  • Bibliothèque du monde invisible25.

  • Buda e sua religião, por Barthélémy Saint-Hilaire.

  • Channing26, sua vida e suas obras, por CH. de Rémusat.

  • Destinos da alma (Os), com considerações proféticas para conhecer o tempo presente e os sinais da aproximação dos últimos dias, por A. D´Orient27.

  • Deus na Natureza, por Camille Flammarion,

  • Espiritualismo e o Ideal (O), por Chassang.

  • Espiritualismo racional (O), por Love.

  • Frenologia Espiritualista, por doutor Castle.

  • Imortalidade, a morte e a vida (A). Baguenault de Puchesse, estudo sobre o destino do homem.

  • Maomé e o alcorão, por Barthélémy Saint-ilaire. H

  • Merlin (O Mago), por De la Villemarqué.

  • Miraculados (História dos) e dos convulsionários de Saint-Médard, P. F. Mathieu.

  • Misticismo na França do tempo de Fénelon, por Matter.

  • O Espiritismo na América. Fragmentos traduzidos do inglês, por Clémence Guérin.

  • Pluralidade das existências da alma, por André Pezzani, advogado na corte imperial de Lyon.

  • Pluralidade dos mundos habitados, por Camille Flammarion.

  • Réflexions d’un orthodoxe de 1’Église grecque sur la vie de Jésus, por M. Renan

  • Saint Martin28, dito o filósofo desconhecido, por Matter.

  • Sermões sobre o Espiritismo

  • Swedenborg29, sua vida e suas obras, por Matter.

Paul Didier aparece citado diversas vezes nas cartas do Projeto Allan Kardec. Numa dessas cartas, pode-se verificar a consulta que Kardec teria feito aos supostos espíritos do Dr Demeure (médico homeopata) e do Espírito de Verdade30 sobre um pedido de Didier, enquanto editor, para modificar o nome do livro Imitação do Evangelho (13):

5 de março 1865

Médium: senhora Cazemajour.

Agradecimentos.

Senhor Demeure.

Título da Imitação.

Pergunta: Tenho um conselho a pedir; já que você solicita o Espírito de Verdade próximo a mim, posso perguntar a você ou devo dirigir-me a ele?

Resposta: Posso lhe responder, assim como ele.

Pergunta: Meu editor, o senhor Didier, insiste fortemente para que eu mude o título da Imitação do Evangelho. Ele afirma que a palavra imitação tem algo de muito místico e lembra por demais as obras católicas da Imitação de Jesus Cristo, da Imitação da Virgem e outras; que isso prejudicaria a venda para o público alheio ao Espiritismo. Por outro lado, outras pessoas consideram este título excelente e me pedem para mantê-lo.

A questão é importante porque diz respeito ao sucesso da obra, e é sobre este ponto que gostaria de uma opinião.

Resposta: Meu constrangimento é tão grande quanto o seu; vejo que você gostaria de poupar os devotos; mas, bah!, eles virão a seu tempo para se unir à fé do Espiritismo. Não é preciso se preocupar muito com eles. O título da sua obra dá, certamente, uma certa marca de misticismo, que muitas pessoas temem encontrar. Não seria melhor chamá-lo: Estudo moral do Evangelho do ponto de vista do Espiritismo; mas para as outras [obras] que você tem que publicar: Estudos filosóficos e religiosos sobre este ou aquele assunto, sempre do mesmo ponto de vista. Estes são apenas conselhos amigáveis, aceite-os como tal.

Pergunta: Meu caro Demeure, você se equivoca ao crer que eu desejo poupar os devotos. Insisto na propagação da obra no interesse da doutrina; o que quero saber é se esse título pode realmente prejudicar, e ter um conselho categórico sobre a mudança a ser feita. Sua opinião não tem nada que seja capaz de fixar minhas ideias.

Resposta: Parece-me difícil uma mudança no momento; se fossem feitas algumas modificações na obra, ou se fossem acrescentados alguns estudos, seria um pretexto que salvaria tudo; pois, pensando bem, embora eu considere a mudança útil, temo que seja inoportuna.

Pergunta: Não estou avançando nesse assunto. Vou, se me permitir, dirigir-me diretamente ao Espírito de Verdade, que, em geral, é sempre categórico em suas respostas.

Resposta: Meu amigo, chame-o; ele tem mais experiência do que eu; ele o guia em seus trabalhos há muito tempo.

Pergunta: Apelo ao Espírito de Verdade.

Resposta: Também estou aqui; ouvi as perguntas e as respostas que nosso excelente amigo, Demeure, deu. Serei explícito; ele é, porém, franco e amigo da verdade; mas não ousou se pronunciar.

É preciso alterar o título da sua última obra.

Eu: Eis [ileg.] categórico. Ao intitulá-la, por exemplo: A moral do Evangelho segundo o Espiritismo, ela se enquadrará melhor com o que está por vir e que terá como título: Os milagres e as predições do Evangelho segundo o Espiritismo; será mais bem compreendido em sequência. A série de trabalhos doutrinários também será composta do seguinte modo:

Para a parte científica: O Livro dos Espíritos, o Livro dos Médiuns, o Livro dos Magnetizadores.

Para a aplicação da doutrina: A <gênese> segundo o Espiritismo, a moral do Evangelho segundo o Espiritismo; os milagres do Evangelho segundo o Espiritismo, o céu e o inferno segundo o Espiritismo, a religião segundo o Espiritismo, o estado social {e o reinado de Deus} segundo o Espiritismo.

Tal modificação acabou ocorrendo e o livro passou a se chamar O Evangelho Segundo o Espiritismo.

Em outra correspondência, o advogado baiano Francisco Antônio Pereira Rocha solicitou a Allan Kardec autorização para traduzir O Livro dos Espíritos e Instrução Prática para a língua portuguesa. Kardec, por sua vez, respondeu que a concessão da permissão dependeria de consulta prévia ao seu editor, Didier (14):

Doutor Francisco Antônio Pereira Rocha.

Senhor doutor,

Como estive ausente de Paris quando chegou a carta que o senhor me deu a honra de escrever, eu só a recebi quando retornei; ademais, tendo mudado de domicílio, isso resultou em um atraso bem longo da minha correspondência. Por isso, peço o favor de me desculpar.

Fico lisonjeado, senhor, com o desejo que me manifesta de fazer uma tradução em português de O Livro dos Espíritos e de minha Instrução Prática. Desejando, antes de tudo, a propagação da doutrina espírita, não poderia fazer nenhuma objeção; mas não sou dono dessas obras, e me foi preciso obter o consentimento do editor, o senhor Didier, que pensou que a tradução poderia trazer-lhe um prejuízo significativo, diminuindo a venda da edição francesa. Ele me disse que, nesses casos, era costume estipular uma soma fixa como compensação. No entanto, ante minhas observações, ele me deixou livre para agir como eu entendesse; consequentemente, senhor, dou-lhe assim a autorização que me pede, apelando ao que o senhor julgar apropriado sobre a justa compensação. Desejo, entretanto, ter um certo número de exemplares.

Pierre Paul Didier faleceu de forma repentina, na estação de ônibus da praça Saint-Michel, em 2 de dezembro de 1865, aos 65 anos. Sua morte teve significativa repercussão entre círculos intelectuais e espiritualistas de Paris. Em reconhecimento à sua trajetória editorial e ao papel que desempenhou na difusão das ideias espiritualistas e espíritas, familiares e amigos solicitaram que Camille Flammarion, destacado astrônomo e escritor, proferisse o discurso fúnebre. O texto integral dessa homenagem foi posteriormente publicado no periódico L’Avenir: moniteur du spiritisme:

Ele (Camille Flammarion) disse que ele foi objeto de particular afeição de Didier nos últimos anos. Meu nome foi uma das últimas palavras que escaparam, de seus lábios. Sou o mais jovem dos autores cujas obras ele publicou, creio que essa juventude foi uma das razões dessa simpatia.

Sentimento de estima partilhado por todos aquele que conviveram com ele.

Não falerei aqui do homem comum. Meu único dever e meu único direito é mostrar, na vanguarda do mercado livreiro contemporâneo, um editor integro, honrado, até mesmo religioso, que coloca acima de todo interesse próprio o sentimento de bondade, beleza e verdade, desprezando riqueza de origem duvidosa, preferindo obras que instruem a mente e elevam o coração a publicações escandalosas que os enriquecem; um editor, enfim, que jamais aceitou um livro materialista, desonesto ou perigoso, por mais produtivo que pudesse ser, que buscou constantemente sentir, sob essas obras, o sopro espiritual que as ilumina; e que, durante quarenta anos desde que se dedicou a essa tarefa, não imprimiu uma única obra que hoje pudesse ser considerada contrária à sua consciência.

Nascido em Paris em 1800, adquiriu a coleção Béchet em 1827, que incluía algumas das figuras políticas mais notáveis da época. Em 1828, concebeu a ideia de publicar em formato de palestras, os cursos dos senhores Villemain, Guizot e Cousin. Com grande esforço financeiro, conseguiu concretizar a primeira fundação da Livraria acadêmica.

Em 1830 e 1848 enfrentou várias dificuldades. Poderia ter enriquecido por meio de manobras maios ou menos fáceis de justificar, mas manteve a integridade de seu caráter.

Além de sua renomada coleção de educação moral, publicou obras que se tornaram céleres na história, literatura e filosofia.

Ele era um comerciante de educação modesta, mas cujo discernimento era tão inteligente, cujo olhar tão preciso, cuja imaginação tão lúcida e cuja alma tão honesta, que elevou a si mesmo e à sua obra a um patamar digno das mentes mais cultas. Durante o último reinado, ele foi verdadeiramente, como livreiro um dos representantes mais importantes do movimento intelectual.

E quando a revolução de 1848 eclodiu, foi em seu escritório que todos os ministros reuniram suas obras literárias. A livraria que conta entre seus membros Guizot, Cousin, Barante, Villemain, Résumat, Mignet, Sacy, Broglie, Ampère, etc. esta Livraria acadêmica, como era apelidada, faz jus ao artesão que a fundou e estabeleceu.

Saiu de casa para uma reunião, passou mal na rua e morreu subitamente.

A morte de Pierre Paul Didier repercutiu amplamente na imprensa francesa, tanto espírita quanto laica31. Diversos periódicos espíritas registraram o falecimento do editor, destacando seu papel na difusão das ideias espiritualistas. Entre essas manifestações, destacou-se a nota publicada por D’Ambel, que foi secretário de Allan Kardec, no jornal L’Avenir. Nela, Didier é descrito como: “Um excelente espírita, um dos mais enérgicos divulgadores da doutrina. Proprietário da livraria acadêmica e editor das principais obras espíritas”, comentário que sintetiza sua importante posição no movimento. A mesma nota foi reproduzida pelo L’Union spirite bordelais (1, 2, 3, 4, 5, 15, 16).

Na Revista Espírita de janeiro de 1866, Allan Kardec dedicou um artigo à morte de Didier, no qual não apenas ressaltou sua importância para a consolidação editorial do Espiritismo, mas também manifestou descontentamento com a forma como alguns jornais trataram o fato, particularmente em relação à vinculação de Didier ao movimento espírita. Para Kardec, os jornais teriam explorado o acontecimento de modo tendencioso, fato que considerou desrespeitoso tanto à memória do editor quanto ao Espiritismo (8):

Necrologia

Morte do Sr. Didier, livreto - editor

O Espiritismo acaba de perder um de seus adeptos mais sinceros e dedicados, na pessoa do Sr. Didier, falecido sábado, 2 de dezembro de 1865. Na véspera, assistia à sessão da Sociedade e, no dia seguinte, às seis da tarde, morria subitamente numa estação de ônibus, a alguns passos de sua residência, onde, felizmente, se achava um de seus amigos, que fez transportá-lo para casa. Suas exéquias foram feitas terça-feira, 5 de dezembro.

O Petit Journal, ao anunciar a sua morte, acrescentou: “Nestes últimos tempos o Sr. Didier tinha editado o Sr. Allan Kardec e tinha se tornado, por polidez de editor, ou por convicção, um adepto do Espiritismo.

O Grand Journal o registra nestes termos:

Falecido também o Sr. Didier, editor que lançou muitos livros bonitos e bons, na sua modesta loja do Quai des Grands-Augustins. Nestes últimos tempos o Sr. Didier era adepto ─ e o que mais vale ainda ─ um fervoroso editor dos livros espíritas. O pobre homem deve saber agora a que se ater sobre as doutrinas do Sr. Allan Kardec.

Na sequência desse artigo, Kardec apresentou uma série de considerações críticas a respeito das matérias publicadas pelos jornais sobre o falecimento de Didier (8):

Não pensamos que a mais esquisita polidez obrigue um editor a esposar as opiniões de seus clientes nem que deve tornar-se judeu, por exemplo, porque edita as obras de um rabino. Tais restrições não são dignas de um escritor sério. O Espiritismo é uma crença, como qualquer outra, que conta com mais de um livreiro em suas fileiras. Por que seria mais estranho que um livreiro fosse espírita do que ser católico, protestante, judeu, sansimonista, fourierista ou materialista? Quando, pois, os senhores livres pensadores admitirão a liberdade de consciência para todo mundo? Por acaso teriam eles a singular pretensão de explorar a intolerância em proveito próprio, depois de havê-la combatido nos outros? As opiniões espíritas do Sr. Didier eram conhecidas e ele jamais delas fez mistério, pois muitas vezes discutia com os incrédulos. Sua convicção era profunda e antiga, e não, como supõe o autor do artigo, uma questão de circunstância ou uma polidez de editor. Mas é tão difícil a esses senhores para quem a Doutrina Espírita está inteirinha no armário dos irmãos Davenport, conceber que um homem de notório valor intelectual creia nos Espíritos! Entretanto, será preciso que se acostumem a essa ideia, pois há mais do que eles pensam, do que não tardarão a ter a prova.

É triste ver que nem mesmo a morte é respeitada pelos senhores incrédulos e que eles perseguem com suas troças os mais honrados adeptos, até no além-túmulo. O que, em vida, pensava o Sr. Didier da Doutrina? Um fato lhe provava a impotência dos ataques de que ela é objeto: é que no momento de sua morte ele imprimia a 14ª edição do Livro dos Espíritos. O que pensa ele agora? É que haverá grandes desapontamentos e mais de uma defecção entre os seus antagonistas!

Na continuação do artigo, Kardec dedicou-se a traçar um retrato mais amplo do Sr. Didier, enfatizando aspectos de sua personalidade, de sua conduta profissional e de sua participação no movimento espírita (8):

O que poderíamos dizer nesta circunstância está resumido na alocução seguinte, pronunciada na Sociedade de Paris, em sua sessão de 8 de dezembro.

Senhores e caros colegas,

Mais um dos nossos acaba de partir para a Pátria celeste! Nosso colega, o Sr. Didier, deixou na Terra seus despojos mortais para revestir o envoltório dos Espíritos.

Embora há muito tempo sua saúde vacilante por diversas vezes tenha colocado sua vida em perigo, e conquanto a ideia da morte para nós, espíritas, nada tinha de apavorante, seu fim, que chegou tão inopinadamente no dia imediato ao em que assistia à nossa sessão, causou entre todos nós uma profunda emoção.

Há, nesta morte, por assim dizer fulminante, um grande ensinamento, ou melhor, uma grande advertência: é que nossa vida se mantém por um fio que pode romper-se quando menos esperamos, porque muitas vezes a morte vem sem aviso. Assim ela adverte os sobreviventes para que estejamos sempre preparados para respondermos ao chamado do Senhor, para darmos conta do emprego da vida que ele nos deu. (...) As relações que com ele tive durante sete anos permitiram-me apreciar a sua correção, a sua lealdade e as suas capacidades especiais. Sem dúvida, como cada um de nós, ele tinha suas pequenas particularidades que não agradavam a todos, por vezes mesmo um gesto brusco, com o qual era preciso familiarizar-se, mas que nada tirava de suas eminentes qualidades; e o mais belo elogio que lhe poderiam fazer é dizer que se podia fazer negócios com ele de olhos fechados.

Comerciante, ele deveria encarar as coisas comercialmente, mas não o fazia com mesquinhez e parcimônia. Ele era grande, generoso, sem mesquinharia nas suas operações; a atração do ganho não o teria levado a empreender uma publicação que não lhe conviesse, por mais vantajosa que fosse. Numa palavra, o Sr. Didier não era o negociante de livros que calculava seu lucro vintém a vintém, mas o editor inteligente, justo apreciador, consciencioso e prudente, como era preciso para fundar uma casa séria como a sua. Suas relações com o mundo culto, pelo qual era amado e estimado, haviam desenvolvido suas ideias e contribuído para dar à sua livraria acadêmica o caráter sério que dela fez uma casa de primeira ordem, menos pela cifra dos negócios do que pela especialidade das obras que ela explorava e a consideração comercial de que, a justo título, desfrutava há longos anos.

No que me concerne, felicito-me por tê-lo encontrado em meu caminho, o que devo, sem dúvida, à assistência dos bons Espíritos, e é com toda a sinceridade que digo que nele o Espiritismo perde um apoio e eu um editor tanto mais precioso quanto, entrando perfeitamente no espírito da doutrina, tinha verdadeira satisfação em propagá-la.

Por fim, Kardec justificou o fato de não ter proferido discurso no enterro de Didier (8):

Algumas pessoas se surpreenderam que eu não tivesse tomado a palavra em seu enterro. Os motivos de minha abstenção são muito simples.

Para começar, direi que não tendo sua família manifestado o desejo, eu não sabia se isto lhe seria ou não agradável. O Espiritismo, que censura aos outros impor-se, não deve incorrer na mesma censura. Ele jamais se impõe; espera que venham a ele.

Ademais, eu previa que a assistência seria numerosa e que entre essas pessoas encontrar-se-iam muitas pouco simpáticas ou mesmo hostis às nossas crenças. Além de que poderia ter sido pouco conveniente vir nesse momento solene chocar publicamente convicções contrárias, isso poderia fornecer aos nossos adversários um pretexto para novas agressões. Neste tempo de controvérsias, talvez tivesse sido uma ocasião de dar a conhecer o que é a Doutrina, mas não teria sido esquecer o piedoso motivo que nos reunia, e faltar ao respeito devido à memória daquele que acabávamos de saudar à sua partida? Era sobre um túmulo aberto que convinha contraditar aqueles que nos desafiam? Concordareis, senhores, que o momento teria sido mal escolhido. O Espiritismo ganhará sempre mais com a estrita observação das conveniências do que perderá em deixar escapar uma ocasião de se mostrar. Ele sabe que não precisa de violência; visa ao coração: seus meios de sedução são a doçura, a consolação e a esperança; é por isto que encontra cúmplices até nas fileiras inimigas. Sua moderação e seu espírito conciliador nos põem em relevo pelo contraste. Não percamos essa preciosa vantagem. Procuremos os corações aflitos, as almas atormentadas pela dúvida, cujo número é grande. Aí teremos nossos mais úteis auxiliares; com eles faremos mais prosélitos do que com propaganda ou exibição.

Sem dúvida eu poderia ter-me limitado a generalidades, abstração feita do Espiritismo, mas tal reticência de minha parte poderia ter sido interpretada como medo ou uma espécie de negação dos nossos princípios. Em semelhante circunstância só posso falar abertamente ou calar-me. Foi este último partido que tomei. Se se tivesse tratado de um discurso comum e sobre um assunto banal, a coisa teria sido outra. Mas aqui o que eu poderia ter dito deveria ter um caráter especial.

Eu poderia ainda ter-me limitado à prece que se acha em O Evangelho segundo o Espiritismo pelos que acabam de deixar a Terra e que, em semelhantes casos, produz sempre uma impressão profunda. Mas aqui se apresentava outro inconveniente. O eclesiástico que acompanhou o corpo ao cemitério ficou até o fim da cerimônia, contrariando os hábitos ordinários; escutou com atenção firme o discurso do Sr. Flammarion e talvez esperasse, em razão das opiniões muito conhecidas do Sr. Didier e de suas relações com os espíritas, por alguma manifestação mais explícita. Depois das preces que ele acabava de dizer e que, em sua alma e consciência são suficientes, vir em sua presença dizer outras que são todas uma profissão de fé, um resumo de princípios que não são os seus, teria parecido uma bravata que não está no espírito do Espiritismo. Talvez algumas pessoas não tivessem ficado zangadas vendo o efeito do conflito tácito que poderia daí resultar. É o que as simples conveniências mandavam evitar. As preces que cada um de nós disse em particular, e que podemos dizer entre nós, serão tão proveitosas ao Sr. Didier, se ele as necessitar, quanto se tivessem sido feitas com ostentação.

Acreditai, senhores, que eu tenho no coração, tanto quanto qualquer outro, os interesses da Doutrina e que, quando faço ou não faço uma coisa, é com madura reflexão e depois de ter bem pesado suas consequências.

Nossa colega, Sra. R..., veio, da parte de alguns assistentes, solicitar-me tomasse a palavra. Pessoas que ela não conhecia, acrescentou, acabavam de dizer-lhe que de propósito tinham vindo ao cemitério na esperança de me ouvir. Sem dúvida isto era lisonjeiro para mim, mas, da parte dessas pessoas, era enganar-se redondamente quanto ao meu caráter pensar que um estimulante do amor-próprio pudesse excitar-me a falar para satisfazer a curiosidade dos que tinham vindo por outro motivo que não o de render homenagem à memória do Sr. Didier. Essas pessoas ignoram, sem dúvida, que se me repugna impor-me, também não gosto de me exibir. É o que a Sra. R... lhes poderia ter respondido, acrescentando que me conhecia e me estimava bastante para estar certa de que o desejo de me pôr em evidência nenhuma influência teria sobre mim.

Em outras circunstâncias, senhores, eu o teria considerado um dever, teria ficado feliz ao prestar ao nosso colega um público testemunho de afeição em nome da Sociedade, representada nas exéquias por um grande número de seus membros. Mas, como os sentimentos estão mais no coração que na demonstração, sem dúvida cada um de nós já lho havia prestado do foro íntimo. Neste momento em que estamos reunidos, paguemos-lhe entre nós o tributo da saudade, da estima e da simpatia que ele merece, e esperemos que ele queira voltar para o nosso meio, como no passado, e continuar, como Espírito, a tarefa espírita que havia empreendido como homem.

Após o falecimento de Pierre Paul Didier, seu filho Alfred Maxime Louis Didier assumiu a sociedade do pai na Livraria Acadêmica em 31 de dezembro de 1865, assumiu a direção da Livraria Acadêmica em 31 de dezembro de 1865, garantindo a continuidade das atividades editoriais estabelecidas pelo pai. A sociedade manteve o mesmo caráter com o qual fora originalmente constituída, preservando sua vocação voltada para a publicação e comercialização de obras de literatura, história, filosofia, educação e demais áreas do pensamento erudito (17).

Após seu falecimento, Didier teria transmitido duas supostas comunicações espirituais, ambas atualmente disponibilizadas no site do Projeto Allan Kardec. A primeira, registrada pouco depois de sua morte, teria provocado um desentendimento com seu filho, Alfred Didier, episódio detalhado na biografia dedicada a Alfred Didier (18):

Sociedade parisiense

Sessão de 19 de janeiro de 1866

Méd. Somn. Sr. Morin

- Sr. Allan Kardec – Examine, eu vos peço, os espíritos que nos cercam e diga-nos seus nomes?

- Sr. Morin – Eu vos destacarei alguns. Eles são numerosos e será muito longo se eu vos descrever todos. Eu falarei então dos principais que, essa noite, não são os grandes espíritos de quem você está habituado a receber sábias instruções. – Em razão do desejo secreto de vários entre vocês, aqueles que ocupam ordinariamente a última posição, os humildes e os sofredores, passaram em primeiro, com a permissão daqueles que ocupam ordinariamente esse lugar. – O primeiro, aquele cuja mão eu tomo e um de vossos antigos colegas, retornou recentemente na verdadeira pátria. Esse colega, nós podemos dizer seu nome tanto em voz alta quanto em voz baixa. Ele não receia se nomear e vem de sua autoridade privada vos dizer: Saudação e amizade! Seu nome é Didier! (Sr. Morin chama seu nome antes de o pronunciar como se as letras das quais ele é composto passassem sucessivamente na frente de seus olhos).

Ele está na primeira posição por dois motivos: em razão da simpatia que tem por todos e da que vocês têm por ele, e em segundo lugar para vos confirmar do direito pessoal que conserva todo o espírito, do outro lado do túmulo. Não há força vinda da terra que possa obrigar um espírito dessa ordem a abdicar de seu eu, e o impedir de se comunicar com quem ele queira. Há somente uma vontade superior, emanada do alto, que poderia exigi-lo obediência. O Sr. Didier conserva toda a independência de sua vontade e ele a demonstra vindo aqui.

Ele já vos disse que lamentava amargamente o que se passou hoje. Ele lamenta ainda mais que ele tenha um pouco de culpa, que é o resultado de uma fraqueza paterna da qual se arrepende, é porque sofre ainda mais. Ele exigiu de vocês o perdão e a indulgência e ele vos disse que a mão que executou o ato foi conduzida pelas inteligências estrangeiras. Hoje ele vos pede novamente para rezar por seu filho e por ele.

A segunda comunicação atribuída ao espírito de Didier apresenta-se como uma orientação dirigida a Allan Kardec acerca da possível abertura de uma livraria, destacando os cuidados que deveriam ser observados para evitar prejuízos ao movimento espírita. O registro dessa comunicação é datado de Paris, 21 de novembro de 1868 (19):

A. Desliens.

M.

Quanto à fundação da livraria, ela é de uma utilidade incontestável, e não há dúvida de que, sob a perspectiva comercial, quem se encarregasse dela não se exporia a fazer uma má transação, com a condição, bem entendido, de conduzi-la com prudência e habilidade. Mas é algo vivamente desejado por todos que se ocupam ativamente da doutrina, e que frequentemente se desdobram para obter obras úteis a seus estudos, em razão da multiplicidade de pesquisas dispersas [...]. Quanto à localização, a rigor, poderia certamente ocorrer aqui; mas me parece preferível que seja em qualquer outro lugar, seja na outra margem, seja nesse mesmo bairro, mas localizada de maneira a ser vista e abordada facilmente. A Passage Sainte-Anne é conhecida, é verdade, e os livreiros irão até lá para obter as obras especiais, mas os particulares em geral, que seriam sobretudo a parte mais notável da clientela, irão mais prontamente a um livreiro de fácil acesso, em vez de subir, se necessário, vários pisos. Eles receberão os livros trazidos por terceiros, que irão adquiri-los do editor mais do que de você, que não poderia oferecer condições tão favoráveis. Para manter sua reputação, você não poderá editar sozinho todas as suas obras reunidas; além disso, a maioria delas já possui editores e, como eu lhe disse, é o público quem comprará e não a livraria, e ele o fará somente se o conhecer, se puder encontrá-lo com facilidade e conveniência; nesse caso, o público virá ainda mais de boa vontade, pois terá a certeza de encontrar no mesmo estabelecimento as várias obras que deseja adquirir. Por outro lado, é melhor para você não ser ostensivamente um livreiro, não porque o acusariam de fazer comércio, mas em razão de sua posição de chefe da doutrina. É necessário, para o conjunto de todos os espíritas, que você tenha um caráter especial, e esse caráter seria diminuído por sua atividade como comerciante. Essas são, evidentemente, consequências da imperfeição geral; mas assim como o formato e o título de um livro têm às vezes mais influência sobre o público do que os ensinamentos que contêm, o mesmo ocorre com os homens que dirigem qualquer movimento: devem ter um formato, uma aparência específica, que eles não podem modificar sem prejudicar a si mesmos e a suas obras. Portanto, não estou de modo algum aconselhando a fazer, de seu centro de operação, uma livraria. Como lhe disse, comercialmente, isso não seria de forma alguma proveitoso; e, na perspectiva doutrinária, isso poderia ser temporariamente prejudicial,

Didier.

Referências

(1) S.P. Chronique du Journal Général de l'imprimerie et de la librairie. Ano 54. Série 2. N. 50. 16/12/1865. Disponível em: https://gallica.bnf.fr/ark:/12148/bpt6k86717q/f1011.image.r=%22Pierre%20Paul%20Didier%22?rk=300430;4. Acesso em: 2 dez. 2025.

(2) Didier, Pierre-Paul, 1800-1865. Disponível em: https://id.loc.gov/authorities/names/no2013102755.html. Acesso em: 2 dez. 2025.

(3) Notice de personne. Didier, Pierre-Paul (1800-1865). Disponível em: https://catalogue.bnf.fr/ark:/12148/cb15100010b. Acesso em: 2 dez. 2025.

(4) Katalog der Deutschen Nationalbibliothek. Didier, Pierre-Paul. Disponível em: https://portal.dnb.de/opac.htm?method=simpleSearch&cqlMode=true&query=nid%3D1238533477. Acesso em: 2 dez. 2025.

(5) Didier, Pierre-Paul, 1800-1865. Disponível em: https://www.idref.fr/136392113. Acesso em: 2 dez. 2025.

(6) Certidão de Batismo de Pierre Paul Didier. Disponível em: https://archives.paris.fr/archives-numerisees/etat-civil-de-paris/etat-civil-reconstitue-xvie-1859/actes-de-letat-civil-reconstitue?arko_default_64ca0823a66c0--ficheFocus=&arko_default_64ca0823a66c0--filtreGroupes%5Bmode%5D=simple&arko_default_64ca0823a6. Acesso em: 02/12/2025.

(7) Certidão de Casamento de Pierre Paul Didier. Disponível em: https://archives.paris.fr/archives-numerisees/etat-civil-de-paris/etat-civil-reconstitue-xvie-1859/actes-de-letat-civil-reconstitue?arko_default_64ca0823a66c0--ficheFocus=&arko_default_64ca0823a66c0--filtreGroupes%5Bmode%5D=simple&arko_default_64ca0823a66c0--filtreGroupes%5Bop%5D=AND&arko_default_64ca0823a66c0--filtreGroupes%5Bgroupes%5D%5B0%5D%5Barko_default_64ca084de3ca4%5D%5Bop%5D=AND&arko_default_64ca0823a66c0--filtreGroupes%5Bgroupes%5D%5B0%5D%5Barko_default_64ca084de3ca4%5D%5Bq%5D%5B%5D=Mariages&arko_default_64ca0823a66c0--filtreGroupes%5Bgroupes%5D%5B0%5D%5Barko_default_64ca084de3ca4%5D%5Bextras%5D%5Bmode%5D=select&arko_default_64ca0823a66c0--filtreGroupes%5Bgroupes%5D%5B0%5D%5Barko_default_64ca084e00431%5D%5Bop%5D=AND&arko_default_64ca0823a66c0--filtreGroupes%5Bgroupes%5D%5B0%5D%5Barko_default_64ca084e00431%5D%5Bq%5D%5B%5D=14%2F02%2F1824&arko_default_64ca0823a66c0--filtreGroupes%5Bgroupes%5D%5B0%5D%5Barko_default_64ca084e00431%5D%5Bextras%5D%5Bmode%5D=input&arko_default_64ca0823a66c0--from=0&arko_default_64ca0823a66c0--resultSize=25&arko_default_64ca0823a66c0--contenuIds%5B%5D=10841867&arko_default_64ca0823a66c0--modeRestit=arko_default_64ca08cd01e05#/_recherche-api/visionneuse-infos/arko_default_64ca0823a66c0/arko_fiche_67122bbf8d160/arko_default_649aac8900ae4/image/444127. Acesso em: 2 dez. 2025.

(8) KARDEC, Allan. Necrologia. Revista espírita. Jornal de estudos psicológicos. Janeiro, 1866. Disponível em: https://kardecpedia.com/roteiro-de-estudos/900/revista-espirita-jornal-de-estudos-psicologicos-1866/5891/janeiro/necrologia. Acesso em: 2 dez. 2025.

(9) KARDEC, Allan. O livro dos médiuns. Revista espírita. Jornal de estudos psicológicos. Janeiro, 1861. Disponível em: https://kardecpedia.com/roteiro-de-estudos/895/revista-espirita-jornal-de-estudos-psicologicos-1861/6933/janeiro/o-livro-dos-mediuns. Acesso em: 2 dez. 2025.

(10) KARDEC, Allan. O Espiritismo na sua expressão mais simples, pelo Sr. Allan Kardec - Edição em língua russa. Revista espírita. Jornal de estudos psicológicos. Julho, 1864. Disponível em: https://kardecpedia.com/roteiro-de-estudos/898/revista-espirita-jornal-de-estudos-psicologicos-1864/5639/julho/o-espiritismo-na-sua-expressao-mais-simples-pelo-sr-allan-kardec-edicao-em-lingua-russa. Acesso em: 2 dez. 2025.

(11) KARDEC, Allan. Pneumatografia ou escrita direta. Revista espírita. Jornal de estudos psicológicos. Agosto, 1859. Disponível em: https://kardecpedia.com/roteiro-de-estudos/893/revista-espirita-jornal-de-estudos-psicologicos-1859/4566/agosto/pneumatografia-ou-escrita-direta. Acesso em: 2 dez. 2025.

(12) KARDEC, Allan. Catálogo Racional das obras que podem servir para formar uma Biblioteca Espírita. Paris, 1869. Disponível em: https://www.luzespirita.org.br/leitura/pdf/L196.pdf. Acesso em: 2 dez. 2025.

(13) Comunicação/Diálogo [05/03/1865]. Projeto Allan Kardec, 2022. Disponível em: https://projetokardec.ufjf.br/item-pt?id=217. Acesso em: 2 dez. 2025.

(14) Rascunho de carta para o Doutor Francisco Antônio Pereira Rocha [23/08/1860]. Projeto Allan Kardec, 2020. Disponível em: https://projetokardec.ufjf.br/item-pt?id=36. Acesso em: 2 dez. 2025.

(15) L’Avenir. Disponível em: https://gallica.bnf.fr/ark:/12148/bpt6k5542098n/f1.image.r=%22Paul%20Didier%22spiritisme?rk=21459;2. Acesso em: 2 dez. 2025.

(16) L’Union spirite bordelais. Disponível em: https://gallica.bnf.fr/ark:/12148/bpt6k6118662c/f24.image.r=%22Paul%20Didier%22spiritisme?rk=42918;4. Acesso em: 2 dez. 2025.

(17) Gazette des tribunaux: journal de jurisprudence et des débats judiciaires. p. 36 11/01/1866. Disponível em: https://gallica.bnf.fr/ark:/12148/bpt6k68222282/f4.item.r=%22Pierre%20Paul%20Didier%22.zoom. Acesso em: 2 dez. 2025.

(18) [Comunicação]. Juiz de Fora: UFJF; 2020 [cited 2025 Dec 3 ]. Disponível em: http://projetokardec.ufjf.br/item-pt/?id=325. Acesso em: 2 dez. 2025.

(19) Psicografia - Médium: Desliens / Espírito: Didier [21/11/1868]. Projeto Allan Kardec, 2019. Disponível em: https://projetokardec.ufjf.br/item-pt?id=87. Acesso em: 2 dez. 2025.


  1. Allan Kardec, faz o seguinte esclarecimento sobre Clary D. “A Senhorita Clary D. interessante menina, falecida em 1850, aos 13 anos de idade, desde então ficou como o gênio da família, onde é evocada com frequência e onde dá um grande número de comunicações do mais alto interesse. A conversa que damos a seguir ocorreu entre nós a 12 de janeiro de 1857, por intermédio de seu irmão, que é médium” (Alfred Dider). Palestras de além-túmulo. Senhorita Clary D. Evocação. Revista espírita. Jornal de estudos psicológicos. Fevereiro, 1858. Disponível em: https://kardecpedia.com/roteiro-de-estudos/20/revista-espirita-jornal-de-estudos-psicologicos-1858/4373/fevereiro/palestras-de-alem-tumulo-senhorita-clary-d-evocacao. Acesso em: 02/12/2025.↩︎

  2. Victor Cousin nasceu em 28 de novembro de 1792 e morreu em 13 de janeiro de 1867. Foi um filósofo, reformador educacional e historiador francês cujo ecletismo sistemático o tornou o pensador francês mais conhecido de sua época. Após uma visita à Alemanha para estudar métodos educacionais, ele redigiu o projeto de lei (apresentado pelo estadista François Guizot em 1833) que trouxe reformas marcantes para o ensino fundamental francês. Quando Guizot se tornou primeiro-ministro em 1840, Cousin foi nomeado ministro da instrução pública. Victor Cousin French philosopher and educator. Disponível em: https://www.britannica.com/biography/Victor-Cousin. Acesso em: 01/12/2025.↩︎

  3. François Pierre Guillaume Guizot, nasceu em 4 de outubro de 1787 e faleceu em 12 de outubro de 1874. Foi uma figura política e historiador francês que, como líder dos monarquistas constitucionais conservadores durante a Monarquia de Julho (1830-1848), foi o ministro dominante na França. François Guizot (4/10/1787-12/10/1874) foi uma figura política e historiador francês que, como líder dos monarquistas constitucionais conservadores durante a Monarquia de Julho (1830-1848), foi o ministro dominante na França. Guizot dedicou-se principalmente à pesquisa histórica entre 1820 e 1830, produzindo obras como Histoire de la civilisation en Europe, em 3 volumes (1828; História Geral da Civilização na Europa), e Histoire de la civilisation en France, em 5 volumes (1829-1832; História da Civilização na França). Suas interpretações históricas geralmente refletiam sua inclinação política pela representação limitada e pela monarquia constitucional. A Monarquia de Julho, com Guizot como líder dos conservadores e seu rival liberal e também historiador Adolphe Thiers, ditou o ritmo da vida política. Entre 1832 e 1837, Guizot foi ministro da educação e responsável pela chamada Lei Guizot (1833), que estabeleceu o princípio de que a educação primária laica deveria ser acessível a todos os cidadãos. François Guizot Político e historiador francês. Disponível em: https://www.britannica.com/biography/Francois-Guizot. Acesso em: 01/12/2025.↩︎

  4. Abel François Villemain (1790–1870), foi um erudito e crítico francês. Foi professor na Sorbonne a partir de 1816, ocupou diversos cargos governamentais após 1830 e foi secretário permanente da Academia Francesa a partir de 1832. Como ministro da instrução pública (1839-44), foi amplamente responsável pela reorganização das bibliotecas na França e pela promoção da aprovação de uma lei que assegurava a liberdade acadêmica. Sua confiança como crítica literária foi consolidada por sua obra Cours de littérature française (1830), diversas vezes reeditada e ampliada, que incluiu seus notáveis ​​Tableau de la littérature au moyen âge e Tableau de la littérature française au XVIIIe siècle. Disponível em: https://www.encyclopedia.com/reference/encyclopedias-almanacs-transcripts-and-maps/villemain-abel-francois. Acesso em 01/12/2025.↩︎

  5. Jean-François Casimir Delavigne (1793-1843) foi um notável dramaturgo e escritor francês, reconhecido principalmente por especialistas em literatura francesa. No início do século XIX, era considerado um par literário de figuras proeminentes como Victor Hugo e Alexandre Dumas pai. Delavigne escreveu quatorze peças, entre 1820 e sua morte em 1843, marcando uma transição significativa no teatro francês ao mesclar estilos clássicos com temas românticos emergentes. Nascido em Le Havre, em uma família rica, recebeu uma educação refinada e obteve reconhecimento precoce por seus escritos. Suas obras, particularmente Trois Messéniennes e Deux Messéniennes, o consagraram como uma figura literária respeitada e lhe permitiram ocupar diversos cargos de bibliotecário, incluindo um para o Duque de Orléans, o futuro Rei Luís Filipe. Disponível em: https://www.britishmuseum.org/collection/term/BIOG24911 e https://www.ebsco.com/research-starters/history/jean-francois-casimir-delavigne. Acesso em: 01/12/2025.↩︎

  6. Napoléon Landai (1804-1852) foi lexicógrafo e gramático francês. Ele também foi romancista, escrevendo sob o pseudônimo de Eugène de Massy. Disponível em https://www.babelio.com/auteur/Napoleon-Landais/359701↩︎

  7. Joseph-François Michaud (1767-1839) foi historiador. Estudou no Colégio de Bourg em Gresse, e em 1786 ingressou numa editora em Lyon, da qual se desligou após alguns anos para se dedicar ao jornalismo em Paris, onde, durante a Revolução Francesa, defendeu com fervor e não sem riscos a causa real. Preso em 13 de Vendemiaire de 1795, conseguiu escapar e retomou a luta jornalística. Sob o Consulado, escreveu diversos panfletos nos quais criticava Napoleão, o que o levou a ser preso por um período. Após ser libertado, decidiu abandonar a política para se dedicar à literatura. Em 1808, publicou o primeiro volume da História das Cruzadas. No mesmo ano, fundou com seu irmão a Biographie Universelle. Foi eleito para a Academia Francesa em 1814, foi, durante a Restauração, editor adjunto de La Quotidienne. Publicou a Bibliothèque des Croisades (1829), que continha traduções francesas das crónicas europeias e árabes relativas às Cruzadas. Além disso, dirigiu a publicação da Biographie Universelle (1843), e em colaboração com Poujoulat a da Collection des Mémoires pour servir a l'histoire de France depuis le 13e siècle jusqu'au 18e (32 vols, 1836-44). Disponível em: https://www.newadvent.org/cathen/10277a.htm. Acesso em: 01/12/2025.↩︎

  8. Jean-Joseph-François Poujoulat. Nasceu em 26 de janeiro de 1808 e faleceu em 05 de janeiro de 1880. Foi historiador, jornalista e político. Autor de diversos livros, dentre eles Histoire de Saint Augustin (Tome I e II) e Histoire de la révolution française. Foi editor do jornal L'Union. Disponível em: https://www.idref.fr/032561830 e https://www.patrimoine-culturel.gouv.qc.ca/rpcq/detail.do?methode=consulter&id=15424&type=pge. Acesso em: 01/12/2025.↩︎

  9. François Mignet foi um historiador francês do século XIX especializado em Europa medieval e moderna. Nascido em Vendee, Mignet estudou história, filosofia e direito em Avignon, destacando-se em seus estudos. Após a graduação, trabalhou como professor, advogado, jornalista e arquivista antes de retornar à história. Publicou em 1824, História da Revolução Francesa, um de seus primeiros trabalhos. Disponível em: https://pt.alphahistory.com/frenchrevolution/historian-francois-mignet/. Acesso em: 01/12/2025.↩︎

  10. Eugène de Mirecourt Salvandy (1812-1880) foi um escritor francês. Disponível em: https://www.librairie-koegui.fr/categories/histoire/salvandy.html. Acesso em: 01/12/2025.↩︎

  11. Frédéric-Alfred-Pierre, conde de Falloux (11/05/1811-6/01/1886) foi uma figura política francesa e monarquista que desempenhou várias funções políticas. Foi ministro da educação da Segunda República é mais lembrado como o patrocinador da importante legislação educacional conhecida como Lei Falloux de 1850 (concedeu status legal às escolas secundárias independentes na França. Um de seus principais idealizadores foi o bispo católico romano Félix -Antoine-Philibert Dupanloup (1802-1878). Sob o pretexto de liberdade de ensino, restaurou grande parte da influência tradicional da Igreja). Em 1840, Falloux escreveu uma biografia de Luís XVI, seguida por Histoire de Saint Pie V (1844), Madame Swetchine (1860) e Mémoires d’un royaliste (1888). Foi eleito para a Académie Française em 1856. Disponível em: https://www.britannica.com/biography/Frederic-Alfred-Pierre-comte-de-Falloux e https://www.britannica.com/topic/Falloux-Law. Acesso em: 01/12/2025.↩︎

  12. Conde Charles Forbes René Montalembert (1810-1870)↩︎

  13. Jacques-Victor-Albert de Broglie (28º Primeiro-Ministro da França), que serviu duas vezes como chefe de governo durante os primeiros anos da Terceira República Francesa. Ele nasceu em 13 de junho de 1821 e faleceu em 19 de janeiro de 1901 e foi casado com Joséphine-Éléonore-Marie-Pauline de Galard de Brassac de Béarn (1825–1860), Princesa de Broglie. Após uma breve carreira diplomática em Madri e Roma, Broglie retirou-se da vida pública com a Revolução de 1848. Foi também um homem de letras, publicando uma tradução do sistema religioso de Leibniz (1846), colaborador com a Revue des Deux Mondes e com o órgão orleanista e clerical Le Correspondant. Foi eleito para a Académie Française em 1862. Disponível em: https://www.britannica.com/biography/Albert-4e-duc-de-Broglie. Acesso em: 01/12/2025.↩︎

  14. Félicité Lamennais (19/06/1782 – 27/02/1854) foi um padre, filósofo e escritor político francês que tentou conciliar o liberalismo político com o catolicismo romano após a Revolução Francesa. Disponível em: https://www.britannica.com/biography/Felicite-Lamennais. Acesso em: 01/12/2025.↩︎

  15. Émile Littré foi médico, filósofo, político, tradutor e filósofo francês. Dedicou sua vida a adquirir e transmitir conhecimentos em diversos campos do saber. A ideia do dicionário surgiu em 1841, quando Littré e Louis Hachette entram em acordo para a escrever a obra. Os primeiros impressos vieram a público somente em 1863. A obra-prima do lexicógrafo francês tem 4 volumes e um total de 2.628 páginas. Disponível em: https://frontpress.com.br/noticia/feira-traz-hoje-obra-sobre-trajetoria-de-mile-littre. Acesso em: 01/12/2025.↩︎

  16. Elisabeth Charlotte Pauline Guizot (nascida de Meulan) (1773-1827), historiadora e escritora; esposa de François Pierre Guillaume Guizot. Disponível em: https://www.npg.org.uk/collections/search/person/mp63479/elisabeth-charlotte-pauline-guizot-nee-de-meulan. Acesso em: 01/12/2025.↩︎

  17. Joséphine-Éléonore-Marie-Pauline de Galard de Brassac de Béarn (1825–1860), Princesa de Broglie pelo seu casamento com Jacques-Victor-Albert de Broglie (28º Primeiro-Ministro da França). Pauline era uma mulher inteligente e religiosa, culta e autora de diversos textos ao longo da vida. Sua vida foi interrompida pela tuberculose aos 35 anos. Disponível em: https://www.knuppgallery.com/post/amazing-story-of-princess-de-broglie-painting-by-jean-auguste-dominique-ingres. Acesso em: 01/12/2025.↩︎

  18. Sophie Ulliac-Trémadeure (1794-1862). Sophie nasceu em Lorient (Morbihan) em 1794. Era filha de Henry Louis Amand Fidèle Ulliac, um engenheiro militar, e Marie Rosalie Théodose Guyadet. Quando criança, mudou-se frequentemente para acompanhar o pai militar. Em 1799, deixou Lorient rumo a Paris. Onze anos depois, a família se estabeleceu em Kassel, na Alemanha. Após um início próspero, seu pai foi feito prisioneiro, e Sophie e sua mãe foram obrigadas a retornar à França. Isso marcou o início de vários anos de dificuldades financeiras.

    Por conselho de Alexandre Duval, dramaturgo e amigo de seu pai, iniciou sua carreira literária como tradutora de romances alemães (Auguste Lafontaine, Campe e J.-G. Müller). Nutrindo preconceitos contra escritoras, usou vários pseudônimos, como Dudrézène ou S. U. Trémadeure (nome de um tio materno), e preferiu o anonimato. Em 1833, graças a Le Petit Bossu ou la Famille du sabotier (O Pequeno Corcunda ou a Família do Tamanco) e L’Histoire de Jean-Marie (A História de Jean-Marie), ela ganhou dois prêmios no concurso organizado pela Sociedade para a Educação Elementar. Também recebeu o Prêmio Montyon da Academia Francesa por Le Petit Bossu. Inicialmente moralista, tornou-se gradualmente educadora, focando-se na educação e emancipação das mulheres. De 1816 a 1861, publicou cerca de cinquenta obras, algumas das quais em vários volumes.

    Sophie também participou ativamente do desenvolvimento de revistas femininas. Contribuiu inicialmente para Le Breton e Le Lycée Armoricain, depois colaborou com Le Journal des femmes e Le Conseiller des femme. Por fim, atuou como editora de Le Journal des Jeunes Personnes.

    Sophie morreu em Paris em 1862, deixando como legado sua autobiografia, Souvenirs d’une vieille femme (Memórias de uma Velha), publicada no ano anterior. Disponível em: https://data.bnf.fr/fr/see_all_activities/13092231/page1 e https://nouvellesbranches.fr/sophie_ulliac_tremadeure/. Acesso em: 01/12/2025.↩︎

  19. Bartolomeo Borghesi (11/07/1781-16/04/1860), historiador um dos fundadores da numismática moderna. Borghesi passou uma parte considerável de sua vida em San Marino, onde faleceu em 1860. Borghesi, conhecido popularmente como “Bartolino”, herdou de seu pai o amor pela numismática antiga e pela epigrafia. Sua primeira publicação, aos cinco anos de idade, foi uma gravura de uma medalha que ele desenhou e dedicou aos dois cardeais originários de Rimini, na região da Romanha, no norte da Itália. Aos onze anos, com a reconhecida ajuda de seu pai, escreveu um relato sobre uma medalha de bronze ravegnana do imperador Heráclio. Os estudos em Roma, durante os invernos de 1801-2 e 1802-3, encaminharam-no para sua carreira acadêmica. Na Biblioteca Vaticana, conheceu o erudito grego Girolamo Amati (1768-1834) e o epigrafista, arqueólogo e diplomata Luigi Gaetano Marini (1742-1815), que instruíram Borghesi em epigrafia e diplomática (a análise crítica de documentos históricos). Entre 1803 e 1804, transcreveu pergaminhos medievais de Cesena, Rimini e Ravena, demonstrando seu interesse pela cronologia histórica, que norteou seu trabalho numismático e epigráfico. Em 1819, ele organizou a coleção numismática do Vaticano. Sua grande obra foram os dois volumes de Nuovi Frammenti dei Fasti Consulari Capitolini (Milão: 1818-20), que forneceram a base definitiva para a cronologia da história romana e abrangeram toda a Itália. Suas contribuições para periódicos arqueológicos consolidaram sua reputação como numismata e antiquário. Napoleão III encomendou a edição completa de suas obras em 10 volumes (1862-97). A coleção de fragmentos originalmente continha 1537 páginas. Disponível em: https://economy-finance.ec.europa.eu/euro/euro-coins-and-notes/euro-coins/commemorative-coins/bartolomeo-borghesi_en e https://dbcs.rutgers.edu/all-scholars/borghesi-bartolomeo-2. Acesso em: 01/12/2025.↩︎

  20. “Escrita produzida diretamente pelo Espírito, sem qualquer intermediário. Difere da Psicografia, pois esta é a transmissão do pensamento do Espírito por meio da escrita manual do médium. Inserimos esses dois vocábulos no Vocabulário Espírita, no início da nossa Instrução Prática, com a indicação da sua diferença etimológica. Psicografia, do grego, psykhê = borboleta, alma, e graphô = eu escrevo; Pneumatografia, de pneuma = ar, sopro, vento, Espírito”. KARDEC, Allan. Pneumatografia ou escrita direta. Revista espírita. Jornal de estudos psicológicos. Agosto, 1859. Disponível em: https://kardecpedia.com/roteiro-de-estudos/893/revista-espirita-jornal-de-estudos-psicologicos-1859/4566/agosto/pneumatografia-ou-escrita-direta. Acesso em: 02/12/2025.↩︎

  21. François de Salignac de La Mothe Fénelon (1651 – 1715) foi um arcebispo católico, teólogo, poeta e escritor francês, que se tornou notório pela obra As aventuras de Telêmaco, publicada no ano de 1699. Nascido em família nobre, Fénelon foi logo direcionado para a carreira eclesiástica, em que ocupou diversas posições no decorrer de sua vida. Seus escritos tinham, na maioria das vezes, um motivo pedagógico, fosse no tocante à educação moral de crianças para a vida, fosse na conduta dos adultos, ou educação religiosa de pessoas de todas as idades. Suas obras podem ser consideradas referências para educadores da idade moderna. Oeuvres choisies de Fénelon. Disponível em: https://bibdig.biblioteca.unesp.br/items/f187a4f5-92b5-4bb0-bd08-a6c5433af2b7. Acesso em: 01/12/2025.↩︎

  22. Jacques-Bénigne Bossuet, conhecido como Jacques Bossuet (1627 - 1704) era filho de uma família de magistrados e foi educado no colégio de jesuítas de Dijon. Bispo e teólogo francês, foi um dos maiores teóricos do absolutismo, uma das personalidades mais influentes em assuntos religiosos, políticos e culturais da França na segunda metade do século XVII. Foi considerado o maior de todos os oradores sacros. Foi um dos grandes vultos do Classicismo francês. Disponível em: https://www.ebiografia.com/jacques_bossuet/. Acesso em: 01/12/2025.↩︎

  23. Refutação completa do materialismo em geral e em particular, das doutrinas de Büchner, de Malcsoth e da moral independente por meio de considerações de ordem mora, de ordem física e de filosofia racional. Essa obra é uma daquelas que os espíritas lerão com proveito, não para se convencerem, mas para nelas haurirem novos argumentos à discussão. O autor é dos que aditem o progresso indefinido da alma através da Animalidade, da Humanidade e além da Humanidade. (Revista Espírita, abril de 1869.)↩︎

  24. Apolônio de Tiana, filósofo contemporâneo de Jesus, era evidentemente dotado de certas faculdades psíquicas e mediúnicas, com o auxílio das quais operava efeitos que eram então considerados milagres, mas que a imaginação amplificou até delas fazer lendas. Entre outras coisas, atribuíram-lhe o dom de curar, a presciência, a visão a distância, o poder de ler pensamentos, de expulsar demônios, de se transportar instantaneamente de um lugar a outro, etc. ele era muito instruído de maneiras austeras e ensinava a sabedoria. Tinha numerosos discípulos e não deixou nenhum escrito.↩︎

  25. O desenvolvimento que tomam as comunicações espíritas colocam-nos na impossibilidade material de inserir todas na Revista. Para abarcar o quadro inteiro, fora necessário dar-lhe uma extensão tal que deixaria o preço fora do alcance de muita gente. Há, pois, necessidade de encontrar um meio de fornecê-la nas melhores condições para todos. Os inconvenientes que acabamos de assinalar se nos afiguram completamente contornados pela publicação central e coletiva que os Srs. Didier & Cia. vão empreender sob o título de Bibliothèque du monde invisible. Compreenderá uma série de volumes de grande formato (...) ao preço uniforme de dois francos. Cada volume terá seu número de ordem, mas será vendido separadamente, de sorte que os interessados terão liberdade de adquirir os que lhes convierem, sem a obrigação de pagar pelos que lhes não interessam. Essa coleção, que não tem limites fixos, oferecerá meios de publicar, nas melhores condições possíveis, os trabalhos mediúnicos obtidos nos diversos centros, com a vantagem de uma publicidade muito ampla, por meio dos correspondentes. O que essa casa não faria por meio de brochuras isoladas, ela fará por meio de uma coleção que pode adquirir grande importância.

    Nessa coleção os editores não se propõem publicar tudo quanto lhes seja enviado. Ao contrário, reservam-se expressamente o direito de uma escolha rigorosa. Os volumes publicados à custa dos respectivos autores poderão entrar na coleção, se forem aceitos e estiverem nas condições de formato e preço.↩︎

  26. Channing, pastor protestante da seita dos unitaristas nos Estados Unidos, morto em 1860. Homem de bem, superior em todos os aspectos. Sua filosofia moral é a do mais puro Espiritismo.↩︎

  27. A primeira edição dessa obra apareceu em 1848, a nova, mais completa, é de 1863. O autor trata a questão sob o ponto de vista católico; procura dar aos dogmas uma interpretação racional com a ajuda da pré-existência do corpo fluídico, do progresso indefinido, da não eternidade das penas, etc. Seu livro foi posto em Índex. Nessa nova edição faz apelo a um clero mais bem informado e ao futuro Concílio, no interesse do Catolicismo. Ao emitir certas ideias, o autor se antecipa ao Espiritismo, embora dele se afaste em outros pontos.↩︎

  28. Saint Martin foi o fundador da seita dos teósofos, que teve certa ressonância no fim do século passado e cujas crenças estavam baseadas na possibilidade das relações entre o mundo visível e o mundo invisível. Entre seus adeptos contavam-se homens distintos por sua inteligência, mas que em geral mantinham secreta a sua doutrina↩︎

  29. Essa obra é mais sobre a vida de Swedenborg do que uma exposição de sua doutrina. Swedenborg era um médium natural, extático, vidente e audiente; escreveu o que viu e ouviu e, como vivia só, não pôde controlar suas observações com outros testemunhos, donde se segue que sua doutrina e fundada sobre as impressões de uma só individualidade. O Espiritismo, ao contrário, é resultado de observações concordantes feitas com o concurso de milhares de médiuns em diversos países, o que permitiu estudar o mundo invisível em todas as suas fases, abstração das ideias e crenças individuais. Apesar das diferenças existentes em alguns pontos, entre as duas doutrinas, Swedenborg não deixa de ser um dos mais emitentes precursores do Espiritismo, tanto por seus trabalhos quanto por suas qualidades pessoais.↩︎

  30. Segundo Kardec, seria o espírito que coordenaria a elaboração do Espiritismo. Uma corrente, provavelmente predominante no meio espírita, considera que seria Jesus.↩︎

  31. Um fato que chamou a atenção quanto às notícias elogiosas em relação à Pierre Didier, publicadas na imprensa leiga anunciando o seu falecimento, é que nenhuma delas destacou seu trabalho de impressão das obras espíritas/espiritualistas. Todas destacaram apenas o seu importante trabalho como editor de grandes obras e de grandes escritores da França no século XIX.↩︎